Blacklist

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"Queria te falar tantas coisas, queria te falar do meu amor que muito tempo não é correspondido, queria te falar de minhas lágrimas, do meu sofrimento, da minha dor e da minha paixão."
Cazuza


Estamos deitados na cama nos olhando, o Ohm deitou atravessado apoiando a cabeça no braço direito e eu deitei na sua barriga. Ele passa os dedos pelo meu cabelo que está sempre caindo nos meus olhos e arruma.

- Posso perguntar uma coisa, Ohm? - Ele concorda e eu continuo. — Depois que vocês saíram eu fiquei pensando no que o Phi falou sobre nós e a época da Blacklist...

Eu não termino, nem chego a fazer uma pergunta, mesmo assim ele responde.

— Eu gostava de você naquela época.

Dizer que estou surpreso por ouvir isso seria eufemismo, eu sento e olho para ele que ri da minha reação.

— Non, você sabe que é muito bonito e muito fofo, e a nossa amizade nunca foi comum. No início eu fiquei muito confuso, nós estávamos juntos o tempo todo, até teve uma época que eu achei que você gostava de mim também... Lembro que você sempre ficava estranho quando eu falava com outras pessoas, até mesmo com fãs, ficava muito irritado quando eu fazia com outros as mesmas brincadeiras que fazemos entre nós, sempre beijava meu pescoço, ombro, rosto, as vezes até o meu peito. Quando segurava a minha mão demorava pra soltar ou nem soltava e eu sempre pegava você me olhando de um jeito diferente... — Ele me encara por um instante e suspira. — Mas era complicado porque também tinha o Chimon, a sua amizade com ele era muito parecida, mas sem as partes estranhas. Enfim, não queria estragar a nossa amizade então só deixei pra lá.

Eu estou tentando entender quando tudo isso aconteceu e o pior, como eu não percebi isso?

— Mas naquele dia você disse que não gostava de homens, você já teve namoradas depois disso.

— Eu disse que nunca tinha ficado com um homem e é verdade.

— Eu não entendo, Ohm, porque você não me disse nada?

— Se eu chegasse em você há dois anos atrás e dissesse que não te via como amigo, que eu queria algo diferente, o que você faria?

Penso sobre isso, há dois anos atrás isso com certeza não terminaria bem.

— Entendi... Sinto muito!

— Está tudo bem, não teria dado certo, foi bem no começo, quando ainda estávamos nos conhecendo e nem eu mesmo entendia o que estava sentindo, você foi o primeiro cara por quem eu interessei e eu só fui comecei a entender o que sentia mais tarde, sabia que teria perdido um amigo se tentasse algo... Foi bom as coisas terem acontecido como aconteceram.

— Então quando você me beijou...

— Nossa, eu queria fazer aquilo há tanto tempo, mas não queria me aproveitar da situação, então tentei focar em te ajudar, mas do nada você me agarrou daquele jeito. Sabe quanto foi difícil me controlar e sair daquele banheiro? E depois a praia, você me provocando na frente de todo mundo, me beijando pra valer. Tudo começou a ficar confuso de novo depois disso. —Ele para por um momento e olha para o teto. — Depois você veio até mim e me beijou de novo, eu já não sabia mais o que fazer, precisava estar com você, mas aquela coisa com os sentimentos do Pran era um grande problema. — Eu fico observando ele perdido nos seus pensamentos olhando para o nada, provavelmente revivendo tudo isso. — Eu tentei falar que estava gostando de você, mas quando você entrou em pânico eu soube que não podia fazer isso, então fui aceitando o que me dava. E quando teve aquele ataque de ciúmes? Meu Deus, você não tem noção de como aquilo me deixou feliz, porque não era uma reação do Pran, era você, você estava com ciúmes de mim, Non, e não era aquela possessividade de amigos que sempre tivemos, era ciúmes mesmo! Você me agarrou de novo, eu estava tentando, mas não estava mais aguentando mais me segurar. — Ele fecha os olhos e sorri. — Você ficou excitado... O jeito que você me agarrou, me beijou e me tocou....  E você abrindo o botão da  minha calça? Só de lembrar disso eu já fico com tesão, você quase acabou comigo naquele dia, tive que tomar um banho gelado depois daquilo... Vários banhos gelados. Foi quando eu percebi que os seus sentimentos estavam mudando, que você também estava gostando de mim, mas eu não queria forçar, não queria te assustar. — Ele inspira e expira, passa a mão pelo cabelo e sorri. — Nem preciso falar de quando acordei com você em cima de mim, juro que levou um tempo para eu perceber que não estava sonhando e depois te chupar, ouvir você gemendo, te fazer gozar... Não tem como descrever. Eu estava com medo de que você se arrependesse no outro dia e fiquei tão aliviado quando você ficou me olhando com aquela cara de quem queria me foder enquanto eu estava escovando os dentes... — Ele me olha e sorri. — Enfim, é isso.

Eu continuo olhando pra ele, não estou acreditando nisso, ele gosta de mim há tanto tempo e passou por tanta coisa, teve que aguentar aquilo tudo, eu praticamente estava me aproveitando dele, dos seus sentimentos... Como pude fazer isso? Foi tão egoísta da minha parte! Desde o início eu só pensei em mim, na minha confusão e nos meus sentimentos. Eu até achei que ele estava se apaixonando, mas isso que ele me contou é outra coisa.

— Me desculpe...

A minha voz falha presa em um soluço e de novo estou chorando, ele se senta rápido e me olha preocupado.

— Ei, ei, você tem que parar de fazer isso, está tudo bem, você não sabia, não era obrigado a saber!

— Eu fui tão egoísta, Ohm!

— Eu estou me agarrando por aí com um cara que eu estou de olho há anos, quando os sentimentos dele estão uma bagunça completa e o egoísta é você?

Eu dou risada desse comentário, só ele mesmo pra tentar me transformar na vítima da história.

- Desculpe por te fazer esperar tanto, Ohm, você nunca mais vai ter que me esperar, eu vou sempre estar com você, prometo!

Eu o beijo, um beijo demorado e sedento, entregando todo o meu amor. Ele me abraça forte e deitamos, ficamos em silêncio por muito tempo.

— O que nós vamos fazer? — Ele olha pra mim tentando entender a pergunta. — Sabe... Quando acabarem as gravações... Aqui nós estamos juntos na nossa bolha, acordamos juntos e dormimos juntos, não sei como vai ser não ter você comigo o tempo todo.

— Você acha que quando se afastar o que sente vai mudar, Non?

— Não. Não! Só que vai ser difícil, sei lá... O que você quer fazer sobre nós?

Ele me olha por um momento e sorri.

— Nós vamos continuar fazendo o que sempre fazemos, continuar juntos, nos amar e nos apoiar. Se você quiser contar para alguém por mim tudo bem, se não quiser eu também não faço questão nenhuma, você sabe que não podemos contar pra todo mundo, isso só só daria dor de cabeça, mas você decide, vamos fazer isso do seu jeito.

Eu fico olhando sorrindo. Meu Deus, eu devo ter salvado uma nação em outra vida para ter ganhado esse homem!

— Não vamos contar pra ninguém por enquanto, não é da conta de ninguém! Vamos nos adaptando conforme as coisas forem acontecendo, contanto que eu esteja com você não me importo muito com o resto, Ohm.

Ele acena concordando e me beija.

— Tem mais alguma coisa que você quer conversar?

— Acho que por enquanto não.

- Tudo bem, vamos nos arrumar para almoçar, senão vamos nos atrasar para a gravação.



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