"Quando o amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta ela é cheia de amor e carinho."
William ShakespeareDepois daquela conversa eu decidi seguir o fluxo, não tinha percebido, mas tentar ser o Pran sem me conectar com o Phat estava realmente me esgotando.
A minha relação com o Ohm teve pequenas mudanças, os abraços ficaram mais longos, os beijos mais frequentes, percebi que estávamos muito mais íntimos, tão acostumados com o toque um do outro, que as vezes estamos nos tocando sem perceber. Ohm tinha razão, depois que derrubamos essa barreira foi muito mais fácil, mas também mais complicado, eu estou mais dependente dele e ele está muito mais preocupado comigo, atento a tudo que acontece ao meu redor, sempre cuidando de mim.
Estou sentado conversando com a equipe de filmagens quando o Ohm me chama para conversar, percebo que está meio estranho, sério demais, normalmente ele não é assim, não comigo.
Nós entramos em uma sala, sentamos e ficamos nos olhando, dou um tempo pra ele, percebo que está inquieto e não sabe como começar a falar. Por algum motivo isso me assusta, mesmo com toda a preocupação ele tem estado meio distante nos últimos dois dias, então a primeira coisa que penso é que ele cansou de toda essa confusão e vai me pedir para parar, não sei se estou pronto para isso.
Ele toca no meu rosto e limpa uma lágrima que nem percebi que tinha caído, fecho os olhos, encosto o meu rosto na sua mão e espero.
- Vem aqui!
O Ohm me puxa para perto e me abraça, ficamos em silêncio por algum tempo, então ele beija a minha cabeça e fala.
- Eu tenho uma coisa pra contar, não quero esconder nada de você, então eu preciso que você saiba... - Fico em silêncio e espero ele continuar. - Non, você sabe que conversei com o P'Aof outro dia para as atualizações... Estava falando sobre você, sobre nós, nada muito específico, só as preocupações gerais que tenho sobre as cenas, o trabalho, as nossas brigas... Ele me disse uma coisa que me fez pensar...
Ele para e não diz mais nada, eu me afasto e o olho, ele está muito nervoso. A única coisa que eu consigo imaginar é que descobriram o que estamos fazendo e o Aof mandou ele se afastar, o Ohm respeita muito o phi, como um pai, ele faria o que fosse pedido sem questionar.
- Pode falar, Ohm, o que quer que seja, nós vamos lidar com isso.
Ele fecha os olhos, encosta no sofá e passa a mão no cabelo duas vezes, coisa que ele faz apenas quando está muito nervoso.
- Ele disse que acha que eu te amo... Eu fiquei pensando sobre isso depois e eu também acho que te amo...
Ok, isso me pegou totalmente desprevenido, então não estou conseguindo assimilar o que ele acabou de dizer. Fico o encarando de olhos fechados até ele olhar para mim, ele se ajeita sentando reto e segura a minha mão.
- Quer dizer... Não acho que seja um amor romântico nem nada do tipo, eu só percebi que é diferente com você. Eu me preocupo com você, mais do que com qualquer outro e quero cuidar de você. Quando você está triste eu fico mal, mas quando está feliz eu ganho o meu dia. Não sei como explicar, talvez seja porque estamos próximos demais, talvez não seja nada realmente, mas queria ser sincero, porque se você não se sentir confortável com isso posso me afastar.... - Ele fica me olhando por um momento, está muito nervoso realmente. - Então... como você se sente sobre isso.
Como me sinto sobre isso? Como me sinto sobre ele me amar? Tento pensar sobre isso, mas a minha mente esta em branco, não sei nem por onde começar, então sou sincero.
- Sinceramente eu não sei como me sinto sobre isso, você me pegou de surpresa, posso te dar uma resposta quando tiver uma, mas tem uma coisa que sei com certeza, eu não quero que você se afaste.
Ele sorri, me abraça forte e beija a minha testa.
- Eu não vou me afastar, enquanto você me quiser aqui, eu estarei aqui para você!
Nos deitamos no sofá e ficamos abraçados por um tempo, muito tempo, até que escutamos a movimentação do lado fora e só então percebemos que está tarde, todos já estão indo dormir e temos que ir também.
Andamos em silêncio até o meu quarto, o Ohm me abraça desejando boa noite e vira para ir embora.- Fica comigo essa noite?
Ele olha pra mim, para o outro lado do corredor e pra mim novamente como se tivesse uma escolha difícil para fazer, então eu facilito pra ele.
- Deixa pra lá, boa noite!
Abro a porta do meu quarto e entro, quando estou fechando ele segura ela e entra também.
Nós vamos para a cama e deitamos um de cada lado, mas isso está estranho, não quero que fique estranho, não quero que ele se feche pra mim, então o puxo ele e abraço, ele fica deitado entre meu ombro e meu peito, é engraçado porque eu sempre me senti pequeno perto dele, mesmo que tenhamos quase a mesma altura, mas hoje ele parece tão pequeno e frágil... Percebo que ele sempre cuida de mim, mas agora é a minha vez de cuidar dele. Essa foi uma noite tranquila, sem beijos e sem segundas intenções.
Acordo quando esta amanhecendo e não consigo voltar a dormir. Ele ainda esta nos meus braços, meio espalhado pela cama. Fico pensando no que ele me contou, tentando entender como me sinto sobre isso, mas não consigo chegar a lugar nenhum. Então tento analisar tudo de uma forma mais ampla. Primeiro, não é um amor romântico, na sua definição, ele se preocupa comigo mais do que com os outros, fica feliz quando estou feliz e chateado quando estou triste, e quer cuidar de mim. Eu consigo entender isso, sempre fomos diferentes em tudo, mas agora temos algo em comum, a simetria dos nossos sentimentos, eu me sinto exatamente assim, só nunca coloquei tudo isso junto, nem mesmo tentei dar um nome para isso, afinal somos melhores amigos e estamos muito próximos, acho que isso é natural.
De repente percebo como me sinto sobre ele me amar, sinto que é recíproco, mas não sei se estou pronto pra admitir isso, as coisas já estão confusas demais do jeito que estão.
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Silêncio
FanfictionDepois desses meses de silêncio eu decidi parar de me esconder e contar a nossa história, mas por onde começar? Será que conto sobre esse período de silêncio e o que fizeram com ele? Sobre o nosso show, ou melhor depois dele? Sobre a aquela briga? N...