Cap.55 (parte 1)

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Apolo Martins

Depois que terminamos de comer, comprei um milk shake para cada um e começamos a caminhar pelo shopping. Marlon ia na frente todo animado olhando as vitrines e Renan ficou ao meu lado caminhando no mesmo ritmo que eu.

- Pai.

- Sim?

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro que sim.

- O senhor não vai ficar bravo?

- Depende do que vc vai perguntar. O que foi?

- É sobre mim.

- Sobre vc? O que tem vc?

- O senhor ainda vai me amar mesmo sabendo que sou diferente?

Um nó de confusão se instalou na minha cabeça, depois eu entendi o que ele queria dizer com aquilo.

- Filho, independente da sua sexualidade - Falei baixo - Vc sempre será o meu garotinho, sempre será o meu bebê, o meu amor, a minha vidinha. Eu sempre vou te amar independente de qualquer coisa.

Ele me abraçou e eu o abracei também.

- Obrigado papai.

- Estou aqui por vc amor.

- PAPAI! - Gritou Marlon pulando no lugar em frente a uma loja de materiais escolares

- Vamos lá, se não seu irmão vai ter um treco.

Entramos na bendita loja e comprei tudo que eles queriam.

- Olha pai - Disse Marlon impressionado com um jogo de lápis coloridos - São lindos.

- São mesmo - Disse Renan

- Vamos Marlon e Renan, se eu não impeço, vcs já querem comprar a loja inteira.

Empurrei os dois para fora e seguimos em frente.

- Rodrigo sabe?

- Sobre o Pedro?

- É.

- Sim.

- E vcs dois já conversaram? Se é isso mesmo que vcs dois querem?

- Sim.

- Vc está bem com isso?

- Estou com medo.

- Do quê?

- De tudo, pessoas como eu não são bem aceitas na sociedade.

- Pessoas como vc? Filho, vc é normal, só escolheu seguir uma vida diferente, escolheu um amor diferente e ninguém tem nada a ver com isso. Eu sei que é mais fácil falar do que fazer, mas quando uma sociedade não tem nada pra fazer, ela começa a se implicar com quem está quieto, siga em frente, não ligue para a opinião alheia. Mesmo que doa, apenas viva do jeitinho que vc achar melhor, ninguém vai pagar suas contas, ninguém tem o direito de opinar na sua vida e só aceite opiniões quando forem construtivas, o resto pode mandar para o inferno.

Renan deu risada e meu coração se aqueceu. Amo demais a minha criança.

Terminamos de fazer as compras e fomos para casa. Mariana estava dormindo no sofá e a Heloísa estava no bebê conforto.

- Meninos, levem as coisas de vcs para o quarto, tomem banho e depois descem pra comer alguma coisa.

- Tá bom pai.

Depois que eles subiram, sentei na beirada do sofá e acariciei o rosto da minha morena.

- Apolo? - Pergunta sonolenta

- Sou eu.

- E os meninos?

- No quarto deles. Como vc está?

- Um pouco melhor.

- Comeu alguma coisa antes de dormir?

- Sim.

- Vem, deitar na cama é melhor.

Peguei o bebê conforto, a coberta e subimos para o quarto.

- Como foi o passeio de vcs?

- Foi bom, eles me fizeram quase estourar o limite do meu cartão.

- Meu Deus, mas que bom que vcs se divertiram.

- Conversei com o Renan hoje.

- Sobre?

- O Pedro e ele.

- Sério? E o que ele disse?

- Perguntou se eu ainda amaria ele mesmo sendo diferente.

- E o que vc disse?

- Que sim, que eu sempre amaria ele independente da sua sexualidade.

- Que fofo, ele e o Pedro fazem um casal tão bonitinho.

- Para!

- Por que? Ah, vc está com ciuminho é?

- É claro que estou, é o meu filhinho, o menino que me ensinou a ser um bom pai e agora eu percebo que ele está crescendo, está criando sentimentos por outra pessoa e isso me deixa apavorado.

- Amor, vc sabe que não tem como impedir isso, vai acontecer a mesma coisa com o Marlon e a Heloísa.

- A Heloísa não, ela não.

- Que isso Apolo, vc não pode fazer isso.

- Claro que posso, quando ela tiver dez anos, eu vou colocar ela num convento.

- Vai nada, deixa de paranóia, a Heloísa nem cresceu ainda e vc já está pensando em convento.

- Que ela continue assim. E o Marlon, meu Deus, o Marlon.

- Ele te falou sobre a tal Elena?

- Eu ouvi ele e o Renan conversando sobre ela, meu Deus, isso não podia estar acontecendo.

- Deixa de drama Apolo.

- Não é drama, daqui alguns anos vai estar só eu e vc nessa casa, sem nossos filhos. Vamos fazer outro?

- Mais nem pensar, a Heloísa é a última e chega de filhos, três já está ótimo.

- Não cresça minha bolinha rosa, não cresça.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora