Capítulo 97

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Ficou combinado que eles passariam a tarde na casa de Ruby, e só iriam para seus próprios lares de noite.

Então, após serem recebidos com abraços e beijos pela querida Amy, eles seguiram a Gilles até seu quarto, que era grande o suficiente para comportar confortavelmente os seis.

- Ruby Gilles, seu quarto é exatamente como eu imaginei que ele seria - disse Bert, olhando ao redor e tirando do lugar uma boneca de porcelana.

- Se isso foi um elogio, sinto muito por Tania - rebateu, tirando da sacola de papelão o descolorante (criado em 1907 - vale tudo no amor e na fanfic), as tinturas e o papel alumínio (criado em 1910 - repito: vale tudo no amor e na fanfic).

- Não que lhe interesse, mas eu sou ótimo com elogios, loirinha.

- Mas será que é? - cutucou o queixo, caçoando.

- Nia, diz pra ela! - pediu.

- Não vou me meter na briga infantil de vocês dois; da última vez, Biby quase rasgou o vestido para se sentar no meu colo antes de você.

- E valeu a pena, porque eu ganhei - mostrou a língua para o Blythe, que devolveu o gesto.

Anne, que estivera lendo o manual de instruções, pegou o descolorante e começou a preparar a mistura, enquanto os dois ainda faziam caretas um para o outro.

- Nan, querida - disse a Stacy, nervosa - é claro que confio cegamente em você, minha irmã, mas o que acha de deixar Diana cuidar disso? - tirou devagar a colher da mão da ruiva.

- Mentirosa descarada! - brigou - Para a sua informação, minha irmã, meu cabelo realmente ficou preto como um corvo antes de eu tentar enxaguar a tinta. Sei bem o que estou fazendo - e tomou a colher da mão dela, já voltando ao trabalho.

- Que horas são? - perguntou Diana de repente.

- 12:43 - respondeu Bert, pausando a guerra de caretas para olhar o relógio de pulso.

- A que horas vocês geralmente almoçam, Bibs? Preciso de comida.

- Eu também - exclamou Nia, faminta depois da longa viagem de carruagem.

- Pouco antes das 1 da tarde; Percy deve vir nos chamar logo - deu de ombros, tomando a boneca da mão de Gilbert e a pousando de volta na prateleira com carinho.

- Falando em Percy - disse Bert, bagunçando a cama perfeitamente arrumada da loira, só para amolar - que história é essa dele com a minha namorada? - perguntou casualmente. Tania tropeçou no ar (ela nem estivera caminhando).

- Acho que você é o único que não sabia, fofo - disse Di - apesar de que também foi o último a saber que você mesmo estava apaixonado por ela, então não podíamos esperar muito da sua pessoa.

- Não foi nada demais - a Stacy respondeu ao recuperar o dom da fala.

- Um beijo não é "nada demais" - ele disse, ainda em um tom descontraído que a estava deixando nervosa.

- Tínhamos uns onze anos de idade - acrescentou, como se aquilo confirmasse que era, sim, nada demais.

- Percy tinha doze - Ruby corrigiu, tentando empurrar o Blythe da cama - aconteceu na noite em que ele fugiu; recebi uma carta enorme a respeito dois dias depois.

- Não está ajudando nem um pouquinho - brigou, se ajoelhando na cama e passando uma perna por cima da barriga do namorado, que a observava com um sorrisinho - o que ajuda, é dizer que já conversamos sobre o assunto e ele me garantiu não ter mais qualquer interesse em mim - se abaixou sem pressa, brincando com os botões da camisa de Bert para distraí-lo, até encostar seus lábios nos dele vagarosamente.

- Saquei a estratégia - murmurou entre o beijo. Ela passou a língua pelo lábio dele - está funcionando - concluiu, a voz abafada pela boca da Stacy. O garoto subiu as mãos pelas coxas dela, se deliciando com cada centímetro de pele que alcançava. Diana deu um tapa forte na mão dele quando esta alcançou a barra da saia - ai, Diana! - brigou, rolando para longe dela e deixando a namorada embaixo de si.

- Vocês estão em um quarto cheio! Não tem vergonha na cara?

- Fizemos coisa pior na festa - Nia murmurou e ele riu, tornando a beijá-la. A Barry subiu na cama de casal e lhe deu outro tapa, dessa vez na parte de trás da cabeça.

- Que saco, Di! - resmungou, finalmente se levantando e afastando de uma Tania corada e levemente ofegante, que mordeu os lábios vermelhos, antes de empurrar a saia para cobrir mais as pernas, ainda deitada.

- Será que é muito cruel da minha parte acrescentar que o Percy tentou beijar a Nia alguns dias depois da citada conversa? - questionou Ruby, folheando o livro de mágicas.

- Por acaso me odeia, Gilles? Ainda está com raiva por que roubei o menino de quem você gostava? - era para ser uma brincadeira, mas o ar pareceu ficar mais pesado. Um silêncio tenso caiu sobre o ambiente.

- Não estou com raiva - ela disse por fim - apenas acho que Gilbert merece saber de tudo.

- Quer que eu conte a todo mundo aqui o real motivo de o Perseu ter voltado? Ele merece saber disso? - rebateu, já sentada e respirando pesadamente.

- V-você não f-

- É claro que não! Eu sei a hora de parar - estava se segurando pra não gritar. Quis se dar um tapa ao perceber que ele já sabia.

- Por que você está tão irritada? Não é como se fosse perdê-lo por causa disso! Você mesma contaria se eu não houvesse dito nada.

- Não me importa o que você disse, importa porque disse. V-

- Gente - Perseu Gilles em pessoa abriu com cuidado a porta do quarto - está tudo bem por aqui?

- Tudo ótimo - ironizou Cole.

- Bem, hm.. o almoço está quase servido - saiu, deixando a porta aberta.

- Fecha a porta, Percy! - berrou Ruby.

- Fecha você!

- Vá comer esterco! - a partir dali ele estava longe demais para que pudessem entender sua resposta.

Anne fechou a desgraça da porta.

- Bem, essa discussão amigável ficou muito feia muito rápido. O descolorante está pronto para uso - puxou Tania pela mão até o banheiro e bateu a porta.

Nan prendeu a metade superior do cabelo da irmã com uma piranha, e começou a passar o creme descolorante nas mechas.

Após alguns minutos caladas, ouvindo os murmúrios indistintos do outro lado da porta, a Stacy quebrou o silêncio.

- Eu pensei que estava tudo bem. Deveria ter ficada quieta.

- Se não houvesse dito nada não saberia que Ruby está tentando separar você e Gilbert.

- Não acho que seja assim, Anne. Não é como em um livro, não foi algo planejado; ela apenas viu a oportunidade e a agarrou. Eu realmente deveria ter ficado calada; fui extremamente desnecessária e mal-educada, e não é a primeira vez que a provoco por isso. Achei que fosse conseguir dar um clima mais leve à situação se fizesse graça.

- Pelo menos agora você aprendeu sua lição - cobriu e enrolou o cabelo da irmã no papel alumínio - vamos almoçar?

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora