Desafio

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"Nunca faças apostas. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes és um tolo."
Confúcio

A filmagem do programa da Shopee acabou e estou esperando o Ohm para ir embora, fico olhando de longe pensando se vou socorrer ele ou se continuo me divertindo.
A P' Mai ficou dando em cima dele desde que chegamos, percebi que toda hora ele olhava pra mim pra ver se eu estava bem, mas na verdade é fofo de assistir, ele parece aqueles nerds do colegial que não sabem como agir quando uma garota bonita chega perto.
Ela começa a dar risada e coloca a mão no braço dele que automaticamente me procura. Ele disfarça e da um passo para trás, longe do alcance das mãos dela, mas alguém passa atrás e a empurra pra cima dele. Ela ri de novo, ele a ajuda a se equilibrar e a solta, de novo me olha, fico olhando sério e ele fica mais nervoso ainda, mas não estou irritado com ele, só não gostei do que tentaram fazer.
Vou lá ou não vou? Ela toca nele de novo tentando chamar a sua atenção, aproveito que ele não está olhando e dou risada. Vejo três pessoas me encarando, acho que esperam uma cena aqui, melhor eu não ir.

Depois de uns cinco minutos ele finalmente consegue se livrar dela, se aproxima com aquela cara de criança que foi pega aprontando e eu continuo sério. Olho para o lado e o grupinho de tres aumentou para cinco, se eu for brincar não vai ser aqui. Eu faço sinal com o olho para o lado, ele segue o meu olhar e então pergunto.
- Você está pronto?
- Acho que podemos ir, quer carona para a sua casa?
- Quero.
Nós vamos andando mantendo uma distância de meio metro entre nós.
- Non...
- Aqui não.
Continuo sério, mas a vontade é morder ele de tão fofo que está.

Chego no carro e espero ele destravar a porta, mas não destrava, viro para ele que está parado olhando para mim com a chave na mão. Vou até ele, pego a chave, entro e ligo o carro, ele abre a porta do passageiro e senta.
- Non, não é minha culpa.
- O que não é sua culpa, Pawat?
Escuto ele suspirando, eu só o chamo de Pawat quando estou irritado.
- Eu não podia ser rude com ela, o que você queria que eu fizesse?
- Ajudaria se você não saísse por aí oferecendo o seu corpo.
Foi maldade, mas ele realmente em uma brincadeira disse que confiava o corpo dele a ela. Ele se encosta no banco e eu quase me entrego e conto que não é nada do que está pensando, mas foco no trânsito e espero chegar em casa.

Quando chegamos em casa, ele entra atrás de mim e fica me olhando de novo igual uma criança que foi pega aprontando. Eu aponto para o sofá.
- Senta.
Eu aproveito a situação e vou até a geladeira e pego um pote de sorvete, faz uma semana que não encosto em um.
Pego uma cadeira, coloco de frente para ele e começo a comer o sorvete, da pra ver que não gostou, mas não fala nada.
- O que você fez de errado?
- Nada.
Ele me olha chateado e eu sorrio.
- Então porque você está assim?
- Você não está bravo comigo?
- Porque eu estaria amor?
- Ela estava...
- Sim, ela estava, eu sei que você não fez nada. Na verdade você estava tão desconfortável com a situação que eu quase te tirei de lá, mas aqueles caras estavam olhando.
- Não acredito que você ficou me torturando, fazendo eu pensar que estava com ciúmes.
- Posso ficar irritado se você quiser.
- Não não. Estamos bem então?
- Claro que estamos.
- Então me dá isso.
Ele levanta e tenta pegar o sorvete, mas eu consigo desviar.
- Se você encostar no meu sorvete eu vou ficar irritado de verdade.
- Só metade então. Quer tomar banho comigo ou vai depois?
- Pode ir, assim que eu comer eu vou. Já que estamos flexíveis hoje posso pegar uma pizza?
Ele suspira e concorda.

Como só mais um pouco e vou tomar banho com ele. Me aproximo e o abraço.
- Você pediu pizza?
- Uhum.
Ele me abraça também e ficamos assim.
- Foi um dia bom Ohm, você estava fofo hoje, por isso todo mundo estava babando por você.
- Eu não ligo para os outros, só tem uma pessoa que eu me importo e eu estava encantado com o olhar apaixonado dele, ele nem tentou disfarçar.
- Estava óbvio assim?
- Estava, só espera sair pra você ver. É estranho eu ficar feliz por você estar flertando comigo?
- Nos pulamos essa parte né? Acho que eu ia gostar disso, a fase do flertar, paquerar, ficar envergonhado, a expectativa, o coração acelerado...
- Você pode flertar comigo a vontade, eu vou adorar.
- Isso me dá tantas ideia.
- Me surpreenda.
- Que tal um desafio Pat Pran? Eu vou te mostrar como eu flerto, vou fazer você se ajoelhar e declarar seu amor por mim. Se você perder sem sexo por um mês.
- Você vai ficar sem sexo por um mês?
- Não me desafie.
- Ok, então eu vou mostrar como eu flerto, se você perder... - ele para e fica pensando.- Se você perder, vai ter que vir morar comigo.
- Ohm!
- Foi ideia sua, me vença!
Eu fico olhando para ele, como eu fui me meter nessa? Sem sexo ou morar com ele? Merda!
- Você pode só admitir que é covarde demais para seguir com a aposta e fugir.
- Ninguém vai fugir aqui, eu posso muito bem ficar sem sexo. Quem disser que ama o outro primeiro perde. Que os jogos comecem.
- Que os jogos comecem!
Ele pega na minha cintura, me aproxima dele e me beija, vai descendo pelo meu pescoço, morde o meu ombro e escutamos a campainha.
- É a pizza Ohm, eu vou lá.
- Não eu vou, toma banho.
Quando ele sai do banheiro eu encosto na parede e bato a cabeça. Isso não vai dar certo, devia ter ficado com a boca fechada. Eu poderia desistir, mas a natureza competitiva do Pran pelo jeito ainda faz parte de mim, não vou voltar atrás.
Acho melhor eu começar a me preparar para um mês sem sexo.

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