Capítulo 3

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- Olá, Lucero. Sou Fernando Colunga. Acho quenão se lembra de mim.
Ela deu um pequeno sorriso pegando minha mão para um cumprimento.
- Na verdade, lembro um pouco. E me chame de Lu, Sr. Colunga.
- Fernando, por favor.
Ela acenou positivamente, e eu tive que lutar contra o clima desconfortável. Éramos completos estranhos, tendo que morar sob o mesmo teto em circunstâncias trágicas. Aquilo seria difícil para mim, mas muito pior para ela. Pude ver a tristeza transparecer nos olhos castanhos.
- Então, Fernando...parece que vou morar com você daqui para frente. Desculpe-me por isso..
Eu queria abraça-la para consola-la, mas
imaginei que aquilo seria inapropriado. Eu então toquei sua mão contra a minha e fiz um pequeno carinho.
-Não se desculpe, por favor. Eu estou muito feliz por tê-la comigo... Sou muito solitário, e será ótimo tê-la por perto. Vamos para casa?
Ela acenou positivamente, enquanto caminhávamos para a saída do escritório. Dirigi em silêncio até em casa, me certificando sempre que ela estava bem, colocando o aquecedor para trabalhar durante trajeto.
Chegamos rapidamente, e eu a ajudei a descarregar suas malas. Lu não havia trazido muita coisa; Apenas duas malas - pouco para uma estadia tão longa. Eu supus teríamos que fazer algumas
compras. Procurei um quarto no mesmo corredor onde ficava o meu. Era o mais espaçoso, e apesar de estar sujo em consequência do tempo que ficou fechado, era lindo e confortável. Era o antigo
quarto de Rosa, e eu imaginei que ela ficaria feliz por ficar com algo mais feminino.
Eu arrastei suas malas até lá, chamando-a para ver seu quarto. Eu estava nervoso ao seu redor - ela era uma menina que tinha uma beleza intimidadora; o tipo que é melhor você ficar distante ou... não. Ou nada. Eu era responsável por aquela menina ali por diante. Eu não tinha o direito de olhar para ela dessa forma.
- Lu, esse é seu novo quarto. Falta limpar,
mas tenho uma empregada que limpa e cozinha para mim. Dentro do armário tem roupas de cama limpas, e ali naquela porta tem um banheiro.
Eu adentrei o ambiente, enquanto Lucero
me acompanhava. Seus olhos analisaram
detalhadamente o espaço onde ficaria.
-E realmente enorme, Fernando. Tudo aqui é muito grande.
- Meus pais tinham mania de grandeza, por
assim dizer.
Ela foi até o banheiro, vendo uma banheira
clássica posicionada delicadamente. Um grande espelho trabalhado cobria a parede, e ela parecia encantada com tudo que via. Encantada como uma criança em uma noite de natal.
Vejo que quem dormia nesse quarto realmente tinha bom gosto.
Eu sorri e ela sentou-se na beira da cama.
-Era minha irmã, Rosa. Mas ela casou-se
e mora na Europa com seu marido, Ricardo. Ela cursa arquitetura e lá tem uma área melhor de especialização.
Ela mordeu os lábios, pensativa.
-E você? Não é casado?-Meus olhos
encontraram OS seus, e eu senti minhas
bochechas esquentarem de vergonha naquele momento. Um homem com a minha idade, e ainda ser solteiro deveria ser um mau sinal. Eu passei as mãos pelos cabelos nervosamente, e ela cruzou as pernas esperando uma resposta ..
-Na verdade ... digamos que não fui muito
bem-sucedido neste departamento ... eu ... tive uma noiva, mas as coisas não acabaram muito bem. E por conta do trabalho, não costumo namorar sério com ninguém ultimamente.
-Entendo. E você não se sente sozinho?
Eu engoli em seco, tendo a sensação de que Lu tinha uma curiosidade exacerbada por mim.
Deveria ser normal a curiosidade para alguém da idade dela ... Não queria dizer necessariamente que ela estava interessada em mim, como eu estava nela.
-As vezes.-Respondi secamente, desviando meu olhar do dela. Ela estava estranhamente bonita naquele momento-apesar de estar cansada, com os cabelos emaranhados e desarrumados, ela tinha um ar sensual que parecia ter nascido com ela. Eu tinha que aprender controlar meus
instintos masculinos. Ela não era qualquer-ela era minha tutelada.
-Não deve ser difícil para alguém como você arranjar uma pessoa.-Ela disse naturalmente, espalhando seus pertences pela cama. O que ela queria dizer com isso? Eu sorri timidamente, e me senti um verdadeiro adolescente diante dela. Eu não era cercado por uma mulher dessa forma há algum tempo-e a intimidade do momento me fez sentir desconfortável. Ela era quase uma criança, eu repeti pra mim mesmo.
Bem, Lu ... vou deixar você sozinha. Tenho que fazer algumas ligações. Vou pedir uma semana de folga no hospital, assim podemos resolver qualquer pendência sua. Escola, cursos ... Enfim, o que você precisar. A empregada deve estar para chegar, e eu peço para ela lhe avisar sobre o almoço. Você está com fome? Precisa de mais alguma coisa?
Ela desviou seu olhar do meu, e levantou-se
andando em minha direção. Eu respirei fundo quando senti seus braços agarrarem meu corpo.
Eu repousei minhas mãos em sua cabeça,
fazendo um pequeno carinho.

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