Nesse momento, Minnie May começou a sufocar.
- Gente! - Diana indicou a irmã, que tentava puxar o ar, mas o catarro a impedia.
- Para a mesa, rápido! - Tania tirou as coisas da mesa e pois uma almofada ali, enquanto Anne e a Barry colocavam a loira de barriga para baixo sobre a mesa, com a almofada abaixo de seu quadril.
- Segure os pés dela - a ruiva ordenou para Diana, que o fez, e logo Minnie May estava pendurada com metade do corpo para fora da mesa. A Stacy se dedicou e dar batidinhas nas costa da pequenina, na intenção de fazer o muco sair de seus pulmões, enquanto Anne a incentivava a tossir.
- Ela está escorregando - a mais baixa disse.
- Senhora Barry, ajude! - a mulher correu até elas e ajudou Diana a segurar os pés da irmã - Vai Minnie May, força, tente tossir! - Tania continuou trabalhando nas costas da criança, enquanto Anne se apressava em pegar um pano - Tussa Minnie May, vamos, tussa! - então, finalmente, em meio ao desespero, a loira expeliu o muco, e conseguiu respirar - isso! Puxem ela pra cima - ordenou, e as Barry's os fizeram.
Tania foi correndo pegar um copo de água, enquanto Diana agarrava a irmã em um abraço.
- Agora o pior já passou, vai ficar tudo bem - entregou o copo para a pequenina - você foi muito corajosa - se esforçou para sorrir. Diana puxou ela e Anne para o abraço.
- Vamos levá-la pra cama - a Barry assentiu e ela e a ruiva subiram para o quarto de Minnie May.
- Acho que o pior já passou - a morena repetiu, tentando confortar Josephine, que parecia sem chão de choque.
- Acho que eu preciso de um brandy - a mais velha disse, e Tania deu risada.
Ao ver que a mulher estava realmente abalada, e ela mesma não estava tão bem, tratou de encontrar e servir o conhaque em dois copos, um dos quais entregou para a Barry, antes de tomar um gole do próprio.
- Ora, mas você é muito nova para beber - ela exclamou.
- Não faz mal tomar um copo de vez em quando - deu de ombros. Havia começado a gostar de beber na época em que morou com os tios na França. A mulher empertigou-se, mas ficou calada enquanto tomava um pouco de sua própria bebida.
- Ora, mas a senhora é muito velha para beber - zombou.
- Você é mesmo uma garotinha muito sem educação - aquela frase lembrou a Tania de algo que ela havia ouvido a muito anos atrás, de uma senhora cujo sobrenome também era Barry.
- Espere um minuto - ela disse, colocando o copo na mesa - a senhora por acaso se chama Josephine?
- Sim, por quê?
- Eu sou sobrinha-neta da sua esposa, Gertrude! - a cabeça dela deu uma volta - Nos conhecemos em uma das festas anuais de vocês, quando eu tinha uns 4 anos! - os olhos brilhantes da moça se arregalaram.
- Tania Stacy? - ela mal podia acreditar - Mas o que faz aqui? Por que você mora com os Cuthberts? Como está sua mãe? Ficamos tão preocupadas quando vocês foram para a França depois da morte de seu pai, eu sinto tanto - a garganta da morena se fechou. Ela respirou fundo antes de responder.
- Mamãe morreu pouco menos de um ano depois que fomos embora - o queixo dela caiu - eu e Jonah voltamos pra cá depois disso, mas ele e a esposa tiveram uma crise financeira e acabaram me mandando para um orfanato. Os Cuthberts me adotaram a alguns anos atrás - deu um grande gole em sua bebida, fazendo uma leve careta.
- Eu sinto muito.
- Não precisa. Aqui é legal - sorriu amarelo - e minha tia-avó, como está? - a expressão da Barry já dizia tudo.
- Morreu ano passado - lágrimas se formaram em seus olhos.
- Oh, eu sinto muito pela senhora, deve ser horrível perder seu amor - "mamãe não conseguiu viver sem o dela" completou mentalmente, sentindo seus próprios olhos arderem.
- Querida, eu fico feliz que não veja problema em quem eu amo, mas os pais de Diana, provavelmente a própria e a maioria das pessoas veem problema, e muito, então se puder tomar cuidado com as palavras - pediu suavemente.
- Sim, claro, desculpe.
...
As duas continuaram conversando por algum tempo, até Tania ficar com sono e subir para dormir, encostada na cama de Minnie May ao lado de Anne.
Uma hora depois, Mathew chegou com o médico, e Josephine os levou para onde as garotas dormiam, contando sobre o que havia acontecido.
- As suas meninas são muito inteligentes, elas salvaram a vida dessa criança, pura e simplesmente - o homem disse para Mathew, que deu um sorrisinho orgulhoso.
- Eu admiro que as duas tem uma presença de espírito muito incomum para essa idade. Não sei sobre a ruiva, mas conheci Tania quando ainda era pequena, e se me lembro bem, ela sempre foi assim, com fogo na alma, brilho no olhar e força nas palavras - sorriu de leve - toda a família era assim, estão entre as melhores pessoas que já conheci.
- É melhor eu levá-las para casa - Mathew disse, se perguntando de onde Tania conhecia a senhora Barry.
Ele acordou as duas jovens que dormiam de mal jeito ao lado da cama, e os três foram para casa, já ao amanhecer.
- Ah gente, não é uma linda manhã? - Tania queria responder que sim, era uma bela manhã, mas estava com tanto sono e tanto frio que nem conseguia falar direito - Parece que você é capaz de derrubar as árvores com um sopro - soltou o ar quente suavemente pelos lábios rachados, que se condensou no ar gelado - sou tão feliz por viver num mundo onde há geadas brancas, vocês não? - Mathew resmungou um 'sim' e Tania resmungou um 'não', sem entender como Anne conseguia ter tanta energia - ainda bem que a senhora Hammond teve três pares de gêmeos, se não eu não saberia o que fazer. Como você soube o que fazer, Tania?
- Meu primo teve crupe uma vez, quando eu morava com ele e meus tios na França. Ajudei minha tia a cuidar dele, então acabei aprendendo algumas coisas - deu de ombros.
- Por que você voltou pra cá? A França deve ser incrível - Ruivinha perguntou, sonhadora.
- Meu irmão decidiu que seria melhor voltar depois que mamãe morreu.
- Você tinha um irmão?
- Eu tenho um irmão.
- Então por que não mora com ele? Quero dizer, Greengables é incrível, e você é incrível, mas deve preferir morar com sua família, não?
- Ele teve que me deixar num orfanato "por um tempo" mas eu fui transferida, e acho que ele nunca voltou lá para me buscar, de qualquer maneira.
- Hm - passou os olhos pelo chão coberto de neve - a Marilla não ficará surpresa quando souber o que perdeu?
- Certamente.
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Tania passou o dia todo dormindo, e Marilla, que chegou em casa perto da hora do almoço, quase teve um ataque quando Mathew lhe contou a história.
Poucos minutos depois, Eliza Barry foi até lá, chorando, para agradecer às meninas por terem salvado a vida sua filha, pedir perdão a Anne e dizer que estava mais do que feliz em permitir e incentivar a amizade dela com Diana; não pôde dizer nada disso diretamente, pois as duas jovens estavam dormindo, mas Marilla garantiu que passaria a mensagem.
Ruivinha acordou logo depois de a mulher ir embora, e foi correndo para a casa dos Barry's assim que recebeu a notícia; Tania só acordou algumas horas mais tarde, morrendo de fome e sede, com os cabelos revirados e os olhos vermelhos.
- Você está acabada - Gilbert, que conseguia parecer ainda pior, disse, escorado no batente da porta que Marilla havia acabado de abrir para ele.
- Não me enche - foi aí que ela realmente olhou para o menino, e percebeu o quão péssimo ele parecia - você está bem? - ele demorou o que pareceu uma eternidade para responder, abriu e fechou a boca várias vezes, antes de finalmente dizer algo que acabou com qualquer fome, sede, ou sono que a garota pudesse sentir.
- Meu pai morreu.
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The Fairy Queen - Awae
FanfictionTania ~ nome de origem russa que significa rainha das fadas. "Suponho que adoro minhas cicatrizes, porque elas permaneceram comigo por mais tempo do que a maioria das pessoas" - Nikita Gill Oc x Gilbert Blythe Fanfic baseada na série Anne with an e