Víbora

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"Porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia."
Fabrício Carpinejar

Chego em casa e já são quase oito horas, eu passei a tarde e parte da noite gravando o trailer de The jungle.
Quando entrei a luz do quarto estava acesa, então vou direto para o quarto.
Abro a porta, o Ohm me olha e sorri, corre na minha direção e começa a me beijar, eu beijo o seu pescoço e começo a levar ele na direção da cama. Quando chegamos eu o empurro, olho para ele, sorrio e começo a tirar a camisa. Ele fica sério e levanta, mas eu o empurro de novo. Me deito sobre ele e tento beijar, mas ele vira o rosto.  Eu me levanto e começo a tirar a calça.
- Você não quer?
Ele me olha sério.
- Não!
Agora eu que fico sério.
- Foda-se então.
Eu me viro e vou para a porta, mas ele me abraça por trás.
- Amor, fecha os olhos, tenta não pensar em nada.
Agora eu entendi o que está acontecendo, é mais uma das minhas loucuras, por isso ele disse não. Fecho os olhos e faço o que ele pediu. Ele sobe beijando do meu pescoço até o meu ouvido e sussurra o meu nome, sinto um arrepio e me sinto eu mesmo. Me viro para ele e sorrio.
- Desculpe por isso.
Ele me abraça e me beija.
- Tudo bem, mas que tal você continuar de onde "não sei quem era aquele" parou?
Eu sorrio e levo ele para cama e o empurro. Termino de tirar a minha camisa e me deito sobre ele.
- Ele era uma víbora, acho que posso ser uma víbora, o que você acha?
- Sendo você eu tenho certeza que vou adorar.
Eu avanço rápido no seu pescoço como se estivesse dando o bote e ele da risada, é uma risada tão gostosa que eu me deito ao seu lado e começo a rir junto.
- Você acabou com o clima.
- Desculpa Non.
Eu beijo ele e levanto.
- Vamos tomar um banho.
Ele levanta e me abraça.
- Podemos fazer isso, ou podemos aproveitar o clima quente e ir para a piscina, alguém queria uma casa com uma piscina, mas nunca usou.
Eu beijo ele e digo.
- Tem razão, é um grande desperdício, acho que vamos ter que compensar isso.
Vou na gaveta e pego as camisinhas.
- Três?
Eu olho para ele e sorrio.
- Vai querer para você também?
Ele sorri e sai do quarto e eu vou atrás.
- Vai me dizer quem era aquele?
- O Nannam, eu saí do estúdio com tanta pressa que esqueci de sair do personagem.
- Você tem certeza que vai ficar bem fazendo dois personagens tão diferentes ao mesmo tempo?
- Acho que sim, não estou me afundando mais nos personagens, então só tenho que me lembrar de desligar.
Ele para e segura a minha mão.
- Se ficar difícil demais promete que vai conversar com o diretor para achar um jeito de não deixar mexer com a sua cabeça?
- Eu prometo.
- Que tal uma pizza pra você não precisar cozinhar?
- Já falei que você é o melhor marido do mundo?
- Não, gostei de ouvir isso, quem é o seu marido?
- Idiota!
Ele pega o celular e começa a procurar a pizza, eu vou para dentro da sala que vai ser o nosso estúdio, pego uma caixa de som e levo para fora, conecto o celular, coloco uma play list tranquila para tocar, volto para dentro e abro o armário e a geladeira.
- Está procurando alguma coisa?
- Queria beber hoje, cerveja ou algo assim, mas não tem nada.
Ele beija o meu pescoço.
- Eu vou buscar para você. Cerveja mesmo?
- Pode ser, tenho que trabalhar a tarde, não quero estar de ressaca.
- Eu já volto.
- Eu te amo!
- Quem é o melhor marido do mundo?
- Com certeza é você!
Ele sorri e sai correndo.
- Toma cuidado!
Eu tiro a roupa e entro na piscina, vou até a parte rasa e me deito, fico escutando a música enquanto espero ele chegar, tem uma conveniência não muito longe daqui, então ele não vai demorar.
Não vejo ele chegar, quando percebo ele já está sentando ao meu lado, ele me dá uma lata de cerveja e eu sento.
- Temos que fazer isso mais vezes, só ficar aqui e relaxar.
- Temos mesmo. O início do ano que vem vai ser mais tranquilo, vamos poder aproveitar melhor.
Eu me deito no seu ombro e bebemos as nossas cervejas juntos. A pizza chega, comemos um pouco e continuamos bebendo. Quando a quinta lata de cerveja dele acaba ele tenta pegar outra, mas eu não deixo.
- Se você ficar bêbado eu não vou tocar em você.
- Que tal você me tocar agora então?
Percebo que ele já está alto.
- Vem aqui.
Coloco ele entre as minhas pernas e faço ele se deitar, a água gelada vai ajudar. Ele comeca a fazer pequenos desenhos na minha perna enquando cantarola.
- Será que um dia eu vou acordar e vou descobrir que tudo isso é um sonho?
- Porque seria um sonho amor?
- Porque é tudo perfeito demais.
Ele com certeza está mais do que alto.
- Eu garanto que não é um sonho.
- O Nanon perfeito também diria isso.
- E o que o Nanon que não é perfeito diria?
- Nada, não existe outro Nanon, só o Nanon perfeito.
- Acho que um dia você vai acordar e vai perceber que eu não sou tudo isso.
- Você é, eu conheço cada detalhe, cada coisinha, tudo tudo tudo sobre você. Como especialista em Nanon eu posso dizer que você é tudo isso.
Eu abaixo e beijo a sua testa
- Meu idiota!
Ele sorri e continua desenhando.
- Canta pra mim?
Eu vou passando a mão pelos seus cabelos e vou cantando, quando ele começa a dormir eu paro.
- Amor levanta, vamos para a cama.
- Não, eu quero ficar assim com você.
- Você pode ficar assim na cama. Agora levanta.
Ele levanta meio mole e me abraça.
- Sabe que eu te amo?
- Sei sim, eu também te amo!
- Euteamo euteamo euteamo!!!
- Eu também te amo. Vem.
Eu me levanto e levanto ele junto, pego uma toalha e seco ele, ajudo ele a ir para o quarto e a se deitar. Volto para a piscina e guardo tudo. Quando volto para a o quarto e estou vestindo uma roupa ele me chama e senta assustado.
- Ei, eu estou aqui.
Ele me abraça forte.
- Você está aqui! Você está aqui!
- Eu estou aqui e não vou a lugar nenhum, agora dorme de novo amor.
Ele deita e sorri.
- Eu te amo!
- Eu também te amo!
Deito ao lado dele e fico cantando até ele se acalmar e dormir. Desligo as luzes e beijo a sua cabeça.
- Eu te amo!

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