O TUTOR

Capítulo 49

Eu tive que passar os dedos pelo meus
cabelos, enquanto a mulher me encarava em dúvida. Lu não poderia tomar essa decisão sem me consultar; Eu ao menos merecia opinar o que eu gostaria para nós. Eu senti náuseas ao imaginar Lu se retorcendo contra a maca, enquanto nosso filho escapava em pequena porções de sangue; Apesar de ser médico, e conhecer todos os tipos de procedimentos abortivos – inclusive, já tendo feito pessoalmente - eu sentia um sentimento de culpa e desespero em imaginar Lu passar por aquilo.
- Sra. Emily, eu queria conversar com Lucero antes que você solicitasse isso. Eu não sou contra o procedimento, mas devo avisá-la sobre as conseqüências emocionais que isso trará. Eu sei que ela é muito nova, mas como médico e tutor, eu tenho a obrigação de alerta-la.
A mulher assentiu, enquanto fazia uma anotação na ficha de Lu.
- Eu conversei com ela, Dr. Colunga, e ela parece bem decidida. Não tem nada sério com namorado, e não pretende ser mãe no momento.
Mas você tem todo o direito. Eu estarei esperando uma resposta, então.
Ela caminhou para longe da sala, enquanto eu tateava a maçaneta. Lu estava deitada, encarando o nada com seus olhos. Eu me aproximei se sua cama, sentando na beirada. Ela não levantou seu olhar até mim, e eu toquei suas mãos contra as minhas. - Meu bem...
Lu estremeceu ao sentir meu toque, e continuou com seu rosto virado contra o meu. Eu queria vê- la, mas ela parecia completamente fria à mim.
- Fala comigo, princesa.
Ela suspirou, virando seus olhos até mim. Pude ver seu semblante triste, e seus olhos avermelhados pelas lágrimas que haviam passado por ali. Meu coração estava partido por vê-la daquela forma – tão triste, magoada e amarga. A dor dava à Lu uma expressão mais adulta, e eu mal conseguia reconhecer a doçura por trás dos olhos castanhos intensos.
- O que você quer, Fernando?
Eu brinquei com seus dedos, enquanto sua mão gelada tocava a minha.
- Lu, eu não quero que você faça isso.
Ela bufou, afastando suas mãos de perto
das minhas.
- Fazer o que, Fernando?
Eu estava completamente nervoso ao redor de Lu. Eu não queria magoá-la, ou sequer, faze-la se sentir mal. Mas eu sabia que aquela decisão que estava tomando ei jmpletamente errada iríamos nos arrepender eternamente por aquilo. - Tirar essa criança.
Ela bateu as palmas contra as próprias pernas, rodando os olhos irritadiça.
- Fernando, eu vou fazer isso.
Eu tentei toca-la, mas ela deu um pequeno empurrão em meu braço. Lu estava irada - seu rosto estava avermelhado, uma combinação perfeita com o vermelho dos seus olhos. Eu podia ver que ela estava perdendo peso – seus ombros estavam menores do que o habitual. Lu estava tão vulnerável naquele momento, e eu tentei colocar-me no lugar dela. Ela deveria se sentir completamente culpada por aquilo; A gravidez, a possibilidade de termos que nos separar, tudo por conta de algo que brotava em seu ventre; Eu precisava faze-la entender que aquela não seria a solução dos nosso problemas; Mata-lo não iria me inocentar. - Lu você não pode fazer isso. Eu não vou permitir.
Ela pareceu completamente irritada com meu comentário, e olhou-me com os olhos castanhos cheios de raiva e mágoa.
- Fernando, você não pode mandar no meu corpo! Eu não quero essa criança! E você não vai se envolver em uma decisão que cabe somente a mim!
Ela parecia completamente transtornada naquele momento. Suas bochechas estavam vermelhas, e seus olhos castanhos estavam mais escuros que o normal; Eu estava assustado com sua reação – não sabia como agir; Lu nunca esteve tão decidida em toda sua vida.
- Lu, não coloque culpa em alguém inocente por atitude errada que foi minha responsabilidade.
- Fernando, eu não quero isso dentro de mim! Que merda! - Eu vi suas mãos correrem em direção aos olhos, enquanto ela deixava o choro invadir seu peito. Eu aproximei meu corpo do seu, fechando meus braços ao redor do corpo pequeno. - Minha menina... não chore... Eu sei que dói.
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