- Fernando... - Ela tocou meu ombro e eu afastei seu toque.
-Lu, me desculpe...me desculpe, por
favor...meu Deus...eu estou tão envergonhado... -
Ela aproximou-se de mim, o que me fez levantar da cama rapidamente.
- Fernando, por que você está fazendo isso?
Por que está se desculpando? - Eu encostei minha cabeça contra a parede, escutando sua respiração acelerada atrás de mim.
-Lu, isso é completamente errado! Eu sou
seu tutor! Você é menor de idade, você consegue compreender isso? - Ela andou até o interruptor ligando a luz rapidamente. Eu a encarei, vendo seus lábios vermelhos e inchados pelo beijo. Seus olhos estavam pequenos, devido ao choro e seus cabelos estavam desarrumados contra o ombro. E ela estava linda, terrivelmente linda.
- Olhe para mim, Fernando. Eu pareço alguma criança para você? - As mãos dela repousavam sobre a cintura, e ela conseguia ser ainda mais bonita com raiva. Eu quis sorrir, mas eu só conseguia pensar no horror da minha atitude.
Eu sei que você não é literalmente uma
criança, Lu. Mas olhe você para mim. Eu só um homem feito, de 31 anos. Sou onze anos mais velho que você. Além disso, isso é crime. Você deve saber disso, afinal, é uma menina inteligente.
- Ela pisou em minha direção, enrolando o dedo na ponta do cabelo.
- Você não gosta de mim? É isso? Me acha nova demais pra você? Não se sente atraído por mim? Eu ri levemente, achando irônica a sua afirmação.
Ela não era jovem demais para mim - eu que era velho demais para ela. Tirando o fato de que eu era seu tutor, seu único responsável. E há cinco minutos, estava chupando sua língua em cima de uma cama. Isso era inapropriado de todas as formas possíveis.
- Lu, claro que eu gosto de você. Você é
linda, muito atraente. Porém, entenda, eu sou seu tutor. Eu sou responsável pelo seu bem-estar. Não posso fazer isso. Não podemos fazer isso. Por mais que eu queira, você deve saber que isso é errado. Eu tenho que ser o responsável aqui. - Ela virou-se de costas para mim, enquanto passava as mãos inúmeras vezes pelo rosto. Aquilo doía mais em mim, do que nela, mas deveria ser feito.
Eu quero você, Fernando. Diz isso pra mim
então... Diz que isso é errado, porque eu não consigo aceitar. - Ela virou-se novamente, e eu vi seus olhos cheios de lágrimas. O meu desejo era abraça-la, beija-la, fazer amor com ela e esquecer todos os obstáculos entre nós. Mas naquele momento eu fui o homem forte e honrado que sua família esperava que eu fosse.
- Lu, você deve esquecer isso. Não vai
acontecer mais nada entre nós. Desculpe-me ter feito isso com você. - Eu me afastei dela, indo em direção à porta.
- Fernando, não me deixe...por favor...eu estou tão sozinha... Eu... - Eu fechei os olhos tentando decifrar a melhor solução naquele momento. Eu poderia estar com ela, se eu soubesse me controlar. Eu devia isso à ela. Eu deveria ser seu amigo, seu protetor, seu companheiro.
-Tudo bem, Lu. Mas eu ficarei com você como seu amigo. - Ela assentiu, e eu aproximei meu corpo do seu, em um abraço apertado. Separamo- nos e ela me puxou pelo braço até a sua cama. Me desculpe ter deixado você sozinha. Sei que você sente falta deles.
Ela assentiu e eu pude ver pequenas lágrimas formando-se nos seus olhos. Ela abraçou-me e deitamos juntos lado a lado em sua cama. Sua cabeça recostou sob meu ombro, e eu senti as lágrimas molharem minha pele. Ela soluçava baixinho, e eu a ninava em meu abraço.
- Agora eu estou sozinha, Fernando. Não tenho nada. Não tenho ninguém. - Eu fiz pequenos carinhos em seu cabelo escuro.
- Você não está sozinha. Você tem a mim. - Nada mais ela disse, enquanto derramava pequenas lágrimas e soluçava baixinho em meu abraço.
Naquele momento palavras eram desprezíveis - o barulho de nossas respirações, a conexão de nossos corpos falava por nós. Eu sentia a paz me invadir pelo cheiro de seu cabelo, o doce toque de suas mãos contra meu peito, e a maneira única que eu me sentia ao lado dela. Lu era minha perdição. Mas era também meu porto seguro. Eu sabia que ao seu lado, tudo ficaria bem.
Quando ela adormeceu, eu voltei para o meu quarto deixando de lado as lembranças do beijo quente e apaixonado que trocamos. Agora mais do que nunca eu deveria fazer o que era certo. Lu dependia de mim para tudo - e eu não iria destruir o que tínhamos somente para satisfazer minhas fantasias. Eu malsucedido em relacionamentos. E Lu seria mais uma das minhas aventuras falhas, se eu não fizesse as coisas darem certo. Ela estava confusa, sozinha, carente - e precisava de mim, mais do que nunca.
Eu não iria avançar sequer um passo com ela - eu seria o homem perfeito que a mim foi confiada à sua vida. Nem que para isso eu tivesse que lutar todos os dias contra os meus desejos; Eu sereique você precisa, Lu. Eu prometo.
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O TUTOR
RomantizmSinopse O Tutor Fernando Colunga é um médico de 31 anos bem-sucedido, que vê sua vida mudar quando recebe a tutela de Lucero Hogaza, uma adolescente de 17 anos, que perdeu os pais em um acidente. Uma paixão proibida e a descoberta do amor em duas fa...