Capítulo 45

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- Temo que minha vida já esteja bagunçada com cortejos - brincou.

- Ah é? - ele cutucou sua costela algumas vezes, fazendo cócegas - E quem é o sortudo?

- Promete não contar para Ruby?

- Não me diga que está cortejando o idiota do Gilbert Blythe! - ele cobriu a boca com as mãos.

- Ele não é idiota, Perseu. Na verdade cresceu e virou um perfeito e respeitável cavalheiro.

- Ele te provocava o tempo todo.

- Você me provocava o tempo todo!

- Mas quando eu fazia era fofo! - Tania jogou a cabeça para trás, segurando a risada - Afinal, o que há de confuso em cortejá-lo?

- Eu não sei, não o estou cortejando.

- O que quer dizer?

- Ele foi embora do continente logo depois de trocarmos alguns beijos.

- Idiota e covarde! - exasperou-se - Ora, vamos Beth, você merece coisa melhor.

- Ele vai voltar, Percy, me manda cartas constantemente e fui eu quem o incentivou a viajar. E não venha falando dele, Perseu Gilles, há rumores de que você deixou sua noiva no altar!

- Quem disse tamanha calúnia?

- Rachel Lynde. Ela pode ser fofoqueira, mas espalha apenas a verdade, Gilles, então trate de me contar tudo.

- Não tenho o que contar, Betty, jamais faria tal coisa, sou um homem decente.

- Isto está aberto a questionamentos - ele lhe olhou feio - ande, Perseu, o rumor certamente surgiu de algum lugar.

- Olhe, eu estava, sim, noivo de uma mulher, mas a história foi tirada completamente de contexto! Foi ela quem me deixou no altar, fugiu com Christian na noite do casamento!

- Christian? Seu irmão? Ele não era casado?

- Perdeu a esposa a um ano, e tem trocado flertes com uma mulher nova a cada dia desde então... Eu a deixei no altar - murmurou irritado - nunca ouvi mentira mais incoerente - Tania riu - bem, é melhor continuarmos andando, não quero deixá-la em casa muito tarde.

- Estou vendo que sua avó também lhe ensinou boas maneiras.

- Eu sempre tive boas maneiras! - exclamou.

- Você puxava o cabelo das garotas e jogava giz em nós!

- Eu só jogava giz em você - rebateu.

- Grande diferença - exclamou com sarcasmo.

- Tem, sim, uma enorme diferença, mas você não está preparada para essa conversa. Chegamos, durma bem - beijou o topo da cabeça dela e bateu na porta de Greengables, antes de seguir caminho até a própria casa.

Marilla abriu a porta e Tania entrou, sorrindo.

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Tania era nova em Avonlea.

Ela havia chegado a poucas semanas e não conhecia ninguém, já que a escola só começaria após o fim da colheita.

A garotinha estava sentada em uma pilha de feno no celeiro, relendo um livro que sua mãe havia lhe dado de presente a alguns anos, quando o filho dos Gilles que havia se oferecido para ajudar na colheita em troca de alguns dólares a viu.

- Por que está chorando? - só então ela percebeu as lágrimas que lhe escorriam pelas bochechas.

- Ah, não é nada. Me emociono facilmente com livros - ergueu o citado objeto, cuja capa estava marcada a caneta: Annabeth Stacy.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora