Sair pela rua ainda mal movimentada pelo horário do dia. Eu me preocupava com oque aconteceu ontem. Tinha medo de ser pega por polícias de novo, uma garota com uma ficha criminal numa escola. Será que isso é o bastante pra nenhuma escola me aceitar? Se alguém me pegar, é claro que vou ficar com uma ficha dessas nos meus documentos que eu não entendo muito bem. Não tenho nem identidade, como ela conseguiu me por numa escola?
Balcancei minha cabeça e brinquei com a pequena faca de serra que trouxe comigo por questão de... Segurança mesmo. Com um pouco de medo de ser capturada por mais um doente daqueles. Eu a escondia no bolso da minha blusa de frio que usava para cobri meu rosto com o capuz. E por questão de segundos eu comecei a sentir alguém me observando, foi o suficiente pra mim ficar desesperada pensando logo que poderia ser polícias... Porque eu ainda ando por aí como se fosse alguém normal nessa cidade?
Apertei a faquinha e tranquei minha mandíbula ouvindo passos atrás de mim, eram quase silenciosos mas estavam rápidos. E quando chegaram perto, algo pegou no meu ombro e eu entrei em pânico seguindo um instinto que surgiu em mim automaticamente. Eu tirei a faca do bolso e me virei rápido mas não dei o golpe porque... Era alguém que eu acho que conhecia. Estava diferente usando roupas que desse vez não estavam rasgadas, até parecia gente usando uma blusa branca com um tipo de colete preto, como quase todas as vezes que o vi, estava com aquele laço vermelho no pescoço que combinava estranhamente com esse tipo de roupa.
Respiro fundo me acalmando e guardei a faca de novo olhando envolta vendo se alguém não tinha visto essa cena. Mas ninguém estava por perto, então eu olhei pra ele uma vez e depois continuei andando sem rumo.
-sabia que não é.. Bom andar por aí?
Levantei uma sobrancelha olhando pra ele colocando as mãos nos bolsos da blusa, sua pergunta me deixou confusa mas eu já sabia disso... Suspeito de que estamos falando de coisa diferentes.
-eu sei que não é bom mas eu tô procurando alguém
Falei olhando envolta de novo, estava ficando nervosa porque não queria sua companhia agora. Alguma coisa me dizia que eu não queria encontrar jass com ele aqui do meu lado me acompanhando sem motivo. Suspirei ficando com o olhar perdido encarando o nada enquanto andava automaticamente ignorando-o. Péssima hora para uma dor de cabeça que me pegou de surpresa me obrigando a fechar os olhos e parar me encostando no muro de uma loja, eu sabia oque ia acontecer se eu não sair daqui o mais rápido possível. Minhas mãos estão tremendo e minha vista parecia uma câmera escurecendo e aumentando o brilho, olhei pra ele que estava dizendo alguma coisa, eu só via sua boca se mexer porque não escutava nada. Como se eu não falasse o mesmo idioma.
Está com raiva dele não é?
Oque insinua?
Eu sei que não trouxe essa faca inútil só para se proteger.
Coloquei minha mão na testa como se fosse adiantar alguma coisa. Eu percebi que ele me olhava como se estivesse tentando me ajudar colocando sua mão no meu ombro e depois levantando meu rosto. Na hora que eu o olhei eu apertei a faca na minha mão e a tirei de lá segurando ela bem firme lutando para manter meu braço imóvel, mas cada segundo aqui o encarando isso só piora. Tirei sua mão do meu rosto e ignorei seu olhar preocupado andando de volta para casa dando meia volta na calçada. Cambaleando e me apoiando no muro todo o tempo, teve uma hora que não aguentei e ela gritou na minha cabeça me causando uma dor horrível que me fez gemer e me ajoelhar no chão. Me encostando na parede e me ferindo com a faca na minha mão.
-Louise?
Chamou e eu pude ouvir dessa vez, eu dei um tapa na sua mão quando ele tentou tocar em mim de novo. A minha mão que segurava a faca, estava sangrando muito, foi aí que aquela visão e aquela cor me vez perder as forças porque ela parecia mais forte do que eu nesse momento. Isso se virou contra ele quando eu o puxei pelo braço levando-o até um beco onde o joguei contra a grade de arames que tinha lá separando as duas construções. Eu avancei nele largando a faca inútil tentando agarrar seu pescoço mas ele chutou minha barriga com força o suficiente para ter me jogado nas latas de lixo. Eu me abaixei lá percebendo que isso poderia chamar atenção humana, mas não queria desisti agora que comecei. Mas eu não quis nem me levantar porque precisava de tempo para a dor nas minhas costas parar, eu o encarei e percebi que seus olhos haviam mudado também. Minha vista novamente se escureceu e eu me levantei de lá rápido indo de novo na sua direção chutando sua perna direita fazendo ele cair no chão me dando a chance de me por em cima dele usando meus joelhos para prende-lo no chão. Eu lutava com seus braços e suas pernas fazendo de tudo para chegar até um ponto que poderia morder e fazer ele morrer de uma vez. Oque eu não esperava era ter levado um soco que me fez morder língua cuspindo sangue na hora saindo de cima dele. Fiquei no chão limpando minha boca e depois mostrei meus dentes à ele morrendo de ódio e vontade de quebrar seus ossos, ele se encostou na grade segurando o arame com força se afastando de mim.
-não quero te machucar...
-*****
Corri na direção dele de novo mas ele me segurou pelos braços me impedindo de chegar até seu pescoço no último segundo. Senti uma dor na minha barriga que me deixou sem ar, não sabia se tinha sido um chute ou uma ajoelhada, mas eu cair no chão de joelhos. Tossi ainda cuspindo o sangue que saia da minha boca por ter mordido a língua, ele soltou meus braços e me deixou de joelhos aqui se afastando de novo. Essa dor me trouxe de volta e mais uma vez ela deixou a dor de cabeça forte por ter desistido. Olhei pra ele piscando algumas vezes mas ele ainda se afastava andando de costas e depois se virando de frente para a parede de arames pulando por cima dela sem me dizer uma palavra. Eu podia jurar que tive vontade de pedi desculpas porque a culpa não era minha, mas eu permaneci calada vendo ele indo embora.
Algo estava me observando ainda, tinha alguém na entrada do beco. Um menino que parecia ser bem mais novo do que eu, segurava um celular na mão direita olhando pra mim muito sério e pálido. Me virei de frente pra ele me levantando apoiando o braço na lata de lixo. Eu o encarei da mesma forma fazendo ele se afastar dois passos, podia sentir seu medo me alimentando. Eu podia até sentir que ele gritaria se eu não acabasse com ele aqui mesmo, poderia ligar pra polícia...
Então eu corri até ele pegando-o pelo braço sem dificuldade porque ele congelou de medo mas ainda sim gritando antes que eu pudesse tampar sua boca. O levei pra trás da lata lixo para cobri nossos corpos para ninguém ver isso, ele estava desesperado mas não se mexia em cima de mim apertando meu braço que estava envolvendo seu pescoço.
-solta isso
Pedi com a voz rouca bem perto do seu ouvido, ele obedeceu com as mãos tremendo deixando o celular cair no chão. Eu primeiro olhei para a entrada do beco de novo, vi uma pessoa passar tranquilamente do outro lado da rua e depois voltei a minha posição passando minha perna direita por cima do corpo do garoto para fazer ele parar de se contorcer. Me aproximei do seu pescoço e hesitei uma vez antes de morder com força apertando sua pele com meus dentes da frente primeiro, até sentir seu sangue entrando na minha boca e descendo pela minha garganta. Eu parei só quando ele estava duro em cima de mim deixando seus braços caírem do lado do meu corpo. Apertei minha mandíbula contra sua pele mais uma vez e o soltei respirando fundo recuperando meus sentidos e principalmente meu paladar, aquele gosto que dessa vez não me fez vomitar. Engoli minha saliva quando ela estava enchendo minha boca a ponto de fazer cuspir, engoli mais uma vez e limpei minha boca.

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Uma garota sozinha na floresta
FantasíaEu não tenho nome e nem sei direito oque sou. Eu tenho a forma de um ser humano, mas meu pai diz que não sou um. Meu "pai" porque ele quem cuida de mim. Eu quase não tenho muito contato com ele, vivo quase sempre sozinha andando pela floresta tentan...