Anne entrou na sala, a saia arrastando de levinho no chão, o cabelo curto decorado por uma coroa de flores, parecendo uma dríade dos contos de fadas.
Gilbert abriu a boca para cumprimentá-la, mas Nan seguiu uma linha reta até Bash.
- Você é o Sebastian, que emoção! Li sobre os antigos reinados da África e sobre os mouros na Espanha, mas eu nunca havia conhecido uma pessoa de cor antes - Tania enfiou o rosto no pescoço de Bert com um gemido; tanto ela quanto Marilla haviam pedido que a Shirley não fizesse um escarcéu - ninguém com as suas feições; sua pele é absolutamente extraordinária. É um enorme prazer conhecê-lo - disse com admiração, estendendo a mão. Durante um segundo tenso, o homem franziu a testa, mas logo abriu um sorriso e apertou a mão dela.
- É um prazer conhecer você também, Anne Cuthbert - Nan riu de alegria.
- Quem gostaria de jantar? - Marilla chamou.
- O cheiro está divino - Bash elogiou.
- Já experimentou bruschetta? - a ruiva perguntou com animação.
- Não, mas o cheiro me diz que eu vou gostar - seguiu até a cozinha acompanhado de Mathew e Marilla, que disse:
- Meninas, apaguem as velas da árvore.
Gilbert ficou para trás com elas para lhes dar seus presentes.
- Anne - chamou, tirando um pequeno embrulho do bolso do casaco. Ela se virou para o moreno - feliz Natal - lhe entregou o objeto.
- E-eu não tenho nada para você.
- Não faz mal - deu de ombros.
Com um sorriso constrangido, Nan colocou o presente no bolso do vestido (todos os vestidos que Tania fazia tinham bolsos) e foi até a cozinha, deixando ele e Nia sozinhos.
Como Bert decidiu ajudar a namorada, eles acabaram soprando a última vela juntos, seus lábios muito próximos.
- E se nós deixarmos o Natal pra lá e formos para o lago patinar? - sussurrou, olhando para a boca dele.
- Garanto que me sinto bastante tentado - abriu um sorrisinho - mas Marilla te mataria por perder o jantar de Natal.
- Ela me mataria por diversão - rebateu, alternando o olhar entre os olhos e lábios dele, ainda muito perto do moreno, que riu.
Devagar, ele puxou-a pela cintura, apoiando uma mão na sua lombar e a outra nas costas desnudas (que se arrepiaram), e a beijou.
- Você tem gosto de morango - sussurrou.
- Usei calda de morango para deixar os lábios vermelhos - respondeu, logo tornando a encaixar sua boca na dele. Céus, como ela amava beijá-lo.
- Fadinha - se afastou um pouquinho.
- Hm? - ainda estava inebriada.
- Tenho algo para você - tirou do bolso uma concha azul-claro fechada.
_____
Uma vez, quando tinham 11 anos, Tania e Gilbert mataram aula para ir até a praia.
Era um dia frio de Outono, então não entrariam na água; ao invés disso, estavam caminhando na beirada, os sapatos pendurados nos dedos, procurando conchas peculiares e fósseis de bolacha-do-mar trazidos da América do Sul pela correnteza.
Eles conversavam sobre coisas que não entendiam.
- Tania Stacy - naquela época ele sempre a tratava pelo nome e sobrenome, porque achava que os dois nomes soavam bem demais para não serem ditos juntos - como alguém sabe que ama outra pessoa?
- Oras, como espera que eu responda? Nunca amei ninguém além de mamãe, papai e Jonah.
- Você geralmente sabe a resposta de tudo - murmurou.
- Você é novo demais para pensar em amor, Gilbert Blythe - naquela época ela sempre o tratava pelo nome e sobrenome, porque seria estranho se apenas ele o fizesse - quem poderia amar, afinal?
- Amo muito meu pai - deu de ombros.
- Mas você precisa amar o seu pai, é a regra.
- Então como sei se amo alguém que não preciso amar?
- Já lhe disse que não sei. Agora olhe por onde anda, está pisando nas pobres conchas - caminhou em silêncio por alguns segundos, pesando a pergunta - acha que ama alguém, Gilbert Blythe?
- Não. Mas se algum dia amar, quero saber que amo - Tania pensou com mais força.
- Acho que você ama alguém quando a pessoa te faz rir de coisas que deveriam te irritar. E você se sente invencível quando estão juntos - o garotinho observou ela, que estava concentrada no chão, e pensou que se Tania Stacy trocasse de lugar com a sombra dele, Gilbert não reclamaria - Gilbert Blythe, olhe! - se ajoelhou na areia molhada para pegar uma concha azul brilhante - Já viu uma concha desta cor? Ela deve ter vindo do céu, e não da água - disse com confiança enquanto ele se ajoelhava ao seu lado - ah, Gilbert Blythe, não é mágico que tenhamos encontrado uma concha de um lugar tão maravilhoso quanto o céu? Estou certa de que a chuva a trouxe para cá apenas para que a encontrássemos - o pequenino Blythe abriu um largo sorriso e segurou a mão dela, que segurava a concha.
- Tania Stacy, você sabia que é minha pessoa favorita no mundo inteirinho? - Tania parou de olhar para a concha para travar seus olhos nos dele.
- No mundo inteirinho, Gilbert Blythe? - seus olhos estavam brilhando ainda mais do que o normal.
- Nesse e em todos os outros, Tania Stacy - jurou. Assustada com a grandiosidade daquilo, ela virou a mão, deixando a concha cair na palma dele, e saiu correndo até Greengables.
_____
- É a concha daquele dia na praia? - sussurrou com a voz trêmula.
- Sim. A deixei bem guardada, senti que precisaria dela algum dia - se segurando para não chorar, Tania pegou a concha das mãos dele - por que não abre? - ela ergueu os olhos para Gilbert e os abaixou de novo.
Com cuidado, abriu a concha, encontrando dois anéis prateados. Ao olhar mais de perto, mesmo com os olhos embaçados de lágrimas, viu que haviam pequenos planetas gravados na prata.
- Nesse mundo e em todos os outros - disse baixinho, a voz embargada - ah, Gilbert, são perfeitos - o abraçou apertado, como se nunca mais fosse soltar - você também é minha pessoa favorita no mundo inteirinho - falou ao se afastar um pouco e encostar suas testas - nunca cheguei a lhe dizer.
- Eu te amo tanto, Tania Stacy - disse, afastando-a mais um pouco para limpar a lágrima que escorria por sua bochecha - gostou do presente?
- Se eu gostei? - riu - Seu grande idiota, Gilbert Blythe. É a melhor coisa que já ganhei na vida - colocou a mão livre atrás do pescoço dele e o puxou para um beijo lento, que fez todo o seu corpo se arrepiar.
Apoiando os calcanhares no chão devagar, porque estivera na ponta dos pés, ela abriu a mão que segurava a concha e ele pegou o menor anel.
- Posso colocar em você? - Nia assentiu. Seu nariz estava vermelho.
Bert pegou sua mão direita com delicadeza e encaixou ali o pequeno aro de prata.
- Minha vez - ela disse, ainda chorando, encaixou o anel no dedo dele, e o beijou outra vez.
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The Fairy Queen - Awae
FanfictionTania ~ nome de origem russa que significa rainha das fadas. "Suponho que adoro minhas cicatrizes, porque elas permaneceram comigo por mais tempo do que a maioria das pessoas" - Nikita Gill Oc x Gilbert Blythe Fanfic baseada na série Anne with an e