Receios

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"A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo.“  
H. P. Lovecraft

São nove horas da manhã, estou parado há mais ou menos meia hora na frente do guarda roupa e não consigo decidir o que usar. Já olhei até nas coisas do Ohm pra ver se eu achava alguma coisa e também não tem nada, devia ter trazido algo de casa ontem.
Se ele estivesse aqui, talvez me ajudasse a escolher alguma coisa, mas ele levantou cedo para ir a academia e ainda não chegou.
Chego perto de novo e começo a olhar cabide por cabide. Nada. Acho melhor ir para a casa pegar uma roupa,  mando mensagem pro Ohm.

N: Está na academia ainda?
O: Não
O: Quase chegando.
N: Ok

Resolvo esperar ele chegar, não quero que fique preocupado. Olho mais uma vez para o guarda roupa, fecho as portas e decido tomar um banho. Pego a minha caixinha de som, levo para o banheiro. Deixo a minha playlist rodando enquanto tomo banho, isso vai ajudar a me distrair.
Entro no banho, fecho os olhos e fico sentindo a água escorrer por mim.

Estou nervoso, eu sei disso, é a primeira vez que estou indo na casa dos pais dele depois que começamos a namorar. Eles não sabem e nem vão ficar sabendo disso por enquanto, mas não tem como eu não sentir que ir lá dessa vez é diferente. Eles sempre me trataram muito bem, mas e se me verem de forma diferente agora que eles sabem que gravamos uma série como casal? Óbvio que eles sabem que nos beijamos e tudo mais. Eles podem não querer ver o Ohm comigo. Nunca perguntei para ele, mas eu acho que depois do problema com o ex parceiro a família não deve ter ficado muito feliz quando ele aceitou esse trabalho, eles também foram arrastados para a confusão. E se eles acharem que eu vou fazer a mesma coisa? Se eles pedirem para o Ohm se afastar de mim, será que ele me escolheria e ficaria contra a família depois de tudo o que eles passaram? Bato a testa na parede algumas vezes e tento me acalmar, é só paranóia, não vai acontecer nada.

Estou tão perdido nesse caos na minha cabeça que nem vejo ele entrando no banheiro, eu só sinto ele beijando o meu pescoço. Me encosto nele e coloco a cabeça no seu ombro, ele me abraça.
- Posso saber o que está preocupando essa mente linda que pensa demais?
Respiro fundo e fecho os olhos.
- Não é nada, é bobagem.
- Me conta mesmo assim.
Eu fico em silêncio pensando no que dizer, então pergunto:
- Se a sua família não quiser que você fique perto de mim, se pedirem para você se afastar, o que você faria?
- Porque você acha que eles fariam isso?
- Por causa do que aconteceu com você antes. Sabe?
Ele me vira para olhar para ele.
- Primeiro, eles te conhecem há anos, sabem que você nunca faria algo assim, você jamais julgaria ou criticaria alguém. Segundo, não existe nada nem ninguém nesse mundo que conseguiria me afastar de você. Ninguém.
- Mas é a sua família...
- E você é a pessoa que eu amo, mais do que tudo! Escuta, nada disso vai acontecer, não precisa se preocupar, eu prometo que tudo vai ficar bem.
Ele me abraça e ficamos assim por um tempo. Então ele se afasta um pouco e pergunta.
- Você está melhor?
- Desculpe por isso.
Ele olha nos meus olhos e segura o meu rosto.
- Você entende o quanto você é importante para mim? A única pessoa nesse mundo que conseguiria me afastar de você é você, ninguém mais, eu juro.

Sinto que estou chorando, ele beija cada um dos meus olhos e depois me beija, calmo e suave, é um beijo para mostrar que me ama. Então ele se afasta pega o sabonete e começa a me lavar em silêncio, depois de um tempo ele fala.
- Se acontecer alguma coisa podemos fazer igual ao Phat e ao Pran, o que você acha? Fugir e voltar para a nossa cabana. Eu sinto falta daquilo e só se passaram alguns dias.
Dou risada disso.
- Ok, então se algo acontecer fugimos para Pai.

Ele começa a beijar o meu pescoço e vai descendo, sei o que ele vai fazer, fecho os olhos e fico na expectativa. Ele chega no meu ombro e me morde. Meu pênis fica duro na hora. Ele envolve então a parte que mordeu com os lábios e chupa. Ele gosta de fazer isso, eu gosto quando ele faz isso, ele está me marcando, mostrando que sou dele.
Ele sorri e se afasta, se vira para sair. Eu olho para ele surpreso, seguro ele pelo braço e o puxo de volta, seguro na sua cabeça e começo a empurrar ele para baixo, ele se ajoelha na minha frente e começa a me chupar, lento, rápido, lento e rápido novamente, faz isso até eu não aguentar mais e começar a foder a boca dele.

Quando saímos do banho, vou novamente até o guarda roupa e digo:
- Vou ter que passar em casa, não tenho nada para vestir.
- Non, você trouxe um monte de roupas.
- Mas não tem nada que eu possa vestir hoje.
- Você sabe que vamos vestir o que nos derem, então coloca o que te deixar confortável.
Ele está certo. Pego uma calça e uma camiseta e me visto.

Chegamos na casa da família dele, são onze horas, a equipe ficou de nós encontrar aqui as treze.
Quando a mãe dele nos vê entrando ela vem até nós e me abraça.
- Meu querido, quanto tempo, nunca mais veio me visitar.
- Desculpe, estamos sem tempo pra nada, prometo que virei mais vezes.
Ela coloca a mão no meu rosto, vira para um lado e para o outro.
- Você emagreceu, está se alimentando direito? Venha aqui, vou fazer algo pra você comer.
O Ohm está rindo enquanto ela pega na minha mão e me arrasta para a cozinha.
- Mãe e eu?
- Você também, vem comer alguma coisa.
- Você não pode tratar ele assim, ele vai achar que é o seu favorito.
- Quem disse que ele não é?
- MÃE!
Dou risada com eles e assim, em questão de segundos toda aquela paranóia se foi.

Estamos sentados na mesa conversando enquanto esperamos a mãe nos servir o irmão dele chega e senta com a gente, fica olhando de um jeito estranho, mas não fala nada. Quando a mãe deles chega com a comida o Ohm pega o meu prato e começa a me servir, os dois ficam olhando. Começo a ficar sem graça, estendo a mão e digo:
- Me da isso aqui, eu sei me virar sozinho.
Ele olha pra mim e entende, da o prato na minha mão e responde.
- Pega aqui então, depois não vai dizer que não tratamos bem as visitas.
- Quem você está tentando enganar, desde quando você trata alguém bem?
- Vai se ferrar Nanon.
- Vai você, idiota.
- Ok meninos, agora comam.
O Ohm coloca a mão na minha perna e aperta, percebo que ela estava tremendo. Olho para ele e acenamos um para o outro discretamente.

Depois que comemos ele diz que tem que ver se está tudo certo com o quarto para a gravação. A mãe dele sobe com a gente, diz que limpou ontem depois que ele ligou para ela. Está tudo organizado, não entro no quarto, fico na porta mesmo. Depois eles entram no closet dele e está tudo ok. Voltamos para a sala para esperar a equipe.

A mãe e o irmão do Ohm vão sair para podermos usar a casa, ele fala que não precisa, mas ela diz que não quer ficar vendo um monte de gente bagunçando a casa dela.  Quando eles saem o Ohm me puxa para o banheiro e me beija. Ele começa a levantar a minha camiseta.
- Não temos tempo para isso, Ohm.
- Vamos lá, podemos ser rapidos.
Ele beija o meu pescoço, volta a levantar a minha camiseta e a campainha toca.
- Desgracados!

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