Capítulo 68

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Me fala... Laura...onde está Lu?
Ela engoliu em seco, e seus dedos tremiam
levemente. Eu engoli em seco, procurando algo em seu rosto que me desse uma pista; A única coisa que eu conseguia enxergar era o sofrimento e a dor; Deus, milhões de possibilidades estavam invadindo minha mente. Eu soltei o aperto do seu ombro, saindo da sala da forma que eu estava vestido. A bata fazia o gelado do hospital me abater, estava completamente anestesiado naquele momento. Algumas pessoas me abordaram enquanto eu olhava sala por sala ao encontro de Lu. Eu não conseguia compreender nenhuma das palavras que as pessoas ao meu redor diziam. Finalmente, meus olhos encontraram uma maca encostando contra a parede, onde minha menina estava deitada. Meu coração parecia explodir contra meu peito, enquanto eu adentrava a sala.
Lu estava pálida, com os olhos fechados
e os lábios sem vida alguma. Sua respiração era profunda e curta o que indicava que ela estava adormecida. Ela estava ligada ao aparelho de
monitoramento dos seus batimentos cardíacos, e eu estava completamente aterrorizado com a cena. Minha menina estava tão abatida, e eu mal pude acreditar que aquela era a minha Lu; Minhas mãos agarraram suas mãos, e eu comecei
a beijar cada pequeno dedo gelado contra meus lábios; Minhas lágrimas inundaram nosso toque, e eu comecei a dizer tantas palavras sem sentido que quando me dei conta estava dando gemidos desesperados. Não era suportável vê-la daquela forma. Eu queria acordá-la, queria saber como ela estava...o que havia acontecido. Eu ouvi a porta se abrir atrás de mim, e senti as mãos de Laura tocarem meus ombros. - Fernando... Lu não passou bem depois do que houve...e ela teve um sangramento... – Eu beijei as palmas da minha menina, sentindo os soluços saírem de minha garganta. Eu não queria acreditar que Lu poderia ter perdido nosso pequeno bebê eu não podia conceber tal coisa. Eu havia sido o único responsável por isso. A culpa, a dor, as possibilidades estavam tomando e rasgando meu coração ao meio. Eu mal conseguia respirar entre as lágrimas e sentia minha própria respiração começar a ficar falha. - Fernando... você precisa se acalmar! – Laura disse, tentando tocar meus ombros, mas eu afastei seu toque imediatamente. Ela perdeu meu filho? Perdeu, Laura? Me responde! AGORA! - Ela rodou os olhos, enchendo seu semblante pelo pânico. Eu fui até Lu, beijando seus lábios sem vida, enquanto minhas mãos faziam pequenos carinhos em seus cabelos; - Minha princesa... eu vou cuidar de você, minha menina... nós não vamos mais passar por isso...eu juro... meu amor...
- Eu agarrava o corpo de Lu, sentindo sua
respiração profunda se apoiar contra meu ouvido. Ela estava completamente desacordada, e minhas lágrimas molhavam todo seu rosto perfeito. OhbDeus...eu estava completamente destruído. - Fernando fique calmo, por favor... Lu só teve um sangramento...os médicos deram um remédio para segurar o bebê...ela está em observação para saber vai dar tudo certo... estamos aguardando...não se desespere. Você é médico, sabe como são essas coisas...ela foi sedada porque estava muito nervosa com a sua situação. Eu tentei deixar minha respiração constante, enquanto tentava afastar meu pânico de dentro de mim. Eu sabia que as possibilidades de Lu conseguir manter o bebê eram pequenas - 0 tempo dela de gravidez era pouco, e os riscos eram muito altos. Dificilmente uma mulher passando por um sangramento forte, mesmo com os remédios, conseguia manter a criança. Várias pacientes com a mesma situação passaram pela minha cabeça, e eu não conseguira lembrar de uma sequer que conseguiu manter o bebê. Eu olhei para Lu, beijando sua face antes de ir de encontro à sua barriga, levemente inchada. Eu encostei minhas mãos contra seu abdome, e deixei meus dedos passearem por lá. Pela primeira vez na minha vida, fiz uma prece silenciosa e desesperada; Deus, cuide do meu pequeno fruto... eu já o amo tanto. Tu me destes uma segunda chance na vida a oportunidade de amar pela primeira vez; De encontrar alguém que tanto me faz feliz. Me dê esse presente...deixe meu filho viver. Permita que ele possa agraciar a nossas vidas, Deus. Tire esse fardo de cima de nós. Eu quero tanto. Não permita, Senhor... Não permita que ele seja tirado de mim. Então leve a mim, mas deixe meus pequenos tesouros. Não os castigue por minhas falhas; Não permita que meu filho pereça por meus erros; Eu amo esses dois, e tu sabes, Deus, quais sacrifícios eu poderia fazer para tê-los. Leve à mim, puna a mim, mas não à eles. Se existires, talvez possas me ouvir e sentir compaixão por esse teu filho; Não o leve. Eu prometo que de hoje em diante não haverão mais mentiras; Não haverá mais drama; Eu irei lutar dia após dia para ser digno para te-la ao meu lado. Eu preciso de ti. Eu preciso de um milagre; As lágrimas inundaram meus pensamentos, deixando nebuloso qualquer pensamento. Eu fiz minhas orações silenciosas, até meus pensamentos se renderem à dor. Eu fiquei deitado ao lado de Lu, aguardando seus olhos se abrirem e eu receber um milagre no qual eu nunca acreditara antes. Talvez Lu fosse minha fé. E naquele momento, eu tive que acreditar que milagres existiam. Ou não teria forças para continuar lutando.

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