Capítulo 92

524 65 0
                                    

Fui para sua casa, onde era o lugar que eu poderia cuidar do seu ferimento. O coloquei sentado na cama e procurei alguma coisa na sua gaveta para limpar aquilo e fazer o sangue parar, minhas mãos voavam pelo monte de roupas que nunca tinha visto antes e conseguir encontrar somente uma blusa grande sem mangas e que eu não tive pena de rasgar em dois pedaços e depois correndo para bacia com água. Dessa vez estava bem cheia e eu mergulhei os dois pedaços da blusa lá torcendo eles tirando quase toda a água depois me virando de frente pra ele. Hesitei duas vezes quando vi que ele havia tirado a capa e sua blusa, mas meus olhos foram para a cor vermelha que cobria toda sua mão e metade da sua barriga.
-tira a mão
Pedi me abaixando na sua frente olhando para seus olhos pedindo pra ele confiar em mim, estava sangrando demais. E quando ele tirou sua mão de lá eu entrei em pânico e tive vontade de gritar em desespero, era um corte muito grande e estava aberto demais me apavorando. Mas me mantive firme e tampei a respiração pelo cheiro de sangue muito forte. Eu tive que passar o pano lá três vezes e depois já estava encharcado de sangue me deixando mais nervosa ainda. Fui até a na bacia de novo e o molhei novamente e trouxe o outro junto comigo, me ajoelhei na sua frente e limpei novamente o corte profundo demais. E quando eu tive certeza que não ia parar de sangrar eu parei e entreguei o pano a ele me levantando de lá respirando fundo por está com a respiração presa todo esse tempo.
-tem...?
Parei porque eu não sabia oque poderia fazer aquilo parar, então eu fui até a coisa com portas de novo e procurei mais alguma coisa que poderia me ajudar. Também fiz isso para sair daquela situação porque eu precisava respirar um pouco e pensar no que usamos em ferimentos como aquele, o problema é que ele não deve ter!
-pega uma caixa que tem aí pra mim por favor
Ele apontava para uma pequena caixinha verde e branca na porta que eu tinha aberto procurando alguma coisa. Então eu a levei até ele e abri para tentar ajuda. E me sentei no chão perto dele olhando seus dedos vermelhos sujando a caixinha quando pegou um rolinho branco de lá e me entregou.
-abra e corte um pedaço pequeno, depois pega aquela fita branca
Obedeci pegando a tesoura e a fita que ele falou me sentindo mais calma com ele me orientando, depois eu comecei a abri o rolinho de atadura que estava protegido com um saco transparente e cortei o pedaço pequeno como ele pediu e coloquei na sua mão. Peguei a fita que tinha um lado macio e o outro grudento e cortei dois pedaços ajudando ele a pregar aquele pedaço de pano esquisito no seu ferimento mantendo ele seguro lá com a ajuda da fita.
Quando tudo acabou eu respirei fundo aliviada mesmo com o cheiro de sangue em minha volta, me levantei do chão e peguei os dois panos molhando eles novamente na bacia e torcendo, depois entreguei um a ele para limpar suas mãos e sua boca e eu limpei ao redo do seu ferimento tendo muito cuidando quase não tocando na sua pele. Quando terminei eu olhei pra ele que me entregou o pano sujo pedindo pra mim lava-lo de novo.
Fiz isso e entreguei a ele enquanto ia para a coisa com portas procurando uma muda de roupa.
-deixa que eu vejo isso
Falou se levantando de lá me deixando preocupada porque ele parecia muito fraco pra andar, mesmo assim eu fui para seu lado e ajudei chegar até lá sem muita dificuldade quando ele quase me empurrou para sair do seu lado. Achei isso como uma forma de pedi pra mim não me meter, então eu deixei ele procurando suas roupas e me sentei na mesinha depois de ter lavado meus braços e minhas mãos. Fiquei observando ele lá em pé me preocupando e me deixando inquieta.
Mas depois ele jogou em cima da cama uma manta branca junto com uma coisa vermelha que me fez pular da mesinha e ir na direção dela porque eu já sabia que era aquele vestido que eu adorava. O peguei de lá com cuidado para não molha-lo e coloquei a manta no meu ombro enquanto procurava minha mochila que encontrei do lado da mesinha encostada na parede pegando poeira, quase digo um oi pra ela porque parecia sorrir pra mim. Senti falta.
Tirei de dentro dela as partes íntimas e fui direto para o lugar que eu me trocava ansiosa para me sentir seca de novo. Primeiro tirei o vestido molhado e o joguei no chão me enxugando apressada demais e depois vesti o vestido vermelho junto com as partes íntimas e passei a manta branca por trás do meu pescoço fazendo uma capa para meu cabelo secar. Sai de lá pegando meu vestido molhado e colocando ele perto da mesinha para amanhã coloca-lo em um lugar que possa secar. Mas eu vou dormir aqui?
Um trovão lá fora me fez tirar essa conclusão na hora, não vou molhar esse vestido lindo nessa porcaria de chuva. É o mínimo que posso fazer por ele também. Vou ficar aqui para saber se ele vai ficar bem, ou estou usando isso como desculpa? Ele parece bem melhor, ainda está escolhendo sua blusa de costas pra mim parecendo concentrado de novo. Então eu virei meu rosto para outro lado me sentando na mesinha penteando meu cabelo com a escova, estavam molhados mas dava para deixa-los soltos nas minhas costas sem molhar meu vestido. Por isso deixei a manta do meu lado depois de ter dobrado ela em uma forma quadrada mesmo estando molhada.
-quero que me explique porque me esfaqueou e depois cuidou de mim
Pediu fechando as duas portas daquela coisa com força fazendo um barulho muito alto irritando meus ouvidos, mas quando eu analisei seu rosto, eu percebi que ele só estava sério e queria somente minha resposta que era meio difícil. Mas vou ser direta.
-eu... Meu pai pediu pra fazer aquilo com você, só que...
-só que oque? Você fez e ainda tá doendo muito, então eu não entendi a parte que você me ajudou
Agora ele tinha se sentado na cama distante de mim, eu podia ver que ele ainda sente muita dor porque se sentou meio duro ali. Mas eu percebi também, que ele está um pouco irritado comigo, mas ele tem motivos. Eu o machuquei muito mesmo, não sei porque isso não está me afetando como deveria.
-achei que pelo menos sentisse pena de mim
Falou unindo suas sombrancelhas e depois se encostou na parede esticando suas pernas sobre a cama pegando aquela coisinha macia e a abraçou como se tivesse fazendo isso de propósito pra mim sentir pena dele.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora