Capítulo 40

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- Anne, o que aconteceu com você? - Tania ouviu Marilla perguntar para a menina coberta de folhas e terra, no fim do dia, quando estava chegando em Greengables.

- Ah Marilla, eu tive uma gr-

- Grande aventura, eu sei, peço que me poupe dos detalhes. É melhor vocês duas subirem e se trocarem antes do jantar - acrescentou ao ver a morena, que não estava muito mais limpa.

As duas subiram as escadas saltitando, alegres, enquanto Anne contava a Tania sobre suas aventuras.

- Oh, amada Rainha das Fadas, você acredita que, dentre todas as árvores da Travessa dos Amantes - era o nome que ela havia dado ao bosque florido que levava até outro bosque (que ela ainda não tinha definido o nome), que levava à escola - eu consegui achar a mais antiga e mais gentil?

- Acredito, amada Princesa Cordélia, você sempre encontra as mais sábias filhas da Mãe Terra - sorriu largamente para a garota, que conseguiu devolver o sorriso com ainda mais intensidade.

...

Já limpas e em seus pijamas, as meninas desceram as escadas, e o senhor Dunlop rodopiou cada uma com uma mão, enquanto elas riam. Tania adorava o senhor Dunlop, e dava graças a Deus por ele não conhecer ou gostar do senhor Nate, de maneira que não poderia ser o homem que estava de costas para ela na cafeteria.

- Anne, pegue seu bordado, Tania, pegue seu tecido.

- Eu não precisaria bordar se tivesse papéis. Tania tem milhares de cadernos!

- Que ela comprou com o dinheiro que ganha no teatro (Tania havia se dado tão bem naqueles dois meses de inverno, que recebera uma vaga permanente no teatro de Charlottetown); só lhe comprarei papéis quando as aulas voltarem, depois da colheita.

- Mas bordado é tão pouco estimulante, não tem nenhum escopo para a imaginação!

- Por que não deixa que ela tente costura, Marilla? Assim poderá usar toda a criatividade do mundo para fazer as próprias roupas.

- Anne é vaidosa demais, fará vestidos tão elaborados que nem passarão pela porta!

- Ora, Marilla, me dê uma chance, por favor - pediu.

- Talvez mais pra frente.

...

Enquanto o sr. Dunlop, que era um ótimo cozinheiro, preparava o jantar, Anne e Marilla bordavam, e Tania trabalhava com pincéis finos e tintas para tecido no corpete florido do vestido de veludo acobreado da Shirley, no qual havia recentemente voltado a aplicar minuciosa dedicação.

- O jantar está pronto! - as três deixaram seus projetos de lado (Tania com relutância e Anne com absoluto alívio) e sentaram-se à mesa, que já estava posta.

- Me pergunto onde está Nathan - disse Marilla enquanto se sentava - bom, acho que devemos começar - ouviu-se o barulho da porta abrindo.

- Minhas desculpas - a Stacy soltou um suspiro de frustração ao identificar a voz; ela estava tão perto de ter um dia perfeito! - me desculpem pelo atraso. Me deixei levar pelo trabalho de novo.

- Estávamos preocupados, só isso.

- Por favor, não fique chateada - acariciou o ombro da mulher, cujas bochechas foram coloridas quase imperceptivelmente de rosa - devo dar graças? - perguntou, já sentado.

- Ah minha nossa, faz tempo que não damos graças nessa casa - Marilla comentou devido ao silêncio constrangedor que havia pairado sobre a mesa.

- Não tivemos muito tempo para sermos gratos, principalmente agora na época da colheita - Anne sorriu.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora