Capítulo 7

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Tania voltou para Greengables alguns minutos antes do amanhecer; sendo os Blythe seus vizinhos, ela não demorou muito para chegar. Ao entrar pela janela, encontrou Anne usando um de seus papeis em branco e sua pena em cima da penteadeira. Se apressou em esconder Alya atrás das costas.

- Bom dia - a morena cumprimentou, como se não tivesse acabado de chegar em casa com uma gata nova em mãos.

- AH! Você me assustou!

- Desculpe.

- Por que só chegou agora? O que estava fazendo a noite toda?

- Nada que você precise saber. Por acaso eu te dei permissão para usar minhas coisas?

- Bem, não; mas eu achei que não fosse ser um problema se eu usasse uma folha.

- Não é, mas me peça da próxima vez - a morena advertiu.

- Vou pedir, com certeza - assentiu vigorosamente.

- Pra que precisa dos papeis, afinal?

- Estou escrevendo meu discurso de perdão para a sra. Lynde.

- Não seria algo como"desculpa"?

- Ora, mas é claro que não; um pedido de perdão deve ser sincero e.. dramático! Preciso mostrar para a senhora Lynde que estou realmente arrependida.

- E você está?

- Isso já é outra história - Tania achou melhor deixar pra lá.

Nesse momento, Marilla entrou no quarto, chamando Anne para tomar café da manhã e entregando o da outra jovem.

Alguns minutos depois, pela janela, a Stacy viu as duas saírem e rumarem para a casa dos Lynde; sabendo que o Cuthbert estava trabalhando no celeiro, ela tratou de correr até o andar de baixo e encher um pote com água, outro com peixe e purê de batata (havia lido em algum lugar que gatos gostavam daquilo) e levar os dois para seu quarto, colocando em um canto onde não seriam vistos a não ser que procurados; Alya foi logo até lá, e pareceu gostar do alimento improvisado.

Dentro de alguns segundos, Mathew bateu na porta.

- Entre.

- Como você está?

- Bem. E a mesa?

- Quebrada.

- Não tão bem, então - sorriram de leve.

- Vou comprar outra hoje.

- Espero que não dê muito prejuízo - ele meneou a mão com desdém.

- Nah - silêncio constrangedor - bom, eu só vim ver se estava tudo bem.. vou indo - e saiu.

Tania amava seu 'pai adotivo'. Ele realmente havia parado o que estava fazendo e tirado tempo de sua rotina para ir ver como ela estava.

A menina sempre achou que Mathew não se importasse com ela; eles só conversavam o necessário e ele nunca se metia na criação dela, além de tê-la ignorado completamente na noite anterior; mas as vezes, em momentos como aquele, quando ele perguntava como ela estava ou como havia sido seu dia, a jovem percebia que, no fundo, ele se importava, e aquilo a deixava feliz.

Ao sair do quarto, o mais velho foi comprar uma mesa nova.

...

Não muito mais tarde, Marilla e Anne voltaram para casa. A ruiva foi para o celeiro, enquanto a mais velha entrou em casa e seguiu para o quarto da morena.

- Olá.

- Oi. Desculpe pela mesa - a naturalidade com que ela falou a fez pensar que já havia quebrado mais móveis e pedido perdão por isso mais vezes do que seria razoável.

- Tudo bem. Eu estava pensando.. sobre.. a nossa briga, e, hm... peço desculpas - sendo a Cuthbert orgulhosa como era, Tania ficou chocada com o fato de ela ter pedido perdão.

- Oh... desculpada - sorriu constrangida.

- Eu não deveria tê-la chamado de ingrata ou te feito sentir-se julgada e.. não-livre para ser você mesma durante todos esses anos; - uau, tinha mais - além de ser uma pessoa que, como qualquer outra, tem o direito de expressar o que pensa, você também é minha filha - os olhos da mais nova marejaram e ela abraçou a mulher.

- Te amo, mãe - sussurrou.

- E-eu... eu também te amo, filha - elas ficaram em torno de um minuto abraçadas, antes de Marilla afastá-la e dizer - você pode sair daqui, se quiser. O novo ajudante chegou hoje e tem a sua idade, talvez possam ser amigos.

- Uhum - respondeu, antes de trocar de roupa e descer as escadas, levando Marilla consigo e torcendo para que ela não visse a gata preta dormindo em cima da penteadeira.

No caminho para o estábulo, Tania passou por Anne, que saía de lá com cara de emburrada.

Entrou na grande construção de madeira e esbarrou bem no garoto, que descia as escadas com um carrinho cheio de feno.

- Foi mal - falou, já pegando a parte da frente do carrinho para ajudá-lo.

- Você também quer roubar meu emprego ou só é gentil?

- A segunda opção - ele suspirou de alívio - por que alguém iria querer roubar seu emprego?

- Pergunte para a cenourinha ali - indicou a cerca, onde Anne estava sentada conversando com Mathew. A morena riu.

- Ela provavelmente não gosta muito de você porque tem medo de os Cuthbert's terem te contratado para que possam mandá-la embora.

- Por que a mandariam embora? - os dois soltaram o carrinho e voltaram para cima.

- Porque era para ela ser um menino, mas a moça do orfanato se confundiu - deu de ombros.

- Entendi.

- Você é francês? Morei na França com meus tios por alguns meses quando era criança, seu sotaque parece de lá.

- Oui, eu sou francês. Pouvez-vous parler ma langue?

- Je ne suis pas très bon, mais je sais - o menino sorriu - quel est votre nom?

- Je m'appelle Jerry, et vous?

- Tania, muito prazer - estendeu a mão, a qual ele apertou (N.A: escrevi esse diálogo sem tradutor, apenas com o pouco de francês que aprendi nos dois meses que fiz de aula a anos atrás, quero aplausos) - bem, eu vou indo - ela sorriu e voltou para casa, logo começando a ajudar Anne e Marilla a preparar o almoço.

Mathew entrou com a mesa nova em mãos assim que a comida ficou pronta, e lhes ajudou a pôr a mesa enquanto contava sobre a conversa que havia acabado de ter com o sr. Barry:

- Vocês três foram convidadas para um chá amanhã a tarde, na casa dos Barry; eles querem conhecer a Anne.

- Tem certeza de quem eu também estou convidada? Diana me odeia, e acho que o resto da família também.

- William disse que sabe que você é uma garota ótima e aquele incidente no aniversário foi uma exceção, e acha que você pode ser uma boa amiga e influência para a filha dele.

- Isso é bom, mas é melhor que eles gostem de Anne na primeira interação, o que vai ser difícil com este vestido, e eu ainda não terminei o novo - a Cuthbert disse, nervosa.

- Ela pode usar um meu.

- Quem são os Barry's? - a ruiva perguntou, parecendo bastante tensa - E por que eles querem me conhecer?

- São nossos vizinhos, uma família muito respeitável. E Tania, agradeço pela generosidade mas, sendo Anne mais baixa e mais magra do que você, um vestido seu ficaria largo nela - e correu para pegar os materiais para fazer o vestido, murmurando - barra, botões. É bom você se comportar - exclamou para a mais baixa.

- Mas por quê?

- Eles tem duas filhas que são muito educadas, e não precisamos delas odiando você também.

- Só uma delas; Minnie May me adora - a morena se defendeu.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora