Capítulo 142

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Entrei no seu quarto ainda um pouco em choque morrendo de medo. Ouvi a porta sendo fechada com um pouco de força desnecessária, oque me deixou encolhida de costas pra ele e me abraçando tentando controlar a tremedeira. O quarto parecia ter uma energia pesada demais que puro ódio como se as paredes gritassem pra mim palavras feias que me machucavam. Sua mão fria envolveu a minha apertando de leve mas depois ficou mais forte quando ele me puxou para me virar de frente pra ele encarando seus olhos normais, mas seus ombros erguidos e tensos deixava bem claro que ele estava fazendo de tudo pra não gritar ou me esganar aqui mesmo. Eu preciso que ele veja aquela cena de outra forma e consiga entender oque realmente estava acontecendo.
-me diz, porque não consigo mais confiar em você?
Perguntou unindo as sombrancelhas com a expressão de dor e tristeza, eu abaixei os olhos me contorcendo por dentro sentido essa dor também. Mas se misturava com raiva, porque não estava acontecendo nada mesmo, ele não tem essa confiança em mim, porque simplesmente não quer ter!
-porque você não quer confiar em mim, simples... Você não quer acreditar em mim quando digo que não aconteceu nada, quando digo que nunca vai acontecer, e tenho certeza que não está acreditado em mim nesse momento
Falava entre os dentes lutando para manter minha voz normal em cada palavra que dizia. Sair da sua frente e mordi meus lábios para segurar um choro esquisito que não tinha nem sido provocado por nada. Cruzei os braços e respirei fundo mantendo as lágrimas nas minhas pálpebras, olhava pela janela esperando sua resposta pra tudo isso.
-acreditaria se parasse de ver aquele garoto no seu quarto
Pegou meu braço de novo me virando de frente pra ele. Eu permaneci com os olhos na sua blusa e ainda com os braços cruzados mesmo depois dele ter me puxado desse jeito. Não quero ter que discutir com ele sobre isso de novo. Não acredita na sua filha mesmo.
-sua mãe... Pensou em uma coisa que poderia fazer bem à você
Disse como se fosse uma coisa muito complicada que estaria por vir. Passou as duas mãos no cabelo e se virou de costas pra mim andando até se apoiar na mesinha do lado da cama. Respirou fundo e olhou pra mim me lançando um olhar penetrante que me fez arregalar os olhos porque via problema nisso.
-ela disse que queria colocar você em uma escola
...
-quê...?
Engasguei colocando uma mão na boca me mostrando surpresa porque no fundo isso era a coisa mais engraçada que eu já tinha ouvido. Então comecei a dar gargalhadas altas o suficiente pra ele saber que isso pra mim soava como se fosse loucura. Eu? Numa escola de humanos? Aquela mulher tem problemas? Pera... Ele concordou com isso?
-você disse não, não é...?
Parei de rir desfazendo meu sorriso no momento que percebi que ele estava sério demais se virando de costas para a mesinha e ficando apoiado lá esperando alguma coisa. Mas acho que era meu surto que eu estava tendo agora, primeiro a raiva depois o ódio porque eu não podia acreditar que isso era sério mesmo. Eu não sabia se enlouquecia de vez ou se implorava pra ele não concordar com isso. Mas escolhi oque eu mais achei apropriado pra ele entender o quanto eu estava brava.
-pai você tá louco!? Oque acha que eu vou fazer numa escola idiota cheias de humanos!!?
Estava gritando fazendo gestos com as minhas mãos jogando elas no ar na direção dele apontando para sua ideia idiota. Dei um passo na sua direção para ficar mais perto dele para ele ver meu estado com mais clareza porque parece que não está entendendo meu lado.
-veja isso como um castigo, pelo menos vou saber onde você está durante seis horas e meia do dia
Engoli uma palavra feia que o ofenderia de uma forma que ele entenderia como falta de respeito. Mas nesse momento, eu só conseguia pensar em um jeito de sair dessa situação o mais rápido possível antes que ele resolva fazer mesmo isso comigo. Coloquei minha mão na cabeça puxando meu cabelo em uma tentativa de aliviar minha raiva. Mas não conseguia...
-eu não tô acreditando que vai fazer isso comigo!
Gritei soltando o ar pela boca no final respirando pesado com as mãos fechadas dos lados do meu corpo. Andei na sua direção e fiquei bem na sua frente tentando ver a verdadeira causa de tudo isso nos seus olhos.
-porque tá fazendo isso comigo...!? Oque você quer? Ver sua filha na merda?! Me mandar pra um inferno sem menos ter tido uma razão pra isso...? Não sei oque vocês dois querem fazer comigo... Mas eu não vou aceitar isso porque não sou humana!!
Agora eu estava muito brava com ele, gritando bem na frente da sua cara. Mas é claro que ele não tolerou isso e me deu mais um de seus tapas que serviam pra mim ter noção do que acabei de fazer e me deixar magoada e com ódio, esse foi forte o suficiente pra mim ter mordido minha boca por dentro e me fazer dá dois passos para o lado me apoiando na parede. Primeiro de tudo, eu sentia a dor na minha bochecha, e depois uma tristeza estúpida que me fez chorar soluçando alto tampando meu rosto e massageando-o ao mesmo tempo.
-me desculpe...
Pediu com a voz falhando realmente arrependido porque sentia isso. Mas eu me afastei ainda chorando quando ele se aproximou de mim, fiquei na sua frente passando a mão nos olhos prendendo meu choro na garganta e depois o encarando de forma que ele entendesse que agora isso me magoou de verdade. Passei do seu lado puxando meu braço com força quando ele tentou me fazer parar, fui até a sala me jogando no sofá abraçando uma almofada contra meu peito chorando alto e com uma dor insuportável que eu não gostava de sentir.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora