Alimentados e exaustos, os seis finalmente foram dormir.
Acordaram no meio da manhã, perfeitamente descansados e cheios de energia, e tomaram um café da manhã animado que fez a senhorita Josephine se sentir décadas mais jovem.
Então, depois de colocar um disco alegre na vitrola, foram se arrumar.
As meninas usaram escovas de cabelos como microfones e deram um show no enorme banheiro do quarto onde estavam hospedadas.
Ruby foi a primeira a se lavar, em uma água tão quente que soltava fumaça, enquanto Tania e Diana relaxavam na banheira com pepinos nos olhos e Anne lhes contava sobre o sonho maluco que tivera.
- Eu estava no fundo do mar, mas simplesmente sabia que era a casa do meu irmão; o estranho é que não tenho um irmão, mas acho que o subconsciente funciona assim mesmo; e depois de entrar em uma anêmona, eu estava no quarto de Diana, mas era em Greengables-
- Não era no fundo do mar?
- Não, não - abanou as mãos - de qualquer maneira, um príncipe vindo do Brasil apareceu para me pedir em casamento, mas então um golfinho começou a brigar pela minha mão, e quando me olhei no espelho eu era um lebre!
- Anne, querida, não seria interessante considerar um manicômio? - veio a voz risonha de debaixo do chuveiro.
- Ah, como são curiosos os sonhos - suspirou Di, comendo uma das fatias de pepino.
- Hmm e por que diz isso? - provocou Nia enquanto a Gilles saía do box e Nan entrava nele - Teve algum sonho que valha a pena contar?
- Bem - ela hesitou, um pouco nervosa, mas sorrindo levemente - prometem não me julgar? - comeu a segunda fatia.
- Jamais a julgaria, amada Diana - jurou a ruiva, temperando a água do chuveiro, que estava quente demais.
- Não a julgarei em voz alta, mas meu cérebro nada pode garantir - brincou a Stacy.
- Então está bem - disse, depilando as pernas com uma pequena lâmina - a alguns dias, tive um sonho impróprio - revelou.
- Diana Barry! - os pepinos caíram dos olhos de Tania quando ela se endireitou, abismada - Você foi a primeira de nós a sonhar com sexo?
- Não diga esta palavra! - brigou Biby.
- O que é isso? - estranhou Nan, colocando a cabeça coberta de espuma para fora do chuveiro.
- O que as pessoas fazem para ter filhos - sua irmã explicou, ainda encarando sorridente uma Di bastante vermelha.
- Mas por que alguém sonharia com tal coisa? E por que seria o sonho considerado impróprio? E por que a palavra é como um tabu?
- Você faz perguntas demais, Anne - advertiu a loira.
- E eu responderei todas - a Stacy adicionou imediatamente - alguém sonharia com tal coisa porque sexo, apesar do propósito da reprodução, causa um prazer intenso, de maneira que muitas pessoas o fazem sem sequer o objetivo de engravidar. Sonhar com sexo - Ruby a advertia com o olhar sempre que ela dizia a palavra, e Nia estava se divertindo - é inapropriado porque é algo privado que só se deve fazer com seu marido ou sua esposa, quando se é mais velha. E a palavra é um tabu porque Ruby Gilles é inocente e comportada, ao contrário de certas pessoas - lançou um olhar brincalhão para a Barry - e agora eu preciso, com urgência, que Diana me conte com quem foi o sonho. Se você quiser, é claro - acrescentou.
- Olhe, não é tão ruim - encolheu os ombros - e não foi nada demais, apenas alguns beijos e, hm..
- Toques? - sugeriu a Stacy, rindo.
- Isso - ela ficava mais vermelha a cada palavra, e as meninas estavam para morrer de curiosidade.
- Diga logo, Diana Elizabeth Barry, com quem sonhou - implorou Nan.
- Perseu - disse em fio de voz.
- Perdão? - Biby não entendera.
- Perseu Gilles - repetiu, alta e claramente. O queixo de Ruby caiu.
- Diana!
- Não foi de propósito - exclamou, enquanto Nia gargalhava.
- Di, sua safada - riu-se.
- Você fala como se nunca tivesse sonhado com Gilbert - rebateu na defensiva.
- Porque não sonhei mesmo - deu de ombros, a consciência limpa - e você, Bibs? Meu namorado já fez coisas feias nessa sua cabecinha bonita? - ergueu as sobrancelhas, recreando-se com a situação.
- Não diga essas coisas! - brigou, emburrada.
- Está bem, querida, desculpe - levantou as mãos em rendição, entrando no chuveiro.
...
Embrulhadas em roupões felpudos, elas estenderam os vestidos sobre uma das camas, e Tania concluiu que cada uma pareceria um personagem de contos de fada.
Ela mesma seria uma guerreira, com seu vestido azul inspirado em uma armadura; Diana seria uma princesa, em seu traje branco e sem mangas, bordado de dourado; Ruby, uma dríade, com camadas finas de um tecido rosa brilhante cobrindo os ombros alvos e uma saia delicada escondendo os sapatos brancos decorados com borboletas; e Anne, com sua vestimenta verde e justa, uma sereia.
Depois de admirar os vestidos e comentar sobre como ficariam deslumbrantes neles, elas tiraram as toalhas dos cabelos para arrumá-los.
Biby faria um meio-rabo-de-cavalo e o decoraria com uma presilha de flores brancas e amareladas, Nan usaria uma trança escama-de-peixe, Nia ainda não sabia, e Diana colocaria os cachos em um coque frouxo que ela cobriria de pérolas.
As meninas desconheciam, no momento, o paradeiro daquela última.
Esta, que estivera chamando os meninos para ajudá-la com os penteados das amigas, voltou.
- Trago reforços - sorriu - Cole, entre nós você é o melhor com tranças, então ficará por conta de Anne. Ruby, vá secar seu cabelo. Vou arrumar o meu. E Gilbert, Tania é sua.
- Nenhuma novidade - falou, com uma piscadela, para a namorada risonha.
- Quem diria que Diana Barry poderia ser mandona? - ela sussurrou quando os outros se dispersaram, e Bert riu.
- Ela consegue ser eficiente quando quer - concordou, se ajoelhando para ficar no mesmo nível da morena, que estava sentada na cama - então, no que estamos pensando? - enrolou uma mecha do cabelo dela nos dedos.
- Não faço a menor ideia. Mas não queria usá-lo solto.
- Por quê? - ele, Diana e Cole haviam discutido algo no caminho até o quarto, e tido uma ideia.
- Não gosto dele solto. Fica bagunçado e armado - Blythe sorriu; era exatamente a resposta que esperava.
- Vou testar uma coisa, e depois conversaremos novamente a esse respeito, está bem? Temos tempo de resolver caso você não goste - a Stacy franziu o cenho; no que aquele garoto estava pensando?
- Estou confiando meu cabelo a você, Gilbert Blythe, não faça com que eu me arrependa - ameaçou, e ele sorriu enquanto assentia.
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The Fairy Queen - Awae
FanfictionTania ~ nome de origem russa que significa rainha das fadas. "Suponho que adoro minhas cicatrizes, porque elas permaneceram comigo por mais tempo do que a maioria das pessoas" - Nikita Gill Oc x Gilbert Blythe Fanfic baseada na série Anne with an e