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"⁠Até quando tudo parece destruído na nossa história, sempre há um novo capítulo para contar."
Niklaus Mikaelson

26 de fevereiro de 2023 - 2:35a.m

Estou sentado no chão já algum tempo, desde que ele desligou.

"Você não devia saber, ninguém deveria saber..."

Essa frase não sai da minha cabeça. O que fizeram com ele?
Fecho os olhos, respiro fundo e tento me acalmar, pelo menos parar de chorar.
Quando abro os olhos novamente eu sei exatamente o que eu tenho que fazer.
- Eu tenho que fazer com que todos saibam.
Agora que eu sabia o que estava acontecendo, eu não ia deixar eles fazerem isso mais. Essa história da empresa achar que é dona das nossas vidas é absurda. Eles nos sugam ao máximo, extraem até a última gota e depois acham que podem jogar fora.
Não dessa vez, não com o Ohm. Ele já fizeram isso com ele antes, mas agora ele tem quem o proteja.
Eu sabia o que fazer, eu estava me sentindo muito mais leve, não estava mais no escuro e estava pronto pra lutar.
Decidi dormir para planejar como eu faria isso amanhã. Estava muito cansado para pensar sobre isso hoje e realmente estava tarde. Me deitei para dormir com só um pensamento em mente: Eu vou proteger ele.

27 de fevereiro de 2023

Acordei bem, renovado, eu tinha um novo foco, um novo objetivo. Fazia um bom tempo que não me sentia assim. Tomei café com a minha família, eles estavam me olhando com uma cara estranha, o que me fez pensar o quão mal eu estava parecendo para eles nos últimos dias, mas ninguém falou nada. Subi para o meu quarto, desmontei o navio e guardei bem todas as peças. Logo ele estaria com o seu verdadeiro dono.

Deitei na cama e comecei a pensar. Como farei isso? Como vou contar ao mundo? Tem que ser algo épico, algo que depois eles não possam distorcer e dizer que era brincadeira ou fanservice, então não pode ser uma simples declaração.
Eu já sabia a resposta: uma música, minha para ele, não do Phan, para o Phat, mas do Nanon para o Ohm.
Peguei um caderno e o meu violão e comecei a dedilhar, pensando em como eu me sentia, o que eu queria contar.
Fiquei ali por horas, mas não consegui nada. Infelizmente criar uma música não é tão fácil assim. E eu estava me perdendo na nossa história, sempre que eu pensava em algo importante que passamos e que deveria ser contado e me perdia na lembrança.
Eu precisava do Pran agora, sempre senti conectando aos meus personagens, sempre conseguia me tornar eles, assumir a personalidade, pensamentos e manias. Eu conseguia me tornar eles, nem sempre isso era bom, mas era isso que eu precisava agora.
Rabisquei no papel a primeira estrofe da música que o Pran escreveu para o Phat

"Se nosso amor fosse uma canção
Se nossa história fosse escrita para nós cantarmos
Que tipo de música você acha que o nosso amor seria?"

Era exatamente isso que eu queria, eu queria mostrar como era o nosso amor. A profundidade, a entrega, a necessidade, a conexão profunda que nós temos desde antes, até agora. Como somos a fortaleza e refúgio um do outro. Como começar a contar sobre a nossa história toda?
Fico pensando em tudo isso. Quando olho para o papel eu vejo que embaixo da letra da música eu também escrevi.

"622 dias".

Então eu entendi. É isso, essa é a história que eu quero contar, os 622 dias, as 14928 horas, os 895680 minutos , a história inteira, cada pedacinho dela e não é do Phan que eu preciso agora, a nossa história é grande demais para uma canção. Eu preciso do Pakorn.
Coloco o meu violão de lado vejo o horário, já passou da hora do almoço. Resolvo almoçar antes de começar, porque tenho impressão que isso vai ser bem demorado.
Depois disso volto pro meu quarto e vou até o meu computador. Nunca fiz isso, não sei nem como começar, também não sei se vai dar certo, mas eu quero tentar, quero escrever sobre a nossa história.
Fico pensando por onde começar? Onde a nossa história começou de verdade? Foi durante as gravações? Naquele último dia caótico? Em Pai? Eu será que foi antes de tudo isso? Será que eu gosto sobre os dois anos de negação? Não, não foi aí que começou. Onde todo começou então?
Fico olhando para o nada pensando por um longo tempo, quando eu olho para os papéis na minha mesa eu percebo, eu sei exatamente onde tudo começou, foi aquele maldito roteiro.
Agora que sei por onde começar ligo o computador  e começo a escrever.

Capítulo 1: Encaixe perfeito

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