capítulo 71

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DAMON

É como se o mundo todo resolvesse cair em cima de mim de uma vez só, uma avalanche de emoções e arrependimentos que não consigo conter. Cada passo que dou é como se eu estivesse carregando o peso de um elefante nas costas. É surreal como tudo isso pode me atingir tão de repente, me deixando tão perdido e confuso.

Aquela máscara de indiferença e frieza que eu costumava usar está desmoronando diante dos meus olhos, revelando a vulnerabilidade de um homem quebrado. Eu não posso mais ignorar as memórias dolorosas da minha infância, nem as terríveis ações que cometi. Elas estão lá, bem na minha frente, exigindo que eu enfrente o meu passado de uma vez por todas.

Minha mãe... Ah, como ela se tornou um fantasma assombroso na minha vida. Suas mãos cruéis e seu olhar gélido ainda me perseguem, trazendo à tona todas as cicatrizes emocionais que eu tentei esconder durante tanto tempo. Aqueles abusos, aquelas noites sombrias que eu preferia esquecer, agora são como uma ferida aberta, latejando de dor e remorso.

Winter... Ela foi minha luz em meio à escuridão. Quando éramos crianças, sofremos um terrível acidente, caindo de uma casa na árvore, e Winter perdeu a visão. Foi um golpe devastador para ambos, mas eu não soube lidar com isso da forma correta. Em vez de ser um amigo e apoiá-la, acabei fazendo bullying com ela, uma forma doentia de demonstrar meu amor. Ela fugiu, deixando para trás uma dor profunda em meu coração.

E então tem Will... Meu melhor amigo, a pessoa que eu traí de forma tão cruel. Eu o afoguei na escuridão do oceano, deixando-o lutar pela vida enquanto eu apenas observava. Como pude ser tão cego? Como pude deixar o ódio e a amargura consumirem tudo o que tínhamos? Agora, as palavras de Will ecoam na minha mente, me culpando pelo destino da minha própria irmã.

E Serena... A mulher que eu abusei emocionalmente, que eu aprisionei em um relacionamento doentio. Eu a machuquei de todas as formas possíveis, manipulando-a e controlando-a como se ela fosse minha propriedade. Ela me enxerga como o monstro que eu sou, e não posso culpá-la por isso. Eu me tornei aquilo que eu mais temia, um reflexo do meu pai.

A dor é avassaladora. É como se eu estivesse sendo esmagado por todas as minhas escolhas erradas, todos os meus erros passados. Eu me sinto sufocado, preso em uma teia de autodestruição que eu mesmo criei. A solidão é minha única companheira, pois eu afastei todos que um dia me importei. Agora, estou enfrentando as consequências das minhas ações, sem ninguém para me apoiar.

A verdade é que eu sempre fugi do meu próprio passado, me recusando a encarar a pessoa que eu me tornei. Mas agora parece que tudo veio com tudo. Eu estou confuso e não gosto disso não gosto de estar confuso. Principalmente com as palavras dela.

Como ela pode querer me compreender? Se ninguém teve estômago para sequer ouvir. Ela foi tão hipócrita.

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SERENA

No começo eu estava apenas caminhando, depois andei rápido e então estava correndo, por que aliviada com isso? Porque eu me sinto mais leve!?

  Chego ao prédio que moro, subo até minha casa e abro a porta, quando entro coloco as mãos no rosto. Eu consegui? Eu realmente consegui!

— Will!? Will?! — Grito.

    Ele aparece correndo e preocupado.

— O que? O que houve?

    Eu posso sorrir. Não sei o que sentir, mas nossa. Meus olhos estão vazando e não consigo parar de sorrir.

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