Cap.33

1.5K 64 0
                                    

Renan Martins

Depois que meu pai saiu do meu quarto, tranquei a porta e resolvi tomar um banho. Tirei toda a minha roupa e parei na frente do espelho.

Eu tinha seis anos quando eu e o meu pai fomos sequestrados, lembro nitidamente de todos os detalhes, do tempo que passamos longe da nossa família, do meu pai tentando me proteger, da dor que senti quando aquele homem me cortava. Hoje ele continua preso e espero que nunca saia de lá.

Tomei meu banho, me vesti e fiquei assistindo até alguém bater na porta.

- Nossa, que demora - Disse Manu quando abri a porta - Faz cinco anos que eu estou te chamando

- Eu estava no banho, não te ouvi.

- Ta bom - Disse me abraçando - Eu fiquei com saudade de vc.

- Mas a gente se viu na escola.

- E daí? Vc não me ama mais? Não gosta mais de mim?

- Quanto drama Manuela, quanto drama.

- O que estava fazendo?

- Assistindo tv até vc me atrapalhar - Falei pegando minha mochila

- Eu realmente achei que vc gostasse da minha companhia.

- Deixa de ser dramática guria, vc vai ficar para o jantar?

- Sim, meu pai ou a Poli vem me buscar mais tarde.

Quando tirei meu material da mochila, um papel dobrado caiu emcima da minha cama.

- O que é isso?

- Não sei - Falei desdobrando o papel

"Não deixem que aqueles idiotas te rotulem, vc é incrível e essas cicatrizes mostram o quão forte vc é, independente do que tenha acontecido."

Sorri meio sem graça, o bilhete não tinha remetente, mas sei de quem pode ter sido, ele foi o único que não riu de mim quando aqueles meninos fizeram piadas sobre minhas cicatrizes.

- Quem foi que escreveu essa grande verdade? - Pergunta Manuela

- Não sei - Menti.

- Só espero que não tenha sido nenhuma menina. Eu estou de olho Renan.

- Vc não tem nem tamanho pra ter ciúmes de mim.

- Quem disse?

- Eu.

- Não é verdade, vc que é muito alto.

- Sou poucos centímetros mais alto que vc, não tem tanta diferença.

- Sei.

- Mano - Disse Marlon aparecendo na porta com um caderno e um lápis na mão

- O que foi?

- Eu já terminei de escrever aquelas palavras, vc escreve mais pra mim?

- Agora?

- Sim.

- Me dá aqui.

Estou ajudando meu maninho a melhorar a escrita dele, Marlon é inteligente, muito inteligente, porém é preguiçoso. Escrevi algumas frases no caderninho e entreguei para ele.

- Estou melhorando?

- Está, mas ainda falta algumas coisinhas.

- Vou mostrar para o papai. - Disse saindo do quarto animado

- Que paciência vc tem com ele.

- Marlon é calminho, sempre foi calmo, então é mais fácil.

- Como eu queria que o Arthur fosse assim, outro dia ele pegou um dos meus cadernos favoritos e colocou no triturador, senti tanta raiva daquele menino.

Dei risada e guardei aquele bilhete dentro da minha pastinha para que não tivesse perigo de rasgar. Ele tinha se tornado minha motivação para lutar todos os dias mesmo sendo tão difícil.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora