Confissões

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"Eu sei como ele é e vice versa, só precisamos de um meio termo para ficarmos juntos. Como nos amamos o que podemos fazer de melhor para ficarmos juntos?"
Nanon


Depois da Safe House todo mundo começou a falar sobre o nosso possível namoro, não negamos nem confirmamos nada quando nos perguntam, mantemos tudo no mistério do fanservice.
Nos dois primeiros dias depois que voltamos eu fiquei em casa, no terceiro dia eu fui para a casa do Ohm e fiquei lá o resto da semana, minha mãe nos acompanhou em alguns trabalhos e percebi que ela estava nos olhando de uma forma diferente, não chegou a comentar nada, mas alguma coisa diferente tinha.
Com o tempo eu parei de inventar desculpas e de avisar também, era cansativo demais, então quando eu não aparecia em casa e não avisava para ninguém eles sabiam onde eu estava.

Como imaginamos (ou pelo menos torcemos) a série é a mais popular no momento, semana passada saiu a cena do beijo, aquele que o Ohm me beijou de verdade, mas acho que no fim os dois beijos foram de verdade. O beijo foi um sucesso, não, acho que o termo correto para o que aconteceu e ainda está acontecendo com aquele beijo é que ele foi um escândalo, não aguento mais ver o beijo editado de quinhentas mil formas diferentes. Juro que o Twitter virou só isso. O episódio todo foi perfeito, a forma como contaram toda a história, o Phat descobrindo os sentimentos, as duvidas, o ciúmes, aquela cena incrível do Ohm que foi a segunda coisa mais comentada do episódio, o diálogo deles que ao mesmo tempo que não entregava nada, entregava tudo e por fim o beijo. Tivemos assombrosos 394 mil tweets. Depois disso virou permanente, todo dia éramos sempre tendênciasm em vários países. School Rangers ainda estava saindo toda a semana e os números dela também aumentaram.

Com o sucesso da série varios trabalhos começaram a aparecer. Hoje estamos um podcast, era para ser gravado antes de eu ir para a safe house, mas eles decidiram adiar para ter mais conteúdo.
Primeiro eles perguntam para o Ohm sobre ele não querer mais participar de BL, mas aceitar fazer comigo, ele fala que não era um não definitivo, mas ele quer tentar outras coisa. Perguntam sobre o meu método de atuação, contei como eu me transformava nos personagens e como isso me afetava, sobre ter sido diagnosticado com depressão e como fiquei sem nenhum objetivo durante a pandemia e como isso me deixou exausto, só comia e dormia. Mudo o foco da pergunta para o Ohm e conto como ele, diferente de todo mundo, não deixou a pandemia afeta-lo. Ele conta que mudou o objetivo para ele, sem depender de fatores externos. Conto com orgulho que desde que o conheci ele é assim, fica feliz com sua vida simples, como o seu trabalho, treinamento corporal, com o seu corpo, sem grandes ambições. Falamos das nossas semelhancas com os personagens, de conversas que tivemos na safe house, sobre nervosismo em apresentações e na hora de atuar.
Quando eles perguntam sobre a nossa amizade, o Ohm começa a contar sobre quando descobriu que me amava, eu respiro fundo e lembro que eu falei que não ia impedir ele de dizer que me ama, enquanto fala ele começa a chorar, imprevisível como sempre. Para não ficar estranho eu começo a explicar o que ele disse do meu ponto de vista, como eu sempre estou preocupado com as coisas que ele faz, ou fala, se ele está bem ou se comeu e que da mesma forma ele se preocupa como os meus sentimentos estão me afetando, se preocupa na verdade de todas as formas, como uma alma gemea e que se eu fosse morrer por alguém seria por ele e pelo Chimon que também é muito importante para mim. Contínuo falando da nossa relação e sei que está óbvio que estou falando de algo que vai além da amizade, mas não vou diminuir o que eu sinto por ele, se vou falar sobre isso, vai ser a verdade. Muitas das respostas do Ohm também foram óbvias, ele estava sempre falando sobre me amar. Para encerrar falamos sobre coisas que aprendemos e objetivos.
O podcast vai ao ar dia 14 de dezembro, até lá vamos ter que nos preparar, porque com certeza vai dar o que falar.

Fomos para o apartamento dele, que de um tempo para cá ele começou a chamar de nosso apartamento. Me incomoda como eu me sinto bem toda vez que eu ouço isso.
Estamos encerrando o semestre na faculdade, ainda estamos tendo aulas online, estamos com vários trabalhos para fazer.

Ficar com ele sempre foi fácil para mim, nós sempre tivemos um equilíbrio, eu falo demais e ele é um bom ouvinte, então eu falava sempre a vontade com ele, sem me preocupar se estava incomodando, mas com a convivência nós aprendemos que até o silêncio é confortável, as vezes passamos o dia inteiro estudando juntos sem dizer uma única palavra, mas a todo momento paramos para olhar o que o outro está fazendo, para checar se está tudo bem ou apenas por olhar mesmo. Eu tenho o hábito de me perder nesses olhares, gosto de observar ele estudando, sempre sério e concentrado, ele é inteligente e focado, sempre me surpreende a facilidade que ele aprende as coisas.
- Non, você está fazendo de novo.
Ele sempre me pega quando eu me perco observando ele.
Eu coloco meu notebook de lado e vou até a mesa, me abaixo e abraço ele por trás e beijo o seu pescoço.
- Eu não tenho culpa, na verdade a culpa é toda sua. Você está me distraindo.
- Non....
Eu pego o lóbulo da sua orelha com os lábios e chupo. Então começo a beijar o seu pescoço, vou descendo até chegar no seu ombro e faço como ele, mordo.
Antes que eu perceba eu estou no chão com ele em cima de mim. Ele fica me encarando, eu espero ele me beijar, mas então ele fala.
- Você ter falado que me ama e que sou a sua alma gêmea foi muito importante para mim...
Eu toco no seu rosto e digo:
- Eu te amo e você é a minha alma gêmea e sempre que alguém perguntar e isso o que vou dizer, a verdade.
Então ele me beija, primeiro a minha boca, os meus olhos, o meu pescoço, ele tira a minha camiseta e continua beijando o meu corpo, é um beijo diferente, não sei explicar como mas era diferente, não era desejo, amor ou paixão, era algo muito mais profundo.

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