Silêncio

Tenso

"O que eu mais quero é te abraçar, é sentir seu calor, é acalmar meu coração angustiado, e você tem esse dom de me dar paz!"
Velane Pinho

Fazemos o último corte e encerramos as gravações do dia e eu vou buscar as minhas coisas para ir embora, quando pego a minha bolsa a Film me alcança.
- Já está indo para o evento?
- Eu tenho que passar em casa tomar banho primeiro.
- E o Ohm está melhor?
- Está sim, espero que o evento não prejudique a recuperação dele.
- Que chato isso dele ter que ir quando não está bem. Fiquei sabendo que várias pessoas estão indo cuidar dele, se precisar pode contar comigo também.
- Obrigado.
Olho no telefone e tem uma chamada perdida do Ohm.
- Eu tenho que ir, mas obrigado mesmo, se eu precisar prometo que aviso.
- Manda um abraço pro Ohm.
- Mando sim.
Saio já com o telefone já chamado, mas ele não atende, tento mais duas vezes, só na quarta vez ele atende a ligação.
- Oi amor.
- Ohm? O que aconteceu com a sua voz?
Ele pigarreia.
- Eu acordei com muita dor e foi piorando, agora está assim.
Eu chego no carro e ligo ele.
- Estou indo aí.
Chego no hospital e vou direto para o quarto, o Mark está com ele e está com uma cara bem preocupada, ele me abraça e senta no sofá.
Eu me aproximo da cama e toco a sua testa e no seu pescoço.
- Está muito ruim?
Ele tenta falar, mas não sai nada, então ele segura o meu pescoço, me puxa pra perto, me dá um beijo, o Mark começa a dar risada e o Ohm ri junto. O Mark fala quase perdendo o fôlego.
- Cara, eu não acredito que você caiu nessa história de PatPran!
Eu me afasto e olho para eles tentando entender.
- Seu idiota! Você tem noção de que eu vim dirigindo correndo porque eu estava muito preocupado? Você não pensa antes de fazer as coisas?
- Non...
Ele me olha com aquela cara culpada e eu me irrito mais ainda.
- Nanon, é só uma brincadeira.
- Você ...
Eu respiro fundo e tento me controlar, mas acho melhor sair do quarto antes que eu mate os dois. Quando abro a porta dou de cara com o médico.
- Bom dia Doutor!
- Bom dia! Está saindo? Eu vim pra liberar ele.
Eu viro e olho para o Ohm.
- Eu ia contar, mas você surtou.
Eu ignoro o comentário e me viro para o médico.
- Achei que ele tinha que ficar mais três dias.
- A recuperação dele está indo bem, como vamos liberar ele para o trabalho hoje acho que já podemos dar alta.
- Entendi.
Ele faz um sinal e percebo que estou bloqueando a porta, saio da frente e ele entra.
- Então Pawat, você ja pode ir, mas lembre-se dos cuidados, se precisar pode retornar, mas tenta não se esforçar.
O médico vira para mim.
- Já expliquei para ele, mas as recomendações são as mesmas que nós conversamos antes.
- Tudo bem doutor, muito obrigado.
- Espero não te ver mais aqui Pawat.
- Não se ofenda doutor, mas eu não quero te ver mais também.
- Não ofendeu, se cuida então para não acontecer. Boa sorte!
Ele sai e eu continuo parado perto da porta e o Ohm vem até mim.
- Amor, desculpe, não achei que você ia ficar tão nervoso.
- Você é um babaca, pega as suas coisas que temos que trabalhar. Mark pega as suas coisas também que eu te deixo em casa.

Depois de deixar o Mark em casa passamos buscar a minha mãe, ela está estranha, mas não parece brava ou irritada, parece só desconfortável, mas é compreensível, quem não estaria assim? Ela podia simplesmente não querer ir com a gente hoje, mas mesmo assim ela veio para nos dar suporte.

O evento correu bem, o Ohm quis cantar para eu não ter que fazer sozinho então tirei duas músicas do cronograma para ele não se esforçar muito. Ele falou apenas o necessário para não se forçar, mas o suficiente para não parecer indiferente ao evento. A pior parte como há sabíamos que seria foi a coletiva, os repórteres começaram tranquilos perguntando sobre a nossa conversa, mas depois começaram a insistir perguntando se era atuação, o Ohm ficou muito irritado e eu só queria sair dali de uma vez. O Ohm usou aquela bombinha o tempo todo, tive que chamar a atenção dele algumas vezes para ele parar, mas acho que ele realmente estava com muita dor, porque até para beber água estava com dificuldade.
Deixamos a minha mãe em casa depois do evento, passamos no mercado e finalmente encerramos o dia.
Quando entramos no apartamento o Ohm me abraca e beija o meu pescoço.
- Amor, da um banho em mim?
Eu me viro e toco a sua testa, isso já está quase virando um tique nervoso.
- Tudo bem, mas eu já vou avisar e não quero ter que repetir e nem brigar por causa disso depois, não vamos transar, você não está bem, então vai tomar banho e descansar, entendeu?
- Tudo bem.
Ele faz uma cara de que não concorda e sorri.
- Sem transar quer dizer tudo, não quero ouvir nada que tenha qualquer relação com sexo, ainda não esqueci o que você fez de manhã, então é melhor se comportar.
- Ok, entendi. Vamos pro banho.
Depois do banho ajudo ele a se deitar e vou fazer uma sopa pra ele e um sanduíche para mim, coloco a sopa em uma caneca para ele beber.
Volto para o quarto e ele está com a bombinha na mão. Pego ela e dou a caneca para ele.
- Vamos tentar ficar sem isso um pouco? Toma sopa e depois os remédios.
Eu levo a bombinha até a comoda e guardo na gaveta.
- Vai ficar aqui, se começar a doer e você realmente achar que precisa usar eu pego para você, tudo bem?
- Tudo bem.
Ele toma a sopa bem devagar, da pra ver que está se esforçando muito para engolir. Quando ele termina eu levo a caneca para a cozinha, lavo e pego uma garrafa de água para deixar com ele no quarto.
Depois que ele toma os remédios eu fecho as cortinas, ligo a tv e me deito ao lado dele
- Vem aqui amor.
Ele abre um sorrisao e deita no meu braço.
- Estou feliz de estar em casa com você Non.
Tudo que aconteceu durante o dia, não, durante a semana, me fez ficar tenso o tempo todo, agora pela primeira vez em dias com ele nos meus braços eu consigo finalmente relaxar. Eu beijo a sua cabeça e digo.
- Eu também estou feliz por estarmos aqui, mas a minha casa é aonde você estiver.

**** Notas: Esse evento foi cheio de momentos fofos e divertidos, com muitas fotos e vídeos pra fazer a gente ficar horas e horas assistindo, mas o meu vídeo favorito é um 144p fancam onde eles estão trás do palco, o Ohm está usando a bombinha e o Nanon olha preocupado,  levanta a mão e faz um sinal militar para ele parar. Foi tudo muito discreto e por isso é o meu momento favorito porque mostra a preocupação genuína do Nanon.