A cor do amor

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"É o crepúsculo de novo. Outro final. Não importa o quanto os dias sejam perfeitos, eles simplesmente têm de acabar."
Stephenie Meyer

Chegamos em Pai, mas não reconheço onde estamos, é um lugar diferente do que ficamos antes.
- Achei que fosse pegar cabanas de novo.
- Eu imaginei que você não ia querer a Nonnie sozinha em uma cabana.
- Tem razão.
Nos fazemos o check-in na pousada e vamos buscar a minha irmã que ficou dormindo no carro e as bagagens.
- Nonnie, acorda que chegamos. Vamos lá, você pode continuar dormindo no quarto.
Ela acorda com uma cara muito mal humorada e não fala nada,  sai do carro e fica nos esperando. O Ohm pega a bagagem dele, então se aproxima e fala.
- Leva a sua bagagem e a da Nonnie, é melhor não arriscar em lugar público, vai na frente e eu fico uns dois metros atrás de vocês.
Eu concordo, pego as nossas malas e vou levando pelo saguão, tenho que me controlar para não olhar para trás, ele está certo, não tem nenhum hóspede por aqui, mas tem vários funcionários.

Nós vamos até a escada e esperamos por ele.
- Vai ficar bem sozinha no quarto ou quer que eu fique com você?
- Eu fico sozinha e você com o seu namorado.
- Na verdade vocês vão ficar juntos.
- Como é?
- Amor, é melhor, se algum funcionário curioso bisbilhotar, vai encontrar você no quarto com a sua irmã e eu sozinho.
- Mas...
Eu suspiro e não falo mais nada, sei que está certo. Ele se aproxima e me beija.
- Eu disse que vocês iam ficar no mesmo quarto, mas você pode dormir comigo.
- Já sinto falta da nossa cabana.
Ele pega a mala da Nonnie e começa a subir, nós vamos atrás. Ele nos deixa no nosso quarto e vai para o quarto ao lado. Depois de guardar as nossas malas, fecho as cortinas, ela já está deitada tentando dormir.
- Eu vou para o outro quarto, qualquer coisa vai lá ou manda mensagem, vamos esperar você acordar para sair.
- Tá bom, Phi.
Eu beijo a testa dela e saio.

Entro no quarto e ele não está ali, escuto barulho do chuveiro. Claro que está tomando banho depois de dirigir por horas, maníaco por limpeza! Eu vou tirando a minha roupa enquanto caminho para o banheiro, ele olha para mim e sorri.
- Não adianta se animar, meu corpo não acordou ainda, só queria aproveitar e tomar banho com você.
- Então vem aqui que eu te ajudo.
Ele vai me lavando rapidamente e evito molhar o cabelo, não quero ter que secar ele. Depois que termina se lava também e saímos.
- Já tem alguma coisa em mente para hoje?
- Eu pensei em começar por onde já conhecemos, para levar a sua irmã e depois planejamos os outros locais.
- Pra mim está ótimo. Eu vou dormir, dorme comigo?
- Durmo sim, estou cansado.

Quando acordamos já passou das três, estou morrendo de fome. Nós arrumamos e vamos buscar a Nonnie.
Pedimos serviço de quarto enquanto ela se arruma e depois que almoçamos saímos.

Como já conhecemos o local, foi fácil achar o caminho e com certeza fazer trilha por um caminho que não está cheio de lama é muito melhor. A minha irmã está animada, tira fotos de tudo e fotos comigo, concordamos em não tirar fotos com o Ohm, mas eu tirei várias para guardar com as outras. Nós dois temos uma hábito parecido, mas ao mesmo tempo diferente sobre isso, enquanto eu gosto de colecionar fotos naturais de situações rotineiras, sem filtros e retoques, ele gosta de guardar fotos dos nossos trabalhos, tanto as profissionais, quanto as dos fãs, eu já olhei a pasta de fotos dele, na verdade a maioria são fotos minhas, mesmo na época que não estávamos juntos ele já colecionava essas fotos . Eu olho para ele e sorrio e o seu rosto se ilumina como sempre. Olho em volta para garantir, mas sei que estamos sozinhos desde que entramos na trilha. Vou até ele e seguro a sua mão e continuamos subindo de mãos dadas.

Escuto o grito da Nonnie, acho que chegou na cachoeira, quando chegamos ela está tirando selfies, então aponta para nós e tira uma foto nossa, então coloca o celular na bolsa e deixa a bolsa no chão. Quando começa a tirar a roupa eu fico irritado por ela fazer isso na frente do Ohm, mas quando eu olho ele está me olhando, não como se tentasse não olhar para ela, é só aquele olhar de sempre, como se eu fosse a única pessoa no mundo. Ouço ela pulando na água, mas só consigo olhar para ele. Os olhos dele vão escurecendo, o que automaticamente me deixa excitado, ele se aproxima aos poucos e me sinto como a sua presa.
- Phiiii, entra aqui.
Nós quebramos o contato visual e eu olho para ela.
- Ok, já vou.
Ele começa a tirar a camisa, mas eu vou até ele e seguro a sua mão.
- Nem pense em ficar sem camisa na frente dela ou de qualquer outra pessoa, quero aproveitar o nosso tempo aqui, mas isso não vai acontecer se eu tiver um ataque de ciúmes de novo.
- Tudo bem, vamos lá então.

Ficamos na cachoeira até o entardecer, quando o sol está se pondo ele me puxa e me leva até uma pedra alta.
- Sabe que você é cheio de clichês as vezes, não sabe?
- Eu gosto disso, olha la - ele aponta para a direção onde sol está sumindo- vê esse céu laranja? Eu percebi que estava apaixonado por você mais ou menos uns três meses depois de nos conhecermos, eu lembro até hoje, era por volta desse horário, estávamos no meio de uma pausa esperando escurecer para gravar uma cena. Eu estava sentado encostado em uma parede da escola e você estava sentado em uma mesa olhando para o céu, o seu sorriso era tão lindo. Eu estava acostumado com você fechado, sempre sério por causa do Traffic, você já estava no personagem na época, então o seu sorriso me fez perder o fôlego, eu segui o seu olhar e vi o céu, ele estava assim, eu voltei a te olhar e não conseguia mais parar, fiquei tentando entender o que estava sentindo, era algo que já tinha percebido há algum tempo, quando você me tocava, me abraçava, me beijava, eu sempre tinha essa sensação. Então percebi, eu queria ir até você, te abraçar e te beijar. Fiquei muito confuso e queria sair dali, mas não conseguia. Então você olhou para mim e o seu sorriso aumentou, juro que todas as suas covinhas apareceram ao mesmo tempo, meu coração acelerou na hora. Foi então que eu entendi que estava apaixonado, era isso, aquela sensação estranha que nunca consegui entender. Por isso laranja pra mim é a cor do amor, porque foi quando eu percebi que te amava. Sempre que eu não puder estar com você e você sentir saudades, olha para o céu, essa é a cor do meu amor por você.
Eu o olho e ele limpa o meu rosto.
- Ei, porque você está chorando?
- Você não pode simplesmente me contar uma coisa assim e não esperar que eu chore. - eu deito a cabeça no seu ombro e ele me abraça - eu te amo tanto.
- Eu te amo mais.
- Eu sei, acredite, eu sei.
- Canta pra mim?
Eu o olho, encosto no seu ombro de novo e começo a cantar. Está perfeito, tudo está perfeito aqui, não trocaria esse momento por nada.

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