50 tons

634 54 15
                                    

"O gelo no meu umbigo está derretendo. Estou para lá de quente - quente e gelada e querendo ele dentro de mim."
50 tons de cinza


Estou animado hoje, vamos passar as próximas 24h gravando as cenas da peça de teatro do episódio 8.  Eu li o roteiro ontem a noite, estou animado porque é algo que tenho esperado há semanas, desde que descobri que P'Aof queria que o Ohm tocasse xilofone, ele ficou tão feliz, parecia uma criança me contando, era contagiante.

Depois de muitas conversas, brincadeiras e cenas aleatórias sobre os testes da peça e tudo mais, P'Aof nos chama até o palco e começa a explicar a cena que faremos. Nessa cena o Pran está ajudando o Phat com o ensaio em um ato onde os personagens da peça estão em uma pequena briga. Eu tenho que ir até o xilofone e tocar, o Ohm me abraça por trás, segura as minhas mãos e tenta fazer as pazes enquanto tocamos juntos. Ficamos na posição da cena para ajustar os ângulos, acho que vai ser  tranquilo. P'Aof fala para ensaiarmos a cena e o Ohm se aproxima mais, repassamos a cena rápido e o Phi da novas orientações.

Eu quase não consigo acreditar quando acontece, o desgracado do Ohm está segurando as minhas mãos na frente do Phi que ainda está falando com a gente na frente de todo mundo, estamos prestando a atenção no que P'Aof está falando e do nada ele passa o dedo pela minha perna, muito, mas muito perto mesmo da minha virilha. Tento disfarçar da melhor forma possível, mas eu quero matar ele!

Depois disso sabendo que sou extremamente sensível no pescoço começa a falar e respirar bem próximo dele, está fazendo para provocar. Não consigo me controlar, tento me afastar, peço para parar, mas ele está se divertindo com isso. É constrangedor!
Gravarmos  e fazemos uma pausa, estamos conversando gravando os bastidores e me perguntam como foi a cena. Comento que senti cócegas e de repente ele está fazendo de novo, praticamente me agarrando e tentando chegar no meu pescoço enquanto estão gravando. Eu juro que mato ele hoje!

Seguimos com a gravação, ele toca o xilofone sem camisa e eu filmo, tenho que guardar essa lembrança, o Ohm está maravilhoso assim.

Ele desce do palco e eu vou atrás dele, quando estamos sozinhos me empurra para a parede e me beija.

— Como foi?

— Perfeito.

Ele sorri e tenho certeza que mataria por esse sorriso, ele me beija mais uma vez e se afasta.

— Vou ligar para o meu pai!

Acho isso engraçado, é tão Ohm ter as reações mais imprevisíveis.

Quando encerramos as gravações do local, depois de mais de vinte horas, somos liberados pelo resto dia para que possamos descansar. Vou até os figurinistas para trocar de roupa e enquanto estou esperando vejo uma coisa que me chama a atenção e me dá uma ideia de como me vingar por esse dia constrangedor. Vou até onde o Ohm está me esperando e saímos.

— Quer que eu te deixe na sua casa, Non?

— Não, vamos para o seu apartamento.

Ele me olha surpreso, mas não discute.
Chegamos no apartamento, ele fala que vai tomar banho e me chama para ir junto, mas eu não aceito. Ele saí do banho rápido e eu entro. Termino o banho e vou para o quarto, ele sentado na cama olhando para mim, pergunto se posso usar roupas dele e vou até o guarda roupa. Mexo aqui e ali até achar o que quero, deixo a gaveta aberta enquanto me arrumo, coloco só uma bermuda. Pego na gaveta que deixei aberta uma gravata e uma máscara de dormir e coloco no bolso.

Vou até ele que ainda está na mesma posição. Sento na cama ao seu lado, me aproximo e o beijo.

— Quero tentar uma coisa...

Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora