Nostalgia

319 47 6
                                    

"Se pela força da distância você se ausenta, pela força que há na saudade você voltará."
Padre Fábio de Melo

Os trabalhos não param de chegar, são entrevistas, lives, programas, encontro com fãs, divulgação de produtos, apresentações.
No nosso primeiro evento público eu estava com medo que poucas pessoas aparecessem, mas no final tinha tanta gente que mal conseguíamos andar, acho que os organizadores também não esperavam por isso,  por isso tanta gente conseguiu participar. O segundo evento também foi assim, só que dessa vez foi mais organizado, as pessoas assistiram, mas em um espaço delimitado.
Sempre depois dos eventos nós paramos para olhar os tweets dos fãs, assim conseguimos ver o que está agradando, o que não está e principalmente se precisamos melhorar em algum ponto. Sempre tem alguma coisa que se destaca, no primeiro evento foi o Ohm que não tirava as mãos de mim pra variar e eu dando sorvete para ele, um momento em específico foi muito comentado, quando o Ohm comeu parte do sorvete que eu dei para ele e então eu comi o que sobrou na colher. Percebi ali que além de ficar de olho no que ele faz eu vou ter que prestar um pouco mais de atenção no que eu faço também. No segundo evento como tinha um roteiro a ser seguido, então tudo foi mais restrito, mas ainda assim uma coisa ou outra acabou escapando. Em qualquer coisa que fazíamos o que é mais evidente são os olhares, os olhares sempre nos entregam.

Dezembro já começou com o evento da GMM e a divulgação dos nossos novos trabalhos. Recebemos várias propostas durante o mês passado, o Ohm recusou a maioria porque eram todas para BLs, mas aceitou duas séries, eu aceitei duas series novas também, além disso vamos participar de uma série e faremos um filme juntos. Filmamos os teasers para divulgação e estamos esperando a agenda das gravações. Logo no início já sentamos e conversamos sobre isso, eu sabia que cenas de beijos seriam um problema para nós dois, então concordamos em nos apoiar independente do que façamos, mas só vamos saber se isso vai funcionar mesmo na prática. Recebemos também a proposta de um programa nosso, mas ainda estão tralhando nisso.

Assisti o sétimo episódio de Bad Buddy em casa, é o primeiro episódio que não vemos juntos, mas a mãe do Ohm esta doente, então ele está ficando na casa dos pais por alguns dias para ajudar, nos vemos sempre que tem algum trabalho, mas ainda assim não é a mesma coisa, eu sinto falta dele.
O Mark veio ficar aqui nesse período novamente, a nossa amizade está cada vez mais forte, não como com o Ohm e o Chimon, é mais como a Nonnie, como se ele fosse um irmão mais novo, um irmão que gosta das mesmas coisas que eu, isso ajuda a me distrair, mas a cada dia que passa eu sinto mais saudades.

Depois que o episódio acabou, juntou a saudade e a nostalgia e eu não consegui dormir. Olho no relógio e é quase meia noite, o Mark já esta dormindo, o Ohm já esta dormindo, todo mundo esta dormindo e eu ainda estou acordado.
Sinto como se estivesse sufocando, me sento, deito novamente, tento me concentrar e dormir, mas não funciona, aquela sensação não me abandona. Levanto para beber água, sento no sofá e fico pensando nele, como eu sinto falta dele, de simplesmente estar com ele, queria poder voltar para a nossa bolha da época das gravações, onde eu ficava com ele dia inteiro, sabendo que no outro dia também seria assim, apesar das dúvidas sempre havia essa certeza, de que ele estaria ali.

Olho para o relógio na parede, são meia noite e quarenta, ainda bem que não tenho trabalho amanhã, tenho certeza que vou estar acabado se continuar assim. Penso de novo como seria bom estar com ele, só estar perto dele...
Vou até a cozinha, lavo o copo e guardo. Quando estou voltando para o quarto eu olho para a porta, fico parado olhando para ela por não sei por quanto tempo, não sei se realmente foi uma decisão ou apenas impulso, mas pego as minhas chaves, abro a porta e saio.
Está frio, então eu vou andando rápido, as ruas estão vazias, na terceira quadra eu percebo que isso foi uma péssima ideia, mas continuo andando. Estou apenas com roupas de dormir e chinelos, nem o meu celular está comigo, definitivamente uma péssima ideia.

Chego no apartamento dele, não é muito longe da minha casa, se não fosse pelo horário seria uma caminhada tranquila, abro a porta, entro e respiro aliviado, realmente consigo respirar pela primeira vez em horas. Vou até o quarto e me deito, depois de uns dez minutos levanto, vou até o guarda roupa, pego uma roupa dele, me troco e volto a deitar, abraço o seu travesseiro e finalmente durmo.

Eu sinto ele passando a mão no meu rosto, consigo sentir o seu cheiro, o cheiro que sinto tanta falta, viro o rosto para a sua mão, abro os olhos e sorrio, ele está abaixado ao lado da cama, me olhando.
- Bom dia!
- Você quase me matou de preocupação, o que você está fazendo aqui?
- Eu estava sentindo a sua falta e não conseguia dormir. Deita comigo um pouco?
Ele pega o travesseiro que estou abraçado arruma e se deita, me puxa para ele e me abraça, ficamos assim em silêncio, era só isso que eu queria.

Depois de um tempo ele beija a minha testa e pergunta.
- Você está bem?
- Estou bem agora.
Vejo ele pegar o telefone e faz uma ligação.
- Oi, eu encontrei ele, está tudo bem, ele está dormindo no meu apartamento. - Ele faz uma pausa e fica escutando. - Não se preocupe, ele veio pegar uma coisa que esqueceu aqui e acabou dormindo. Ele está no banho, peço para ele te ligar mais tarde. - Mais uma pausa - sim, eu aviso.
- O que foi isso?
- Sua mãe, ela está muito preocupada. Ela me ligou perguntando se você estava comigo, ela achou estranho porque deixou o celular em casa e o Mark não te viu saindo. Nem preciso dizer que quase morri mil vezes até chegar aqui. Está todo mundo te procurando.
- Entendi, sinto muito.
Eu abraço ele mais forte, me encaixo no seu pescoço, fico sentindo seu cheiro e não digo mais nada, não vou me preocupar com isso agora, não vou deixar nada estragar esse momento, eu lido com a minha mãe depois.

Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora