Capítulo 95

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As horas pareciam intermináveis na sala de espera do hospital. Apesar de já ter sido informado que não haveria mais nada que eu pudesse fazer estando ali, não podia me imaginar voltando para casa sozinho. Não existia casa longe de minha menina - e toda a minha vida se resumia àquele hospital. Eu acabei adormecendo em uma das cadeiras, rendendo-me ao sono intenso que batia contra mim. Eu senti uma mão tocar meus ombros, espantando-me do sono que havia me assolado; Quando abri meus olhos,encontrei Laura parada à minha frente. Eu bufei de irritação, sentando-me apropriadamente cadeira da sala de espera. - Fernando, você precisa ir para casa. Eu grunhi, e ela entregou-me uma xícara de café quente. Eu tomei o líquido, deixando-o entrar contra meu estômago completamente vazio. Eu mal conseguia lembrar a última refeição que havia feito; Aquilo parecia banal demais diante da
situação que minhas meninas se encontravam. - Não vou sair daqui.
Ela passeou dedos pelos cabelos exasperadamente, enquanto eu escutava os passos de salto fino se aproximarem de nós. Minha mãe estava completamente aflita - com o rosto avermelhado, e os olhos inchados por lágrimas recentes.
- Fernando, você precisa descansar. Eu e sua mãe estamos aqui...
Eu tomei outro gole, fazendo todo o meu
ressentimento voltar à tona. Minha mãe e Laura não eram responsáveis diretas pelo acontecido - mas a atitude monstruosa de meu pai havia colocado em risco a vida dos meus maiores tesouros; Eu não conseguia desvencilhar a ira que crescia dentro de mim. Eu estive muito perto de perder tudo, por uma atitude completamente desprezível do meu pai. Minha mãe aproximou-se de mim, afagando levemente meus cabelos. - Fernando amor...vá descansar. Eu estarei cuidando delas. Eu bati meu braço contra as cadeiras, ouvindo o eco se formar através de nós. Laura deixou a expressão nervosa _dominar seu semblante, enquanto minha mãe encarava-me cheia de dor. Isso só está acontecendo por
conta... daquele monstro. Ele quase destruiu tudo que eu tinha!
Minha mãe assentiu, enquanto fazia pequenos carinhos entre meus fios.
- Fernando, mas eu estou ao seu lado! Seu pai não planejava causar tudo isso...ele só... Eu levantei-me da cadeira, andando em círculos pela sala do hospital; Ouvir minha mãe defende-lo irou-me ainda mais. Ninguém poderia colocar desculpas em uma atitude desumana como a de
meu pai - eu não conseguia conceber que alguém não percebia as atrocidades daquelas atitudes; Ele quase acabou com toda minha vida por puro moralismo orgulho. Aquelas lembranças esquentavam sangue, deixando-me completamente cego de ira.
- Mãe, não defenda aquele homem! Ele não é, e nunca mais será meu pai! Ele quase acabou com a vida delas, mãe! Você não vê? É cega a esse ponto?

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