capítulo 88

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Terceira pessoa

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Damon sentia-se preso em um turbilhão de emoções conflitantes. Enquanto sua mente se consumia pela preocupação constante com Serena, sua relação com Winter também se tornava cada vez mais tensa. De uma hora para outra Winter estava devota a dar-lhe amor. Ele sabia que Winter estava buscando seu afeto, mas a intensidade de sua dedicação a Serena o impedia de retribuir o mesmo sentimento. A cada visita ao quarto de Serena, ela envolta a tantos cabos e tubos. Era desesperador ver ela assim. Ela estava morrendo e ele estava sentindo isso como se fosse a coisa mais mortal para ele.

Sua alma estava aprisionada em um dilema doloroso, onde segurar a ponta da Serena significava deixar escapar a da Winter. Para Damon, ele sempre quis o afeto, ele queria ser amado e amar. Queria ser compreendido. E mesmo que Winter estivesse apaixonada por ele. Ele estava a um passo de se entregar aos sentimentos pesados no peito por Serena.

Escolhe entre o amor da vida dele e uma emoção que ele nunca conheceu? Ele não sabia. Mas estava desesperado para agarra a linha fina da emoção desconhecida. Porque doía tanto mas ao mesmo tempo ele se via na obrigação de estar ali. Ver se ela estava respirando, se ela acordaria. Era como uma religião diligente. Uma preocupação que ele jamais sentiu.

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Os dias se arrastavam no hospital, onde Damon passava horas ao lado de Serena, mesmo que ela permanecesse em coma profundo. Ele observava seu corpo frágil e pálido, conectado a uma infinidade de tubos e máquinas que mantinham sua existência à beira de um precipício. A angústia e a culpa devoravam sua mente, pois ele se considerava responsável por colocar Serena nessa condição.

O sumiço do Will só somou tudo. Damon estava sem âncora. Sem porra nenhuma a que se segurar. Então ele se agarrou a Serena. Ela estava em coma. Estava sozinha também, mas isso mudaria assim que ela abrisse os olhos. Por que ela sempre atrai tudo. Bom ou ruim.

Enquanto enfrentava seu próprio tormento, Damon também lidava com a presença insensível de Winter. Ela parecia ter se transformado em uma figura hipócrita, capaz de proferir palavras cruéis e insensíveis sem se importar com as consequências. Damon ouvia suas acusações, como facas afiadas penetrando em sua já ferida alma.

— Acha que quando ela acordar ela vai querer você? Acorde, Damon, você acabou com a vida dela.—  Essas palavras ecoavam em sua mente, deixando um rastro de dor e dúvida.

— Eu sei o que fiz não preciso que você me diga isso. — Mas ele não deixou passar — já te liberei me deixa em paz porra!

A raiva fervia dentro de Damon, uma mistura de frustração consigo mesmo e ressentimento em relação a Winter. Ele se via preso em um ciclo vicioso de culpa e autopunição. Seus sentimentos por Serena estavam entrelaçados com a sensação de ter falhado com ela, de ter permitido que a escuridão o dominasse a ponto de colocar a vida dela em perigo. Essa dor o consumia, obscurecendo sua visão em relação a qualquer outra pessoa ao seu redor.

Enquanto Damon se afundava cada vez mais em sua obsessão por Serena, Winter se desesperava por sua atenção. Ela ansiava por sentir a devoção que Damon outrora lhe dedicava, mas agora se via relegada ao segundo plano. O ciúme e a frustração a consumiam, e ela começava a agir de forma egoísta e manipuladora, tentando chamar a atenção de Damon de qualquer maneira possível.

    Quando se perde algo que tem na ponta dos dedos. É desesperador. E Winter estava passando por isso.

   No entanto, Damon estava tão envolto em sua própria dor e culpa que mal percebia a angústia de Winter. Sua mente estava obcecada em encontrar uma solução para despertar Serena do coma, mesmo que isso significasse sacrificar qualquer outra conexão emocional em sua vida. Mesmo que fosse o amor da sua vida. Ele não queria perder o que era algo intenso e que doía tanto. Mas era viciante. E era por Serena.

Ele não se permitia abrir espaço para a possibilidade de amar novamente, nem mesmo para Winter, que estava ali ao seu lado, oferecendo-se com o corpo e alma dela.

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Os dias se transformavam em semanas, e a situação de Serena permanecia inalterada. Damon continuava a visitá-la no hospital, esperando um milagre que pudesse trazer sua amada de volta à vida. Ele sentia a linha tênue entre Serena e Winter, mas sua força de vontade o mantinha firmemente agarrado à ponta de Serena, enquanto Winter desesperadamente tentava se segurar.

   Enquanto isso, no fundo de seu coração, Damon sabia que sua obsessão o estava cegando para as necessidades e sentimentos daqueles ao seu redor. Ele não conseguia enxergar o desespero de Winter, a dor que ela carregava em seu peito. O amor que ela finalmente descobriu por ele parecia escapar a cada dia que passava, levado pela tempestade da angústia de Damon. Era tarde demais? Ou ela só esperou demais? Mesmo sabendo que Damon amava-a. Winter nunca sentiu o que Damon estava fazendo por Serena. Era uma necessidade destrutiva de ter acesso a alivio. Damon perdeu o controle da sua vida há um tempo. Mas ele parecia mortalmente concentrado em achar um gatilho para acordar a Serena.

DAMON

    Passo a mão no rosto dela. E ela não mostra nenhuma resposta. O que está acontecendo? Por que ela está dormindo tanto? Por que o Trevor está na mesma situação, por que eles estão juntos nisso.

— Você tem acordar. Eu até me ajoelharia e imploraria perdão. — Digo baixinho.

   Mas não tem nenhuma resposta. Incrívelmente ela não está sangrando mais. Porém também não acorda.

— O que você está fazendo aqui de novo? — Encaro a porta.

Banks. Ainda não entendi mas ela estava me procurando há alguns dias.

— O de sempre.

— Vai se pior se ela acordar e ver você.

    Ela descobriu. Absolutamente tudo. Ela descobriu tudo. O que aconteceu entre mim e a Serena deitada ali. Mas ela ainda está aqui não é? Só não odeia mais a serena como anteriormente.

— Você não sabe. — Digo encaro ela.

— Eu sei. — Ela diz encarando Serena. — Por que nem eu perdoaria você depois de tudo que fez.

— Você tem que cuidar da sua vida e do seu casamento. — Sai do quarto.

    Querer me impedir de fazer algo que nem a mãe dela impede é hipocrisia. Eu estou aqui. Melhor que todos eles. Eu venho aqui como ham maldita rotina. Todos os dias. Eu passo a noite aqui. Eu vejo ela eu fico aqui acordado tenho encontrar um indício que ela vai acordar e me xingar, chorar e me bater.

   Eu nem estou mais ligando se ela vai me perdoar. Eu só quero que ela acorde. Eu jamais quero passar por isso de novo. É horrível, uma sensação de perda infinita. Parece que abriram meu peito e jogaram vinagre no corte. Arde e me deixa sem ar. Dizem que isso é carma. Winter diz que é obsessão.

   Então eu assumo. Eu preciso dela mais do que ar para respirar. Inferno!

For a secondOnde histórias criam vida. Descubra agora