Capítulo 92

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Amados, como ando muito ocupada e escrevendo pouco, vou voltar a postar um cap por semana, ok? Gosto de sempre ter no mínimo quinze capítulos nos rascunhos pro caso de imprevistos, então quando voltar a esse número eu volto a postar dois por semana. Amo vocês, beijo, aproveitem 🤍

Tania não podia acreditar.

Aquela era mesmo ela?

Gilbert lambuzara seu cabelo com o creme de Diana, antes de enrolar algumas mechas nos dedos, amassar as madeixas com uma camiseta de algodão e secá-las com uma peneira sobre o secador.

Não levara mais do que vinte minutos.

E agora seus cabelos lhe caíam sobre os ombros em cachos largos e macios.

- Que magia foi essa, Gilbert? - perguntou, encarando o espelho como se fosse um fantasma.

- A magia de descobrir que você, Tania Stacy, não tem cabelo liso - Diana respondeu por ele, encaixando um grampo no próprio coque - bem vinda ao clube.

- Espere aí, não, não, não - se aproximou do espelho, se afastou, virou de costas e passou as mãos pelos fios anelados - durante todos esse anos pensando que meu cabelo era feio, eu só precisava amassá-lo com uma toalha?

- Com um tecido de algodão - Di corrigiu - a toalha o deixa arrepiado.

- O creme também ajuda - Blythe acrescentou - mas, sim, o estado mais natural do seu cabelo que sempre foi maravilhoso - frisou - é assim - deu um sorrisinho, abraçando-a por trás, enquanto ela ainda observava o espelho e tentava assimilar.

- Me sinto perfeitamente bonita - concluiu, tentando soar despreocupada, mas sua voz estava embargada. Ela raramente gostava do próprio reflexo; não que o detestasse, mas gostar era novidade.

- Você é perfeitamente bonita, meu amor - Bert disse, ainda segurando sua cintura coberta pelo roupão violeta - nunca ninguém duvidou disso.

- Eu já - deu de ombros, respirando fundo.

- Pois não deveria - beijou-lhe a bochecha, antes de fazer cócegas em sua barriga, fazendo-a gargalhar se apoiar nele para continuar de pé.

- Estamos de volta com o gel - bradou Anne, os cabelos ainda soltos e escorridos, entrando no quarto junto de Cole. Então ela parou de andar e deixou o enorme pote de gel de cabelo cair, observando sua irmã no reflexo do espelho - Nia! Seu cabelo! Oh céus, está divino!

- Não está? - alegrou-se, segurando as mãos frenéticas da ruiva.

- Como conseguiu deixá-lo assim nos quinze minutos que levamos para encontrar o gel?

- Foi obra de Gilbert, el-

- Foi obra dos seus pais, Fadinha - ele corrigiu - o cabelo dela sempre foi assim - explicou para Nan.

- Tania apenas não sabia cuidar dele - completou a Barry.

- Ah, querida, que maravilha!

...

Ruby saiu do banheiro e também elogiou intensamente os cabelos da amiga.

Com os penteados prontos e sua ajuda não mais requisitada, os meninos saíram do quarto para que elas se trocassem, e iriam esperar pelas garotas no fim da escada, pois assim Anne lhes pedira, afinal queria se sentir como uma personagem de livros fazendo sua entrada triunfal.

Vestidas, depois de dizer uma a outra que estavam magníficas, elas saíram do quarto mal iluminado e desceram as escadas uma por vez.

A primeira foi Nan, se equilibrando cuidadosamente nos saltos pretos finos, e era como se todos os seres do mundo tivessem ficado em silêncio para honrá-la. Seu rosto transcendia a felicidade.

Então foi Diana, que parecia flutuar, tamanha era a sua graciosidade enquanto descia a comprida escadaria da mansão de tia Josephine. Blythe a reverenciou, e a menina precisou sorrir ao se lembrar de quando era pequena e disse que ele precisava se curvar sempre que a visse, pois ela era uma princesa.

Depois dela desceu Ruby, segurando a longa saia com as duas mãos para evitar tropeços, radiante, lembrando um botão de rosa. Cole, trajando um terno castanho e sapatos sociais desconfortáveis, segurou uma de suas mãos e a girou, a pedido dela, para que sua saia ficasse rodada, e Diana bateu palmas.

Tania desceu por último. Ela pisou devagar, os pés calçados em sapatilhas de aparência nobre se apoiando firmemente no carpete vermelho, seus olhos brilhantes. Sorrindo verdadeiramente, com aquele vestido e caminhando de maneira imponente, ela nunca parecera tão grandiosa.

Gilbert a recebeu com a mão estendida, se perguntando se não estava vendo uma miragem. Ele trajava um terno azul escuro que combinava com o vestido de Nia, e calçava tênis; ela riria quando notasse.

- Já falei hoje que você é a pessoa mais encantadora que existe, e eu a amo com todo o meu coração? - ele disse, baixinho, quando a Stacy parou na sua frente; devido ao absoluto silêncio, as palavras ecoaram no ambiente. Seu sorriso, de alguma maneira, aumentou. Ele beijou-lhe os nós dos dedos.

- Eu também te amo - Bert sorriu e tirou detrás das costas a outra mão, que segurava uma bela coroa de prata, decorada com safiras azuis e esverdeadas - Gilbert Blythe, o que é isso?

- Eu prometi lhe comprar todos os presentes que o dinheiro pudesse pagar, não é? - abriu um sorrisinho, antes de encaixar a coroa sobre os cabelos castanhos da Stacy - Minha rainha - passou os olhos por todos o rosto dela, beijou sua testa e soltou sua mão, para que ela falasse com os outros. Não que restasse alguma palavra em sua mente.

- Estamos impecáveis - gaguejou, trêmula. Eles pareciam ter saído diretamente de um livro de fantasia, etéreos e formidáveis. E Bert lhe dera uma coroa de safiras.

- Tania Volkova Stacy, eu sempre suspeitei mas agora tenho certeza absoluta: você é a mulher mais bela a passar pela Terra - disse Anne, observando-a como se admira uma escultura grega.

- Nan, você vai fazê-la chorar - advertiu Cole - mas ela não está mentindo, Musa - Tania riu e limpou uma lágrima do canto do olho.

- Eu amo tanto vocês - fungou, e todos riram de sua emoção.

...

Ao fim da tarde, os convidados começaram a chegar.

Os adolescentes ficaram no andar de cima, observando-os e comentando sobre como cada um parecia ser ainda mais interessante do que o anterior.

- Veja, aquela mulher está vestindo um terno - espantou-se Diana.

- Olhem, um mímico! - apontou Biby.

- Vocês não acharam formidável o vestido daquele garoto? - suspirou Nan.

- Como são enormes as barbas do senhor que acabou de entrar - comentou Cole.

- Também viram a moça de cabelo colorido?

- Tia Julia! - atordoou-se Nia, correndo escadas abaixo. Seus amigos a seguiram - Tia Julia, tia Julia! - chamou, se apressando até a citada moça de cabelo colorido.

- Acalme-se, menina - pediu, risonha - de onde a senhorita me conhece, vossa majestade? - brincou, referindo-se à coroa em sua cabeça.

- Me chamo Tania Stacy - disse, segurando as mãos da mulher. Esta travou por um segundo, observando-a como se estivesse vendo um morto sambar. E então seus olhos se encheram de lágrimas.

- Nia - exclamou, aninhando-a em seus braços - deuses, é você mesma? Pensei que jamais a veria novamente - afastou-a para observar seu rosto - não teria lhe reconhecido se não tivesse me dito quem era, você cresceu tanto!

- As crianças geralmente fazem isso - disse, fazendo-a rir.

- É claro que fazem - seus cílios estavam encharcados - ah, pequena, está igualzinha à ela - Tania sentiu os olhos arderem.

- Obrigada - sua voz falhou, e Julia a abraçou outra vez.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora