Os Cuthbert's iriam adotar um garoto. Um garoto! Haviam passado os últimos três anos apenas com Tania, e estavam se dando muito bem! Como se ela não fosse o suficiente; poderia fazer qualquer coisa que um garoto podia, e disse isso aos mais velhos, mas eles haviam coerentemente argumentado que ela não tinha tempo de trabalhar na fazenda, com a escola e as tarefas caseiras.
O menino chegaria naquele dia, e Tania estava de mau humor, o que, de acordo com Gilbert, era seu humor usual (só porque ela foi grosseira na primeira vez que conversaram; que audácia! Em defesa dela, naquele dia estava muito, muito frio)
Mathew já havia saído de casa para ir à estação de trem buscar o novo morador de Greengables, e estava na hora da escola.
Tania saiu de casa e foi andando até lá, encontrando o Blythe no caminho, como sempre.
...
No recreio
- Eu não acredito que eles realmente vão adotar um menino! Meninos são chatos e nojentos - Gilbert e Cole a encararam, céticos - não vocês dois!
...
Depois que a aula acabou, a jovem voltou para casa, encontrando Marilla e a sra. Lynde conversando na mesa da cozinha.
- Eu vou logo dizendo que você fez uma grande tolice, uma coisa arriscada, isso sim - disse Rachel.
- Deu certo comigo - a Stacy disse, adivinhando corretamente o tópico da conversa.
- Mas isso foi sorte! Você não sabe quem virá. Vai deixar um menino estranho entrar na sua casa, e não sabe nada sobre ele!
- Se ele veio do mesmo orfanato que eu, provavelmente não vai ser um ladrão ou algo do tipo, as crianças de lá são decentes neste sentido.
Rachel então contou uma história sobre um casal que adotou um órfão e ele botou fogo na casa deles.
- Se você tivesse pedido meu conselho nesse assunto, que você não pediu-
- Açúcar? - Marilla interrompeu.
- Eu teria lhe dito, pelo amor de Deus, nem pense nisso!
- Ei! - Tania brigou, abaixando o tom de voz logo depois - Nossa, eu não sou um monstro, não, tá?
- Eu sei que não, querida, mas o menino pode ser! - rebateu a Lynde.
- Não nego que há verdade no que disse, Rachel; eu mesma me sinto apreensiva. Mas o Mathew já tem idade e o coração anda incomodando.
- E acham que eu não consigo ajudar na fazenda - Tania reclamou.
- E sabemos que você não consegue - a mais velha corrigiu - resumidamente, um menino será de grande ajuda. Além disso, ele é da Nova Escócia; não pode ser tão diferente de nós!
- É bom saber que ele não é um.. árabe das ruas de Londres ou um desordeiro francês. Mas um órfão, Marilla? - Tania balançou as mãos acima da cabeça e apontou para si mesma.
- Oh, desculpe querida - a Stacy desistiu da conversa e foi para seu quarto.
Ela desceu as escadas assim que viu, pela janela, Mathew chegando.
Marilla abriu a porta e saiu, com a mais nova logo atrás, as duas confusas quando viram uma menina descer da charrete; mas a confusão de Tania logo foi substituída por animação, a menina era...
- Anne? - sussurrou, mais para si mesma de tão baixo, chocada.
- Tania? - os olhos da cor do gelo se arregalaram, o sorriso se alargou. As duas correram uma para a outra e se abraçaram, mas a Stacy logo se afastou, lembrando de como Marilla odiava qualquer tipo de exagero.
- Mathew Cuthbert, quem é essa? Onde está o menino?
- Não havia menino nenhum, só ela! - o sorriso de Anne caiu.
- Como assim? Deveria ser um menino; pedimos que a senhora Spencer nos trouxesse um menino - argumentou.
- Bom, ela não trouxe. Só a menina. Eu perguntei ao chefe da estação, e tive de trazê-la pra cá; ela não podia ser deixada lá, não importa de quem tenha sido o erro.
- Bom, foi uma grande confusão... ela tem que voltar!
- Não me querem? - Anne se intrometeu. Sua respiração estava tremula, e seu nariz vermelho - E-eu devia saber, eu já devia saber que ninguém nunca vai me querer - ela caiu de joelhos no chão. Tania imaginava como deveria ser, finalmente achar que tem uma casa e ver esse futuro feliz que você esperava escapando por entre os seus dedos; se ajoelhou ao lado da ruiva, passando um braço por cima de seus ombros.
- Ah, por Deus, criança! O que está fazendo no chão? Levante-se! - ela lançou um olhar estranheza para a Stacy, que se pôs de pé rapidamente. Anne não se moveu, parecia em estado de choque.
- Ah, Mathew, o que você acha disso?
- Eu... acho que ela veio de muito longe.. para não ser aceita - ah, como Tania estava orgulhosa do seu velhinho.
- Ela não deveria estar aqui; não deveria tê-la trazido - indicou a menina, ainda ajoelhada com os olhos vermelhos.
- Ela teve um choque, só isso.
- Ela não foi a única!
- Se permitem a minha intromissão - a morena disse - acho melhor levá-la pra dentro, depois vocês decidem o que fazer, mas hoje ela precisa de um copo de leite e uma cama para dormir - Mathew assentiu e Marilla se deu por vencida.
- Chega dessa tolice. Vamos entrar! - a ruiva não se moveu - Estou falando com você, criança - silêncio - já chega, garotinha. Garotinha? Garotinha! - os olhos de Anne se estreitaram e ela levantou a cabeça.
- Garotinha? Essa é a última coisa que eu queria ser - disse.
- Não precisa chorar. Houve um erro, só isso. Nós não vamos devolvê-la hoje. Qual o seu nome?
- O que importa? Eu não ficarei o suficiente para a senhora se lembrar.
- Seja educada e responda a pergunta - a mais velha advertiu. Anne respirou fundo.
- P-por favor, me chame de Cordélia - pediu.
- Chamá-la de Cordélia? Este é o seu nome?
- Ou Penelope! Porque Penelope tem um quê de trágico - Tania já havia escrito um romance trágico onde a protagonista se chamava Penelope e tinha cabelos vermelhos; foi inspirado na amiga, é claro.
- Qual é o seu nome, criança? - Marilla repetiu, impaciente.
- Não pode me chamar por um desses? - continuou sendo encarada firmemente - o meu nome é Anne, só Anne.
- Hm.. Ann é um bom nome, um nome bastante descente.
- Você pode, por favor, pronunciar o "e" no final? Anne com 'e' fica muito mais distinto.
- Muito bem então. Anne, com "e", é hora de entrarmos; levante-se - estendeu a mão, a qual Anne não agarrou ao se levantar.
Marilla abriu a porta e todos entraram.
- Eu sabia - disse a ruiva - é uma casa adorável - fungou e se virou para Mathew - por que o senhor não me disse na estação de trem que não me queria? Por que o senhor não me deixou lá? Se eu não tivesse visto a estrada branca do deleite e o lago das águas brilhantes isso não seria tão difícil! - Tania soube exatamente dos lugares que ela falava, mesmo com os nomes inventados; combinavam perfeitamente.
- Do que ela está falando? - a Cuthbert não tinha tanta criatividade.
- De uma conversa que tivemos na estrada... vou guardar a égua - e Mathew saiu.
- Tire o seu chapéu - disse a Stacy - pode colocar ele e a mala no banco ao lado da porta - então seguiram até a sala.
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The Fairy Queen - Awae
FanfictionTania ~ nome de origem russa que significa rainha das fadas. "Suponho que adoro minhas cicatrizes, porque elas permaneceram comigo por mais tempo do que a maioria das pessoas" - Nikita Gill Oc x Gilbert Blythe Fanfic baseada na série Anne with an e