Capítulo 93

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- Garota adorada, não tem ideia do quanto a procuramos - a Stacy franziu a testa.

- Procuraram?

- Achou mesmo que não rodaríamos o país atrás da filha da Beth? - a primeira lágrima escorreu pela bochecha de Nia - Quando Jonah nos contou que havia mandado você para um orfanato, jurei que poderia matá-lo ali mesmo - a morena riu, o nariz vermelho - sempre que chegávamos a um orfanato, nos diziam que fora transferida; você era rebelde! - brigou.

- Desculpe, tia Julia - pediu, limpando lágrimas do rosto da moça - Gaby também veio?

- E Anthony e Greg - confirmou, deixando escapar um soluço - eles foram procurar a tia Jo. Talvez deem mais uma festa em sua homenagem - as duas riram, andando de mãos dadas entre os convidados, procurando os outros três. Não entendendo muito e tendo dificuldade em acompanhá-las, os cinco jovens ficaram para trás, decidindo que procurariam a amiga mais tarde.

O reencontro de Tania com os melhores amigos de Annabeth foi cheio de abraços, chororô e risadas.

- Sinto saudades de Beth e Charlie todos os dias - dissera tia Gaby, e a Stacy se sentiu menos sozinha.

- Garanto que todos que os conheceram sentem - acrescentou tio Anthony.

- Todos menos a Dona Magnólia - brincou Greg, e eles riram. Dona Magnólia costumava ser a vizinha dos Stacy, e os odiava com todas as forças; as vezes, arremessava panelas pelo muro na esperança de atingir suas cabeças; em outras, chamava a polícia para reclamar do barulho das festas; certo dia, havia jogado corante vermelho na piscina e tentado incriminá-los por assassinato; aquilo fora cômico.

..

Depois de muitas conversas, garantias de que estava ótima, abraços e convites para festas, jantares e passeios nas mais diversas partes do país, foi procurar seus amigos.

Os encontrou perto do piano, junto de vários outros convidados que admiravam a música da pianista renomada que Diana mencionara.

Quando ela terminou, todos bateram palmas e, após algum tempo de êxtase, a roda se dispersou.

Conseguindo finalmente agarrar a mão de Gilbert, ela se juntou a eles perto da mesa de petiscos.

- Oi amor - ele disse, puxando-a para si e ajeitando a coroa, que estava torta em sua cabeça - como está?

- Maravilhosa - exclamou.

- Quem era aquela com quem estava conversando mais cedo? - Ruby fez a pergunta que estava na mente de todos.

- Minha tia Julia; ela foi a melhor amiga da mamãe desde que se conheceram na faculdade. Estou tão feliz por vê-la!

Antes que a conversa pudesse se estender, Josephine agarrou a mão de Diana e puxou-a consigo; os outros as seguiram.

- Ah Diana, estou tão animada por você, Cecile quer conhecê-la! - a garota arregalou os olhos. Cecile? A Cecile? Pianista mundialmente conhecida Cecile? - Cecile - chamou ao chegar onde a mulher estava - a música foi de tirar o fôlego. Revigorante do início ao fim!

- Fico contente que tenha gostado, senhorita Barr-

- Josephine, por favor - pediu, ultrajada - e esta é minha sobrinha, Diana.

- ..C'est un plaisir de vous rencontrer, Mademoiselle Chaminade - disse a Barry, tentando impressionar Cecile.

- C'est magnifique, enchanté - e abriu um sorriso que provou o esforço de Diana eficaz.

- Diana é uma pianista em formação - acrescentou tia Jo - dê a ela um pequeno vislumbre da sua vida, por favor.

- Eu vejo o mundo compartilhando minhas composições aonde vou - disse Cecile apaixonadamente - sem dúvidas é uma vida incrível; se não se importar em trabalhar duro e viajar, é claro - Di abriu um largo sorriso - isso é algo que você almeja, Diana? - o semblante da jovem fechou.

- A-almejo?

- Com a sua música?

- Uma carreira, querida - srta. Barry explicou.

- Oh. Bem - hesitou, antes de firmar a expressão e responder - não. Eu suponho que poderia tocar como recreação - encarava fixamente um ponto no chão a distância - se for do agrado do meu marido.

- Olhe em volta, querida - caçoou tia Jo - apesar do que lhe foi dito, a sua vida não precisa ser uma réplica da dos seus pais - Cecile concordou vigorosamente - o casamento é maravilhoso, quando se casa por amor. Mas talvez você queira mais do que simplesmente cuidar de uma casa.

- Eu- Diana parecia constipada.

- Por que não toca algo para nós, ma cherie? - sugeriu a pianista.

- N- Gilbert, não suportando mais ficar calado, interrompeu.

- Ela adoraria, senhorita Cecile. Diana e eu admiramos o que você faz desde a primeira vez que a ouvimos tocar, e ela jamais perderia a oportunidade de se apresentar para a senhorita - lançou um olhar de advertência para a amiga, que engoliu em seco.

- Ah, que maravilha! - Bert agarrou o braço de Di e a puxou até o piano.

- Gilbert, eu não consigo - ela sussurrou, tentando se desvencilhar dele.

- É claro que consegue - exclamou Tania, se aproximando juntos dos outros.

- Se você se atrever a não tocar para Cecile Chaminade eu nunca mais falarei contigo, Diana Barry - ameaçou Nan.

- Você consegue, Di, conseguiu noite passada - insistiu Ruby.

- Vocês estavam me assistindo noite passada!

- E estaremos assistindo agora - rebateu Cole.

- Não foi o que eu quis dizer. Além disso, Gilbert estava tocando comigo.

- Se sentiria mais segura se tivesse companhia? - ele perguntou imediatamente.

A Barry respirou profundamente.

- Sim - falou por fim - sim, me sentiria.

- Então vamos - Blythe a puxou o resto do caminho até o piano e os dois se sentaram. A Barry colocou os dedos trêmulos sobre as teclas - Diana, preste atenção - pediu ao notar que ela estava ofegando de nervosismo - feche os olhos e apenas sinta a música, está bem? Toque a primeira que lhe vier a mente, e eu vou acompanhar. Imagine que estamos na sala da sua casa, brincando de música, hm? - Di sorriu.

- Não fazemos isso a anos - apoiou a cabeça no ombro dele.

- Essa é a oportunidade perfeita para recuperarmos o hábito - beijou o topo da cabeça dela, que suspirou, se endireitou, inspirou e começou a dedilhar o piano, até se estabelecer em uma música que Gilbert não conhecia. Não era problema, ele planejava sair assim que ela se sentisse confiante.

Pegando algumas notas aqui e ali, passou a acompanhá-la.

Então, quando Diana fechou os olhos (exatamente quando cantava 'keep your eyes open', ironicamente), apertou as teclas com mais força e tornou a cantar, Bert se levantou e saiu silenciosamente. Ela não percebeu.

Passando o braço pela cintura da namorada, ele se encaixou entre os amigos, observando a Barry se perder na canção.

Então, quando abriu os olhos por um segundo e percebeu que estava sozinha, sua voz falhou. Ela olhou para os amigos, desesperada, mas estes apenas assentiram em encorajamento. Ela fechou novamente os olhos.

Conforme os versos de Di alcançavam todos os cantinhos do salão, as conversas diminuíam e sua voz, mesmo suave, reverberava pelo cômodo.

A cada palavra que lhe saía da boca, ela cantava com mais intensidade. E a cada nota que suas mãos tocavam no piano, Cecile ficava mais impressionada.

Quando a música acabou, Diana soltou uma expiração vacilante, se levantou, oscilando no eixo, e abriu os olhos.

O que encontrou foi uma plateia devota e silenciosa de admiração, mas que não tardou a aplaudir, gritar e assoviar para ela quando Tania iniciou a salva de palmas.

Sim, isso é algo que Diana Elizabeth Barry almeja.

Quando tia Josephine a abraçou junto ao peito com todo o orgulho de seu coração, a Barry teve certeza de que, se não desmaiasse, cairia no choro.

The Fairy Queen - AwaeOnde histórias criam vida. Descubra agora