Silêncio

Aflição

"O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento."
Yoda

Eu acordo com uma dor de cabeça que esta me matando, desço até a cozinha para pegar um remédio e a minha mãe está fazendo o almoço.
- Bom dia filho!
- Bom dia, tem remédio para dor?
Ela aponta para uma sacola no balcão. Eu abro e tem remédio para dor e para ressaca.
- Ele passou aqui?
- Bem cedo, eu tinha acabado de acordar. Pediu pra avisar que vai ter que ficar na casa dos pais dele por alguns dias.
Eu sinto a minha cabeca latejando, não consigo entender porque ele está fazendo tanto drama.
Eu pego um copo de água e a sacola e volto para o meu quarto.

Deito na cama e tento dormir, mas não consigo. Começo a me incomodar com a roupa que estou vestindo e resolvo tomar um banho, tento dormir de novo nada, vou até o computador abro o meu jogo, mas não consigo me concentrar. Depois de duas horas nessa tortura levanto, me troco e saio. Passo pela cozinha e aviso que vou ficar na casa de um amigo, ela pede pra eu almoçar, mas não estou com estômago para isso. Eu saio e vou direto para o apartamento, ele realmente não está aqui, mas com todo esse drama e a dor de cabeça que estou, eu preciso de paz e preciso disso, o meu refúgio.
Me sento na cama e mando uma mensagem para ele.

N: Tá tudo bem?
O: s
N: Quando você volta
O: Não sei
N: E a nossa consulta?
O: Eu apareço.
O: Não posso falar agora
O: Conversamos outra hora.
N: Ok, te amo!
O: tbm

Essa palhaçada está me tirando do sério, resolvo não mandar mais mensagens, se ele quiser ele que me procure.
Eu me deito e durmo, impressionante a facilidade que tenho para dormir aqui.

Mesmo sozinho no apartamento estou com uma rotina tranquila, cozinho, jogo, durmo, todo dia mando mensagem para a minha mãe avisando que estou bem, aproveito para rever Bad buddy. Já é o segundo dia depois daquelas mensagens, ele não me mandou mais nada e não me ligou, eu também não fiz.

Hoje temos consulta a noite, amanhã acaba a nossa folga e voltamos ao trabalho, então ele vai ter que dar um jeito de lidar com isso de um jeito ou de outro.
Para não ficar me estressando com o que vai acontecer eu resolvo dormir.
Quando acordo sinto ele deitado ao meu lado me abraçando.
- Ohm?
Ele não responde, eu tento olhar para trás e vejo que ele está dormindo, eu fecho os olhos e durmo novamente.

Acordo com ele beijando o meu pescoço.
- Amor, acorda, vamos nos atrasar.
Eu me encosto nele e sinto ele virando uma pedra, ele suspira, beija o meu rosto e levanta. Mais essa agora.
- Porque você está aqui? Devia ter me avisado.
- Se eu avisasse, você viria ficar comigo?
Ele me olha, mas não responde.
Levanto e vou tomar banho. Quando volto para o quarto ele não está mais ali, coloco um conjunto de moletom preto, uma touca e vou procurar por ele.
Ele está no sofá, me aproximo e sento no colo dele, mais uma vez sinto ele congelando. Suspiro e coloco a mão no seu rosto.
- Estou morrendo de saudades.
- Eu também.
- Vamos conversar sobre o que aconteceu?
Ele encosta a testa na minha e fecha os olhos.
- Nos estamos em cima da hora, vamos senão a gente se atrasa.

Eu levanto o seu rosto e o beijo, ele se deixa levar, exatamente como antes, como quando eu ainda era o Pran. Eu me afasto e me levanto, não quero isso e também não vou ficar implorando por atenção.
Abro a porta e saio, chego no carro, escuto a porta destravando, entro, pego os meus fones e coloco uma música alta para tocar, então puxo a minha touca para baixo para cobrir os meus olhos. Ouço a porta batendo e então o carro se movimentando. Umas cinco músicas depois ele me cutuca.
- Chegamos.
Eu abro a porta do carro e saio. Chego no consultório e sento nas cadeiras, ele passa por mim e vai até a secretária. Abaixo a minha touca de novo e espero até ele me cutucar novamente.
Quando arrumo a touca vejo o Dr. Alm na porta me olhando, tiro os fones e cumprimento ele. Ele nos chama para entrar e seguimos ele.