Capítulo 18

301 21 0
                                    

O som dos passos ávidos de meu pai pelo corrredor, pareciam como verdadeiras marteladas em minha cabeça; Eu vira suas malas - algumas de minha mãe - repousando contra a entrada do
quarto onde ele se acomodaria. Eram malas demais para uma única visita, eu pensei comigo mesmo. Desci a escada, chegando até a sala onde meu pai se encontrava. Seu semblante era nebuloso, distante e sério. Eu sentei contra a poltrona, vendo-o agarrar um copo de whisky 12 anos contra os dedos.
- Fernando... Eu assenti enquanto ele rodeava mais um gole de whisky contra a garganta.
- Pai...ao que devo sua ilustre visita?
Ele deu um pequeno sorriso.
-Por quê? Não posso visitar meu próprio filho e minha quase filha?
Eu engoliem seco. Filha. Eu não poderia
dimensionar a reação do meu pai se descobrisse o que eu andara fazendo - fazer sexo oral com a minha tutelada não era exatamente a postura esperada de um homem sério. Era o completo oposto disso uma atitude covarde, imunda injusta. Meu pai provavelmente iria considerar
aquilo uma perversão de minha parte, pois não sabia dos meus sentimentos por Lu. Não, eu não poderia permitir que ele sequer desconfiasse de algo. Ou eu estaria completamente perdido.
- Lu não é mais uma criança, pai.
Ele ergueu as sobrancelhas, apoiando seu copo contra a bancada.
- Disso eu sei, Fernando. Você sabe que a Ana Vitória é uma amiga próxima de sua mãe. Além de uma empregada fiel à nossa família. Ela contou a sua mãe, que Lu já é uma mulher muito atraente. E que vocês passam muito tempo juntos, Fernando.
Maldita seja. As coisas finalmente começaram a fazer sentido para mim - eu era espionado em minha própria casa. Como minha vida nunca fora algo muito misterioso - nunca me dei ao trabalho
de reparar nos laços fortes que a empregada teria com a minha família.
O quanto ela teria visto? Eu sabia que estava completamente ferrado. Meu pai não fora para uma visita - e sim para um confronto. Eu passei as mãos pelo cabelo, sentindo o calor invadir minhas bochechas.
- Lu é uma adolescente como todas as outras, pai. E passamos algum tempo juntos, pois ela está completamente sozinha neste mundo. Não entendo o porquê disso tudo.
Ele cruzou as pernas, encarando-me com os olhos azuis escuros de ira. Meu pai sabia.
- Fernando, essa relação entre você e esta menina é completamente inadequada. Devo acreditar no seu bom senso para concordar em mandá-la para um colégio interno. Lucero é uma menina que está sob os nossos cuidados - e devo assegurar o
melhor para ela. Devo isso à Felipe e Gaby.
Eu apertei meus punhos contra a poltrona. O desespero passou pelo meu peito. Senti um desconfortável mal estar - um misto de ira, tristeza e a possibilidade de perda da minha menina. Eu não iria aceitar aquilo - nem que eu tivesse que ir contra toda minha família. Meu pai era o típico homem moralista, que jamais aceitaria meus sentimentos por ela. Eu sabia que o real
pensamento dele por mim, era de que eu era um homem problemático. Meus irmãos - Rosa e Rodrigo - eram muito bem-sucedidos em todos os aspectos de sua vida. Eu era um beberrão, desajustado, com pouca sorte no amor, e apenas
com inteligência suficiente para me formar em medicina. Ele deveria pensar o que esperar de mim, em relação à Lu. Ele estava terrivelmente enganado. O desejo não era o que de mais forte eu sentia por Lu - a paixão, o cuidado, o amor eram muito mais fortes. Eu seria capaz de sacrificar meu próprio prazer para vê-la ao meu lado. E se fosse necessário eu nunca mais toca-la para tê-la comigo, eu o faria.
- Pai, Lu está feliz aqui. Ela acabou de perder os pais, e essa mudança seria completamente devastadora. Minha relação com ela, não é inadequada de forma alguma, e se for necessário, eu posso limitá-la ainda mais. Ela é minha
tutelada, e minha amiga. Apenas isso. E Não vou permitir que você faça isso com ela. Nem que tenhamos que ir em juízo para isso. Eu sou o tutor dela, e tudo que desrespeito à sua educação e bem-estar devem ser feitos por mim.
Meu pai assentiu, retirando um charuto de seu bolso. Ele o acendeu, enquanto repousava suas pernas contra o pequeno estofado à sua frente.
- Fernando, seja realista, nenhum juiz daria à tutela total de Lucero à você. Eu poderia tirá-la daqui agora mesmo se quisesse. Porém, vou confiar em seu julgamento. Ficarei com sua mãe por tempo
indeterminado aqui. Espero que você cumpra suas promessas Fernando.

O TUTOR Onde histórias criam vida. Descubra agora