Capítulo 61

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A dor em minha cabeça era devastadora, e
eu tive que lutar contra as pontadas fortes da enxaqueca em minha nuca para poder levantar da cama gélida. Eu não havia visto Lu desde a manhã em sua escola – tinha sido há apenas algumas horas atrás, mas que pareciam uma verdadeira eternidade para mim. Hoje era o dia da festa de Laura e Victor, e eu imaginei o quão terrível aquilo poderia ser quando Lu e Pedro estivessem juntos essa noite. Meu maxilar trincou com o pensamento. Eu levantei-me da cama, jogando água contra meu corpo, para espantar os rastros do whiksy que eu havia tido na manhã anterior. A minha atitude não era nada louvável – mas buscar conforto na bebida era a única coisa que eu sabia fazer. Eu chegara em casa na noite anterior, completamente embriagado. Evitei a porta de Lu durante todo o caminho para meu próprio aposento. Não haveria necessidade de fazê-la sofrer com minha atitude infeliz. Eu havia ficado completamente arrasado com aquela situação - e apesar de saber que Lu não seria capaz de se envolver com qualquer outro homem, eu não conseguia desvencilhar o ciúme que estava encruado em minhas veias. Eu me arrumei sem demora, descendo pelas escadarias de minha casa. Ao mesmo tempo que eu queria encontrar com a minha menina, eu estava completamente temeroso com essa possibilidade. Ela havia me mandado algumas mensagens, eu havia ignorado completamente. Ao menos, era isso que
minha memória lembrava. Eu ouvi algumas vozes, e antes que eu pudesse sair, a voz doce e cantante de Laura me encontrou.
- Colunga, aonde pensa que vai?
Eu rodei meus olhos em direção de Laura,
puxando um sorriso forçado ao meu rosto.
Procurei Lu ao seu lado, dando-me conta que ela não estava no mesmo ambiente que nós. O alívio era uma sensação pequena comparado à saudade que eu estava de ver seus olhos chocolates redor.
Eu suspirei, aproximando-me do corpo pequeno e magro de Alice à minha frente.
- Tenho que trabalhar, Laura.
Ela juntou as sobrancelhas, dando-me um sorriso desconfiado. Eu desviei o olhar, enquanto ela corria em direção à uma sacola posicionada contra o sofá. Eu suspirei exasperado, sabendo que aquele não era or a ento ideal para Laura e
brincadeiras infantis. Eu já estava suficientemente irritado naquele dia, e meu humor não estava dos melhores. Eu tentei controlar minha irritação para não ser grosseiro com ela.
Laura não tinha culpa dos meus problemas. Ela aproximou-se de mim, com suas mãos pequenas ao redor de um pequeno embrulho. - Abra Fernando. A Lu escolheu pra você. – Eu peguei a embalagem que estava estendida em sua mão para mim, rasgando o saco que guardava a roupa. Dei um meio sorriso ao perceber à escolha de Lu. Minha menina era boa demais comigo - e eu tinha que admitir que aquilo era bom o suficiente para que eu me sentisse confortável a festa inteira. Apesar de ter gostado da escolha – não saberia identificar que tipo de fantasia era. Larguei um olhar confuso para Laura, e ela sorriu.
- Peter Parker. Não gostei muito da escolha... Pessoalmente queria vesti-lo de Harry Potter ou Peter Pan. Mas ela deixou que eu escolhesse a fantasia dela, então meio que fizemos uma troca.
Eu assenti, agradecendo mentalmente pela ajuda de Lu. Senti uma pontada de culpa me invadir pela minha atitude infantil e impulsiva da noite anterior.
- E qual seria a fantasia dela? Posso saber?
Laura mordeu os lábios, enquanto parecia
dividida entre me contar e deixar em segredo. Eu coloquei as roupas e o óculos fundo de garrafa falso, dentro da sacola, lançando-a contra o sofá novamente.- Acho melhor que seja surpresa. Ela não está tão animada com a idéia, mas acho que eles ficarão lindos juntos.
Eu tentei evitar minha expressão irritada, sabendo que havia sido em vão. Cocei meus cabelos sabendo que Laura provavelmente escolhera algum grande casal do cinema para Lu e Pedro
se customizaram. Aquilo iria ser mais irritante do que eu imaginara.
- Bem...tenho que ir então. Lu já saiu?
Alice assentiu e eu me despedi sem demora. No caminho do hospital, meu celular vibrou novamente. Eu retirei do bolso, lendo as letras pretas em contraste com a tela colorida do meu celular.
"Bom dia, meu Peter Parker. Espero que tenha gostado da fantasia. Amo você...e estou com saudades de ouvir sua voz. Beijos, L”
Eu fechei o visor novamente, correndo ainda mais com meu carro, rumo ao hospital. Eu não queria responder a ela – precisava manter algum espaço entre nós para suportar a noite torturante que estava por vir. Se estivéssemos tão próximos eu
não saberia como iria controlar meu ciúme. Eu estava fazendo a coisa certa. Depois que tudo isso terminasse ela seria minha... Completamente, legalmente e inteiramente minha. Eu dei um sorriso, imaginando seu rosto em minha mente. Eu a amava tanto - e tive que me convencer que tudo daria certo naquela noite. Eu tinha que tentar fazer dar certo.
Quando o relógio bateu contra o ponteiro das 18:00 horas eu sabia que aquele era o momento de encarar a pior noite – Vinha vida; Lu estaria lá, mas estaria ao lado de outro homem. Por mais que o nosso filho fosse o motivo de toda aquela encenação, eu não conseguia convencer meu coração disso.

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