Castelo de cartas

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"Repleto de dúvidas, incertezas e medos. Carregado de sonhos, silêncio e segredos."
Vinícius Dill

- Non, levanta e vem me ajudar.
Eu olho para a porta e o Ohm está parado apenas com um calção enrolado, o que deixa as suas coxas completamente expostas, está sem camisa e o cabelo está preso. Ele só pode estar de brincadeira comigo, porque não entra nu de vez?
- Porque você está vestido assim?
- Nos vamos limpar a casa, levanta.
- O que? Não, nem pensar.
- Vamos lá, você andou tentando fazer uma série porno pela casa a semana inteira, temos que garantir que está tudo limpo e no lugar. Seus pais chegam essa noite, tenho certeza que você não vai querer explicar alguma coisa suspeita em algum balcão, mesa, parede, tapete...
Eu sorrio, ele tem razão, ele veio com a ideia de transar em cada canto da casa e fizemos. O meu lugar favorito é a piscina, mas não deixamos passar nenhuma superfície.
Ele se aproxima, puxa a minha mão e tenta me fazer levantar, eu puxo de volta, ele cai na cama em cima de mim e me beija.
- É sério, tem muita coisa pra fazer.
- Você acha mesmo que vai simplesmente sair daqui assim?
- Agora não Non, depois que nós terminamos eu deixo você fazer o que quiser.
- O que eu quiser?
Eu sorrio e ele concorda, então eu saio da cama e coloco uma roupa.
- Por onde vamos começar?
- Você limpa a cozinha e eu os banheiros.
Passamos o dia todo fazendo isso, não tinha muita coisa para limpar na verdade, mas limpamos tudo de qualquer forma, por garantia.
- Falta alguma coisa?
- Acho que só falta o seu quarto e a piscina, arruma o seu quarto.
- Acho que podemos bagunçar ele um pouco antes...
- Nonnn.
- Ok Ok, eu vou limpar o quarto.

Depois de tudo pronto eu vou procurar ele, vejo que ele está nadando, quando me aproximo percebo que ele está pelado. Eu sento em uma cadeira ao lado da piscina e fico observando, se eu achava ele perfeito nadando, eu não tenho nem como descrever como ele está agora.
Ele vai e volta várias vezes, antes que ele se canse eu tiro a minha roupa, coloco uma camisinha, porque depois de todo esse tempo o vendo nadar eu preciso muito disso, então entro na água. Ele me ve e vem na minha direção, sem dizer nada começa a me beijar. Eu troco de posição com ele e encosto ele na borda da piscina, ele se apoia e eu levanto as suas pernas, olhando nos seus olhos e começo a penetrar, ele joga a cabeça para trás e geme e  começo a acelerar. Quando vejo que ele está quase gozando, paro me aproximo do seu ouvido e digo:
- Não goza.
Ele me olha, respira fundo, fecha os olhos e quando volto a penetrar ele não reage, só fica com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás, é quase um desafio pra mim, eu seguro as duas pernas e meto com força uma, duas, três vezes e nada. Eu desacelero vou entrando e saindo lentamente, ele parece relaxado, está me provocando. Então me aproximo do seu ouvido e falo.
- Que delícia foder esse cu gostoso.
Eu nunca digo esse tipo de coisa, mas gosto quando ele fala. Ele geme e me olha surpreso, eu meto uma vez fundo e forte, ele geme de novo e continua me olhando, começo a acelerar e ele já não consegue se controlar mais.
- Nonnnn?
- Goza!
Ele goza e eu gozo junto. Solto as pernas dele e apoio a cabeça no seu ombro. Ele me puxa até a parte elevada da piscina, senta e me puxa para sentar entre as suas pernas. Ficamos em silêncio, apenas aproveitando o momento.
Depois de alguns minutos ele beija o meu pescoço, suspira e fala.
- Eu quero isso para nós.
- Isso o que?
- Uma casa, a nossa casa.
- Nós vamos ter.
- Eu queria agora...
Eu viro de lado e olho para ele.
- O que aconteceu com o seu plano de três e dez anos?
- Não sei, eu só ... Não sei...
Ele apoia a cabeça no meu ombro e eu não sei o que dizer. Ele me abraça e me puxa para perto e ficamos em silêncio.

No final do dia ele vai embora e eu fico olhando enquanto ele caminha pela rua. Antes de virar a esquina olha para mim e sorri, mas eu consigo ver o seu olhar, aquele mesmo olhar que eu vi várias vezes naquele vídeo e que me perturbou tanto. Ele se vira e vai embora.
Me sento no degrau em frente a porta e fico pensando, eu tenho que ser aquele que tem os pés no chão dessa vez, ainda é cedo demais, o que aconteceu semana passada só mostra como a nossa relação é frágil ainda, hora como uma bomba relógio prestes a explodir, hora como um castelo de cartas prestes a desmoronar, na maior parte do tempo é um castelo de cartas. Quero muito acreditar que somos fortes o bastante para superar qualquer coisa, mas não tenho confiança bastante sobre isso.

Eu fico parado olhando para a rua onde ele virou e tomo uma decisão, pego o telefone e faço uma ligação.
- Boa tarde! Eu sou paciente de vocês, eu gostaria de uma informação, vocês atendem só individual ou fazem terapia para casais também?
- Nome?
- Kirdpan, Korapat Kirdpan.
- Só um momento.... Senhor Kirdpan o seu médico atende casais, mas está de férias, retorna na próxima semana, quer agendar um horário?
- Qual data você tem disponível?
- Temos vaga dia 15.
- Só um minuto.
Eu olho na agenda do meu celular, não quero fazer isso em um dia que tenhamos trabalho, isso pode dar muito certo ou muito errado. Do dia 14 ao dia 18 temos trabalho agendado todos os dias.
- Tem algum horário antes do dia 14 ou no dia 19 à noite?
- Dia 19 às 20horas.
- Ótimo, pode agendar
- Só um momento.
Enquanto eu espero eu vejo o carro dos meus pais chegando, a minha mãe desce, se aproxima e beija a minha cabeça.
- Sr. Kirdpan, ficou agendado para o dia 19 às 20 horas, deseja adicionar o nome da paciente que vai te acompanhar?
- Não.
- Tudo Certo, ajudo em algo mais?
- Não, muito obrigado.
- Tenha uma boa tarde!
- Boa tarde.
Levanto e abraço a minha mãe.
- Está tudo bem?
- Está sim, eu marquei uma consulta com o meu psicólogo.
- Que bom. Você está com uma cara melhor.
Ela me abraça e entramos. Fico pensando em como abordar o assunto com ele, tenho que fazer isso direito para não começar uma nova briga.

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