- Lu, eu chamei você aqui, pois preciso ser
sincero e verdadeiro com você. – Ela finalmente encontrou seus olhos nos meus, com um olhar choroso e cheio de súplica. Oh Deus, aquilo estava me matando. Meus dedos passaram pelos meus cabelos enquanto eu limpava minha garganta para continuar. Eu tinha que ser direto e frio.
- Eu comecei isso com você sem pensar nas conseqüências, Lu. Não pensei no que eu de fato queria... e acabei deixando o desejo confundir as coisas. Passamos dos limites. Todos os limites existentes - Ela escondeu o rosto entre as mãos, e atirou os cabelos para cobrir a face. Eu queria tanto abraça-la. Era surreal acreditar que eu
estava causando tanta dor em um ser que tanto amava; Eu amava cada célula da menina a minha frente e apesar disso estava fazendo-a sofrer.
- Pode continuar, Fernando. - Ela respondeu, sem jamais levantar o rosto.
- Não quero te machucar, Lu. Eu errei.
Ela bateu seus cotovelos contra a mesa,
enquanto largava palavras chorosas contra mim.
-Um pouco tarde para isso, Fernando.
Eu não resisti ao impulso de tocá-la, e serpenteei minhas mãos sob seus cotovelos contra a mesa.
- Me perdoe Lu. Por favor, entenda, esse é
o melhor. Por favor, não vá embora. Fique comigo.
Tenha uma vida normal... Eu terei a minha
também. Ao menos não chegamos ao fundo disso tudo, e você pode conseguir um namorado. Eu também irei sair com alguém... alguém da minha idade, que possa entender as coisas como eu entendo.
Ela bufou, mas nada disse, enquanto
soltava pequenos soluços chorosos. Eu a senti hesitar, antes de afastar meu toque de seu braço; Eu gemi baixinho, tentando conter a dor que inundava meu peito. Eu queria chorar junto com ela. Mas tive que me controlar, isso deveria ser o menos doloroso para ela. Mulheres poderiam superar um fora, mas um amor impossível seria muito mais difícil. Ela tirou as mãos do seu rosto, encolhendo-se na cadeira, abraçando o próprio corpo. Lu levantou-se rumo ao banheiro, e eu lutei contra a vontade de ir atrás dela. Muitos minutos haviam se passado, e Lu não estava retornando.
Assim que me levantei da mesa para procurá-la, vi seu corpo pequeno aproximando-se de mim. Ela estava com os olhos inchados e vermelhos, enquanto limpava o restante de seu rosto com uma toalha de papel. Eu senti uma dor tão forte me invadir, que tive que me apoiar na cadeira para não cair. Aquilo era terrível, e eu não conseguia mais olhar para Lu. O seu semblante cheio de dor me torturava a cada instante.
- Lu... Eu movi minha mão em direção
dela, e ela afastou-se rapidamente.
-Você é um covarde. Está fazendo isso
porque tem medo do que seus pais vão pensar de nós. Você é ridículo.
Ela caminhou para longe de mim, tateando a mesa em busca de sua mochila. Eu fui até ela segurando seus pulsos para que ela não fosse embora.
- Preste atenção, Lu. Escute bem o que eu vou dizer. A questão não é o que vão pensar... e sim no que vão fazer. Meu pai está cogitando a idéia de te mandar para um colégio interno. E, além disso, nos sabemos que o que aconteceu era completamente inapropriado.
Ela suspirou, puxando seus braços do meu
toque.
- Você não quer mais ficar comigo, então,
não use desculpas para isso. Sua mãe me falou dos seus problemas sentimentais. Da
ausência com a sua noiva, Helen, não é? Não é à toa que ela te traiu. Nunca te disseram que as mulheres gostam de atenção Fernando? Você escolhe a bebida como o centro da sua vida. A bebida e o trabalho. E agora você está me deixando... - As lágrimas cobriram suas palavras, e ela colocou sua mochila nas costas evitando buscar meu olhar. As lágrimas passearam espontaneamente pelo seu rosto, e apesar de saber que Lu estava fazendo uma tentativa falha de me magoar, não existiria mágoa maior do que eu estava provocando a mim mesmo naquele momento. Perde-la magoá-la estava estilhaçando meu coração em pequenos pedaços.
Eu suspirei passando as mãos pelo cabelo.
E ela caminhou para longe de mim, buscando a saída do restaurante. Eu fui atrasa dela, puxando-a pelo braço antes que ela pudesse sair do meu campo de visão.
Me solta, Fernando! Você não pode fazer
isso! Me larga! – Ela lutou contra o meu aperto em vão; Eu afrouxei o toque, segurando levemente.
-Lu, você tem que me prometer que não
vai embora. Prometa!
Ela suspirou, tentando conter as lágrimas
em seus olhos.
- Eu não devo nada à você! Me solta! - Ela
dava pequenos socos em meu braço que eram completamente inúteis. Eu lutei contra o desejo de beijá-la... Os lábios rosados, cheios e convidativos diante de mim, seus olhos vermelhos, cheios de lágrimas, tão feridos e tomados de dor. Eu queria beijá-la e expulsar toda a dor que ela estava sentindo. Mas eu precisava ser forte. Eu deveria ser o corajoso agora.
Prometa Lu! Agora! Você não vai
embora... Você vai ficar comigo! Prometa!
Ela desistiu de lutar contra mim, levando
uma de suas mãos até o rosto. Ela juntou seus olhos castanhos contra os meus, e respirou profundamente.
- Eu prometo. Agora, me deixe sozinha.
Eu soltei seu braço, e ela caminhou
rapidamente para longe de mim. Eu acompanhei seus passos rápidos, e puxei novamente seu braço.
-Para onde você vai?

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O TUTOR
RomansaSinopse O Tutor Fernando Colunga é um médico de 31 anos bem-sucedido, que vê sua vida mudar quando recebe a tutela de Lucero Hogaza, uma adolescente de 17 anos, que perdeu os pais em um acidente. Uma paixão proibida e a descoberta do amor em duas fa...