Capítulo 78

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Eu tentava ignorar completamente sua
irritação por esse fato - e tentar provar à ela que minha devoção, amor e desejo continuavam os mesmos. Eu não fazia idéia de como os hormônios femininos poderiam afetar uma mulher - e Lu estava extremamente sensível. Eu buscava amenizar sua sensibilidade colocando-a
em situações de baixo estresse e que poderiam evitar qualquer tipo de contato sexual. Ela estava descendo as escadas, com passos pesados e cansados. Eu corri para ajudá-la, e ela lançou-me um olhar irritado; Ela odiava parecer delicada, e
odiava toda a proteção excessiva ao redor dela. Eu dei um sorriso, fazendo sua irritação se dissipar lentamente.
- Não acredito que eu esteja tão gorda que você me ache incapaz de descer as escadas. Eu lancei um olhar cético, e ela ignorou minhas mãos estendias à sua frente. - Você não está nenhum pouco gorda, Lu. Inclusive, sua barriga está muito discreta...mais do que muitas mulheres que eu já atendi no hospital Ela mordeu os lábios, passeando as mãos pelo
ventre levemente avantajado enquanto ia em direção à cozinha. - Eu me sinto uma porca. Eu estou tão gorda, que acho que não deveria comer. Eu fiz a expressão mais revoltada que consegui, e ela esboçou um pequeno sorriso. - Nem brinque com isso, minha menina. O bebê e você precisam comer...você tem que comer por dois agora. Ela bufou, e sentou-se na cadeira em frente à mesa. Eu coloquei em frente dela à vasilha com cereais e dei um beijo doce em seus cabelos. -Quero ver esse prato vazio. Ela assentiu e começou a comer lentamente. Eu sentei à frente dela, comendo meu próprio prato. Ela mexeu nos cabelos, parecendo irritada em fazer aquela refeição. Eu fiquei confuso com a atitude de Lu - ela nunca havia agido daquela forma antes. Eu fiz um pequeno carinho em sua bochecha, e ela esquivou-se. Eu cerrei meus dentes, enrugando o espaço entre meus olhos em dúvida. - O que houve, princesa? O que você tem? Ela deu mais uma colherada, engolindo o cereal rapidamente. - Estou cansada de você me tratar como sua irmã. Você...tem nojo de mim, ou sei lá o que, Fernando. Eu percebo... eu noto. Não sou burra.
Eu respirei profundamente, e mexi nos meus cabelos nervosamente. Eu não queria ter aquela discussão naquele momento - Lu estava sensível. Era um daqueles dias que ela não estava sentindo-se bem com seu corpo. Eu imaginei que isso poderia acontecer, dada minha experiência médica. Eu a encarei, percebendo dor em seu olhar. Deus, aquilo me partia ao meio. Eu sentia como se dor dela fosse a minha própria dor; Eu não sabia como agir diante daquilo - mas tive que buscar fazer o melhor para nós dois. Meu amor...por favor...não fale isso... Você me magoa ao dizer essas coisas...eu amo você, meu anjo. Eu jamais veria você como uma irmã. Eu busquei suas mãos contra as minhas, e Lu afastou o toque imediatamente. Uma pequena lágrima se formou nos seus olhos, e eu vi sua respiração começar a se tornar irregular e profunda enquanto ela empurrava o prato à sua frente.
- Você me magoa toda vez que foge de mim... Você me evita. Não existe mais desculpa para você não me tocar... você não faz porque não quer. - Ela estava com a voz baixa e trêmula, e eu tive que respirar profundamente naquele momento. Eu
estava tão desesperado por ela quanto ela estava por mim - ou até mais – porém eu tinha um grande temor sobre o efeito disso na gravidez de Lu. Os problemas que ela havia tido no inicio da gravidez poderiam se repetir, e eu não me perdoaria por isso. Não me perdoaria por prejudicar meu filho por sexo. - Lu...por favor... Você tem que se acalmar. – Ela levantou-se exasperada, lançando o prato de cereal vazio contra a pia. - Você não me acha atraente porque estou gorda. Você prometeu que iria fazer amor comigo... VOCÊ prometeu...você mentiu! Os olhos dela eram grandes rios cheios d'água. Eu senti meus próprios olhos se esquentarem ao ler a expressão
destruída na face perfeita de Lu. Eu não
agüentava vê-la naquele sofrimento – aquela dor profunda que ela demonstrava em seus grandes olhos castanhos rasgava minha alma. Minha menina tinha perdido aquele olhar ingênuo, que havia tornado-se um misto de tristeza, decepção e
mágoa. Lu... meu amor...por favor...não faça isso. Eu quero você...mas não quero fazer nenhuma besteira. Ela virou-se rapidamente, antes de subir as escadas em direção ao quarto. - Eu quero ficar sozinha, Fernando. Você já mentiu para mim. Não venha atrás de mim. Me deixe sozinha, por favor.

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