Capítulo 9

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Lu mexeu-se na cama, descobrindo o rosto do lençol.
- Fernando? - Ouvi sua voz rouca e chorosa chamar por mim. Eu pisei em sua direção, e ela esfregou o rosto com as mãos.
- Desculpe, Lu. Eu só vim verificar como você estava. Vejo que não muito bem. - Eu aproximei meu dedo do interruptor para ligar a luz, porém sua voz me interrompeu.
- Não ligue a luz, por favor. Não quero que você me veja assim. Afastei-me do interruptor, aproximando-me da cama. Senta aqui. - Lu disse, ainda com a voz alterada pelo choro. Eu sentei ao seu lado, sentindo sua respiração ofegante.
-Lu...me machuca ver você assim...você quer falar sobre isso?
Ela limpou o rosto na colcha grossa que a
cobria, e eu pude ver seus olhos escuros à meia- luz que saía pela janela. Estava tão escuro, e eu desejava tanto ver seu rosto melhor. Mas eu tinha que respeitar o seu desejo, ela não queria que eu a visse.
- Fernando, eu sei que você não me quer por perto.
Sei que você não queria que eu estivesse aqui. E isso que aconteceu com os meus pais, te deixou em uma posição difícil. Eu já pensei em tudo.
Posso ir embora amanhã, posso procurar um lugar pra morar sozinha.
Eu virei meu rosto, encarando-a o máximo que a luz me permitiu. Como ela poderia dizer algo assim?
- Lu, o que você está dizendo? É lógico
que eu quero você aqui. Por que você está
dizendo isso? Eu jamais iria permitir que você fosse embora!
Ela aproximou-se mais de mim, virando meu rosto para olha-la nos olhos. Estávamos tão próximos que eu sentia sua respiração contra meu rosto. Se eu me inclinasse um pouco eu poderia beija-la facilmente. Oh Deus, e esses meus pensamentos a estavam levando-a à decisão de ir embora.
Deixar-me sozinho novamente. Eu precisava impedi-la - Fernando, você não fica mais aqui. E eu sei que é por mim... eu sei...que você...não me quer aqui... eu não queria que as fosse assim... - Eu escutei os pequenos soluços se formarem em sua
bochecha, enxugando suas lágrimas.
-Lu, eu jamais, jamais desejei que você
não tivesse vindo pra cá. Eu me afastei de
você...porque... Eu tentei ponderar minhas
palavras. Eu não podia revelar demais, mas não poderia permitir que ela pensasse daquela forma. ...porque não queria passar dos limites com você.
Eu adoro ter você ao meu redor, sempre. Você iluminou minha vida, Lu.
Eu cuspi as palavras e ela olhou-me com os
olhos cheios de súplica; Ela estava tão
incrivelmente vulnerável naquele momento. Ela mordeu os lábios e aproximou-se de mim. Seus braços macios abraçaram meu pescoço, e eu senti seu hálito contra a minha orelha.
-Eu pensei que você não me quisesse.
Aquelas palavras surtiram efeito instantâneo contra mim. Eu engoli em seco, enquanto ela distribuiu pequenos beijos pela minha bochecha.
Minhas mãos criaram vida própria, abraçando sua cintura, trazendo-a para meu colo. Eu estava em um duelo interno, entre fazer o certo e fazer o que eu gostaria de fazer.
Quando ela quebrou o beijo, eu a encarei,
aproximando seu rosto do meu. Seus olhos
estavam cheios de desejo e aquilo foi o suficiente para mim. Meus lábios encontraram os seus espontaneamente, e eu senti uma corrente de adrenalina me invadir. Seus lábios eram quentes, doces, e incrivelmente deliciosos. Eu abri minha boca, dando espaço para nossas línguas se tocarem, e ela cravou seus dedos pela minha nuca. Eu precisava parar aquilo, mas não conseguia. Meu corpo tinha vida própria. Minhas mãos serpentearam sua cintura, e ela não hesitou em passar suas mãos pelo meu peito. Fui covarde o suficiente para beber de toda a delicia do seu beijo. Eu lambia os seus lábios, e nossas línguas dançavam em um compasso perfeito. Ela gemeu baixinho quando meus dentes encontraram seus lábios. Minhas mãos foram incitadas pela sua reação, e elas brincaram com a beira da sua blusa de meia, passeando pela sua costa desnuda. Ela estava completamente sentada contra meu colo, e eu pude sentir minha ereção aparecendo embaixo dela. Eu precisava parar aquilo. Eu empurrei seu corpo longe do meu, colocando-a sobre a cama. Minhas mãos encontraram minha testa, e ela sentou-se passando as mãos pelo cabelo.

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