Capítulo 16

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Hoje completa dois dias que não o vejo em lugar nenhum. Eu estava me distraindo jogando pedrinhas dentro do rio vendo elas pularem sobre a água quicando duas vezes e depois afundando. Esperava as ondas se acalmarem para atirar a outra, e eu já estava fazendo isso à muito tempo tentando não me senti mal por está tão sozinha esses dois dias sem graça.
A chuva era fraca e eu usava a blusa que ele tinha me dado para não molhar o vestido vermelho. O vento também parecia está a favor de deixar esse dia pior ainda, ele sopra no meu rosto me deixando com frio mais do que estava. Esses malditos dias sem saber onde ele estava se tornam pior por não poder sair à procura dele, o meu limite é até onde esse rio dá. Eu queria poder ir na sua casa para saber se ele está lá.
Pensei nisso várias vezes e sempre desistia com medo do meu pai, eu também já rodei cada parte dessa floresta até onde podia ir e não o achava, eu não sei mais onde procura-lo por isso desisti e agora estou aqui jogando pedrinhas no rio. Mas isso é como um jeito de me deixar mesmo estressada, não sei por quanto tempo esse castigo vai durar. Não falei com meu pai desde daquele dia, não quero vê-lo ainda, prefiro deixar minha mágoa passar. Afinal de contas eu fui a culpada de alguma forma nisso tudo.
Decidi passar para o outro lado do rio onde o vi pela primeira vez, mas fiz isso contornando indo por baixo das árvores evitado contato direto com a chuva. Abracei meus braços de novo e fiquei encolhida no mesmo lugar que o vi naquele dia, era estranho está aqui sozinha sentindo uma atmosfera esquisita me transmitindo algo estranho dentro de mim. Fiquei tensa e não queria me mexer até isso parar, uma parte de mim pensou que poderia ser ele que está fazendo isso. Mas acho essa possibilidade quase impossível, afinal ele não aparece à muito tempo, porque agora?

Virei de costas e continuei andando de volta para o outro lado do rio, eu queria sair daqui porque estava sentindo falta dele e ficar aqui só piora. Mas eu pisei em alguma coisa estranha e quando olhei pra baixo, tinha algo branco e sujo por causa da lama da chuva embaixo do meu pé esquerdo. Fiquei olhando aquilo tentando identificar oque era, parecia um pedaço de pano...
Me abaixei e peguei aquilo com um dedo suspendendo na minha frente e eu conseguir ver que era um pedaço de roupa que está aqui à muito tempo por está enterrado na lama, mas...?
Deixei o pedaço de tecido cair no chão por pensar numa coisa horrível que poderia significar várias outras possibilidades ao mesmo tempo. Primeiro, no caso dessa roupa ser dele... Segundo, se for, porque está aqui?
O tecido parecia ter sido rasgado, mas quem...? Oque levou ele a rasgar sua roupa..?
Minha respiração acelerou e eu só conseguia pensar nele correndo perigo, ele pode ter sido atacado por algum animal, ou essa roupa pode ser de outra pessoa... Eu duvido muito que seja dele, nada se encaixa.
Olhei envolta de mim mesma e procurei algum outro pedaço no chão ou qualquer outra coisa que me dê outra pista do que aconteceu pra esse pedaço de roupa ter aparecido aqui do nada. Mas no meio da minha busca, eu avistei alguma coisa próximo de uma árvore bem na minha frente a dois metros de distância de mim. A coisa tinha formato de um pé e nesse exato momento eu não sabia mais oque pensar para não ser oque estou duvidando até agora. Em vez de ir até lá para descobri oque era, eu fiquei parada no mesmo lugar vendo aquilo ser puxado pra trás da árvore saindo do meu campo de vista me fazendo piscar três vezes recuperando os movimentos das pernas e forcei elas e se dirigirem naquela direção porque eu queria saber se é oque estou pensando.
Me aproximei de lá muito devagar e coloquei minha mão sobre a boca quando o vi jogado no tronco da árvore totalmente sujo e rasgado. Sua blusa tinha a parte que tinha sido rasgada como pensei, e ela deixava aparecer um ferimento horrível embaixo das suas costelas, um arranhão muito grande e sangrando. Subir os olhos até seu rosto e percebi o contorno da sua boca sujo de sangue já seco que escorria até seu pescoço. Ele me olhou uma vez e depois desviou os olhos para o lado encolhendo seus braços sobre sua barriga, noto que suas mãos estão com os dedos feridos nas pontas e as mangas da sua blusa estão sujas de terra e sangue que eu suspeitava que não era seu. Ele parecia ter sido atacado por alguma coisa selvagem que só queria machuca-lo.
Vê-lo desse jeito me deixou destruída por dentro e eu só conseguia pensar em ajuda-lo urgentemente.
Abri minha boca para tentar dizer alguma coisa mas minha voz não saiu. Eu só fiz fecha-lá de novo e cuidei de ajuda-lo me aproximando dele pegando sua mão com cuidado sem me importar em acabar me sujando de sangue também.
Conseguir fazer ele levantar mas ele se apoiou na árvore colocando sua mão sobre o ferimento na sua barriga se encolhendo com a dor que passou até por mim quando ele fez isso. Queria perguntar tantas coisas ao mesmo tempo que eu não conseguia organizar meus pensamentos e só conseguir me manter calada até onde for necessário.
Passei meu braço pela sua cintura e o puxei até ficar do meu lado, levantei sua mão colocando ela no meu ombro para ele me servi de apoio e conseguir andar até sua casa, onde eu planejo limpa-lo e ter uma conversa séria.
-vai me explicar tudo quando chegarmos lá
Disse começando a andar junto com ele, eu só não sabia se eu estava em um ritmo que não fazia ele senti tanta dor.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora