Capítulo 37

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Ao terminar sua audição, Tania foi aplaudida de pé por juízes, bailarinas, e mais uma pessoa que ela acreditava estar em um barco em alguma parte da América do Sul.

Gilbert Blythe lhe estendeu a mão para ajudá-la a descer do palco, e ela se esqueceu de como falar durante uns bons 2 minutos, se deixando ser guiada pelo garoto até a parte de fora do teatro.

- Jurei que havia morrido e ido para o céu quando te vi dançando, tive certeza de que estava olhando para um anjo - ele sussurrou em seu ouvido, fazendo-a recobrar a voz.

- Gilbert Harrison Blythe! É bom me dar neste instante uma boa explicação para estar no Canadá e ter a audácia de me fazer pensar que estava vagando pelo Oceano Atlântico! Tem ideia de como eu estava preocupada? De como eu senti sua falta, seu grande idiota?

- Também te amo.

- Cale a boca, não quero ouvir uma palavra, seu imbecil, mentiroso, babac- ele lhe calou com um beijo.

- Se tamanhas atrocidades continuarem a sair dessa sua boca bonita, ninguém mais terá vontade de beijá-la, minha fadinha - murmurou contra seus lábios, fazendo-a prender a respiração.

- Eu te odeio. Muito. Pra caramba - Gilbert sorriu.

- Eu duvido, minha paixão.

- 'Sua' uma ova! Você o homem mais arrogante que já conheci, sabe disso?

- Estava com tanta saudade assim? - ironizou.

- Gilbert Blythe, você vai me explicar agora o que está fazendo no Canadá, e sem gracinhas! - Tania não sabia se a covinha na bochecha esquerda dele era atraente ou irritante naquele momento.

- Por que não faço isso enquanto tomamos um chá? Você parece estressada, minha querida.

- Se me chamar de 'sua' mais uma vez eu acabo com a sua raça, garoto!

- Eu não era um homem a alguns segundos?

- Você é homem quando disser que é homem, e não mude assunto! - com um sorriso, ele cedeu.

- Estou trabalhando no cais, tenho esperança de me contratarem para trabalhar em um navio. Viajar como passageiro está fora de cogitação, uma passagem seria mais cara do que minha casa - abriu a porta de uma pequena e aconchegante cafeteria, onde ela entrou, virando cabeças com seu chamativo figurino de ballet.

- Acho que não pensou nisso quando decidiu ir embora - comentou.

- Realmente, não pensei - puxou uma cadeira, onde Tania se acomodou, e ele se sentou em frente a ela, pegando um cardápio sobre a mesa e procurando um chá do qual ela gostasse.

- Por que estava assistindo às audições?

- Estou no intervalo e as audições são abertas a qualquer um. Por que estava fazendo a audição? - rebateu.

- Porque nós, Cuthberts, estamos pobres como ratos de igreja e em divida com o banco, 1000 dólares por mês não faria mal.

- O quê? O que aconteceu? Desde quando?

- Mathew pegou um empréstimo que pretendia pagar com a colheita, mas como ele teve um ataque cardíaco precisamos de outras fontes de renda.

- Mathew teve um ataque cardíaco? Ele está bem?

- Está vivo. E você? Estou certa de que sua vida anda mais interessante do que a minha.

- Posso ser honesto e brega?

- Fique a vontade, prometo te julgar duramente - ele riu.

- Estive pensando em você na maior parte do tempo - Tania enfiou o rosto nas mãos para impedi-lo de ver a vermelhidão que ela sentia cobrir suas bochechas.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora