Capítulo 93

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Eu era uma grande covarde e naquele
momento eu precisaria buscar forças além das minhas para me manter são e forte. Minhas duas meninas precisavam de mim - e apesar de estar completamente sozinho, eu era tudo que restava para elas; Eu fiz uma busca pela casa, juntando
roupas para Vitória e Lu em malas diferentes. Não demorou muito para que eu colocasse todas as coisas no carro, e antes que eu pudesse ir embora de casa, um Porsch amarelo encontrou na saída. Eu reconheci o carro como sendo de Laura, e dei uma freada vendo-a sair de dentro do carro. - Fernando? Fernando?
Eu baixei os vidros elétricos, deixando seu rosto invadir a janela do meu carro.
- Eu trouxe sua mãe...ela está dentro do carro. Ela quer conversar com você...- Eu a interrompi, batendo minhas mãos contra o volante. - Laura, escute! Eu não vou falar com ninguém agora! Por conta da inconsequencia dessa família minha mulher e minha filha estão na UTI! Agora, se me der licença... Eu subi o vidro, deixando Laura completamente irritada com minha atitude. Eu sabia que ela não tinha envolvimento nenhum nos meus problemas, mas naquele momento eu tinha que poupar forças
para minhas meninas. Não poderia desperdiçar um minuto sequer com banalidades. Dirigi para longe de Laura, vendo seu carro sumir atrás do meu. Eu fui em direção do hospital, carregando as
coisas de Lu e Vitória nos braços.
Eu caminhei até a UTI Neonatal, recebendo
um agradecimento pela entrega das roupas de Vitória; Minha filha iria precisar de quantidade abundante de roupas para levar ao hospital - 0 minimo de tempo que ela passaria na incubadora era de 2 meses, se não tivesse nenhuma complicação. Eu caminhei com passos apressados até a UTI onde Lu estava, verificando que o horário de visitas estava próximo. Eu abri a sacola de Lu, encontrando o pequeno sapatinho de bebê branco, solto entre as roupas. Eu lembrei-me do dia em que eu o havia comprado - em uma tentativa completamente desesperada de um milagre; Eu deixei meu rosto
ser dominado pela dor que habitava em mim, e vi as lágrimas molharem o tecido de crochê em forma de sapatinho. Eu dei um pequeno beijo, implorando para que o mesmo Deus olhasse por nós naquele momento. Uma porta me separava do
meu grande amor, e eu já conseguia sentir sua pele me atraindo para seu corpo pouco a pouco. Quando minha voz foi chamada, eu deix ei todo meu sofrimento para trás. Pisei em direção à Lu, deixando minha necessidade por ela me dominar. Eu a vi completamente adormecida contra a maca da UTI, enquanto os tubos cobriam suas veias tão sensíveis e delicadas. Eu dei um grande sorriso, e toquei suas mãos arroxeadas pelas agulhadas que ela havia levado. - Oi minha menina... hoje você foi mãe. Eu queria que você estivesse comigo quando eu vi nossa pequena filha...mas você estava através do meu amor por você... - Eu interrompi as palavras deixando a emoção tomar conta da minha garganta; Eu sentia necessidade de falar com ela - estivesse completamente desacordada; Eu fiz um pequeno carinho contra sua palma, levando sua mão contra meus lábios para despejar um pequeno beijo contra ela. Deixei o seu cheiro único invadir minhas narinas, deixando Lu esquentar meu coração com apenas o fato de ainda respirar. - Meu amor...seja forte...eu estou aqui com você... meu coração é seu, e toda minha vida se resume a te ter ao meu lado... - As lágrimas começaram a cair contra o lençol da cama de Lu, enquanto os soluços fortes me invadiam. Eu senti um pequeno tremor em sua mão, e quanto a encarei, percebi seus olhos semi-cerrados contra
mim. Os rios negros buscavam os meus olhos insistentemente, gravando cada emoção que saía do meu olhar. Eu abri um grande sorriso, e deixei meus sentidos serem completamente tomados por ela; Meu rosto correu de encontro aos fios
negros dos seus cabelos; Eu fechei meus olhos e senti a paz me possuir por completo, tomando todos os sofrimentos, dores e desesperanças e dissipando-os, como em um truque de mágica;
Lu era minha única razão de existir, e a potência do meu amor por minha menina iria nos sustentar em qualquer obstáculo.

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