Cap. 154

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Apolo Martins

Ver meu filho naquele estado me deixou mal, muito mal. Tirei os tênis do Marlon e o cobri com uma coberta.

- Tenta dormir um pouquinho, qualquer coisa você me chama.

- Diz pra Ana subir aqui.

- Eu digo sim meu anjo.

Saímos do quarto e descemos para a sala. Heloísa e Ana estavam conversando, Mariana devia estar na cozinha com o Gael.

- Ana, Marlon pediu pra você subir lá.

- Tá bom.

Fui para a cozinha, Gael estava acordado e quietinho no bebê conforto que estava encima da mesa.

- Milagre você estar tão quietinho amor de papai - Falei pegando nos pezinhos dele

- Quer comer alguma coisa? - Pergunta Mariana beijando meu ombro

- Não amor, eu como mais tarde.

- Mauro disse alguma coisa?

- Não, ele não disse nada. Amor, você deveria ter visto o estado em que nosso filho estava, fazia muito tempo que eu não via ele daquele jeito.

- Fico tão preocupado com ele, tenho medo que o Marlon pare de comer.

- Não vou deixar, ele precisa ficar bem pelo Anthony.

- Vou fazer alguma coisa pra eles comerem.

- Pra você também amor, depois do café não te vi comer mais nada.

- Nem estou com fome, achei que se eu voltasse a amamentar sentiria fome, mas não.

- Mesmo assim meu bem, não te quero ver doente e preciso que você coma nem que seja um pouquinho.

- Tá bom.

- Eu te amo.

- Também te amo.

- Vou sair pra dar uma volta, me liga se precisar de alguma coisa.

- Tá bom.

Dei um beijo nela, no meu pinguinho de gente e sai pela porta dos fundos. Nicolas estava me esperando com as chaves do carro nas mãos.

- Vou dirigir hoje Nicolas, quero que você fique aqui caso o Patrick precisar de ajuda com o Marlon.

- Sim senhor - Disse me entregando as chaves

- Só abre o portão.

- Tá bom.

Ele abriu o portão e eu saí com o carro indo em direção a casa do meu amigo Danilo. Fazia semanas que a gente não se via e nesse momento seria bom conversar com alguém.

Estacionei meu carro e apertei a campainha, vi pelo vídro o reflexo de alguém se aproximando.

- Apolo! - Disse Leonardo aparecendo com a roupa e metade da cara suja de farinha

- Oi Léo, como você está?

- Estou bem graças a Deus, entra.

- O que aconteceu com você?

- Lucas está aqui, estamos fazendo bolo - Responde passando o pano no rosto

- E o Danilo?

- Está na sala, vai lá.

Passei na cozinha para ver o Lucas e fui para a sala. Danilo estava tão concentrado nas coisas que ele estava fazendo que nem notou a minha presença.

- Você não para nem por um minuto - Falei chamando a atenção dele

- Apolo!

- Eai cara - Falei cumprimentando ele

- Senta aí, como você está?

- Não tão bem como eu queria estar.

- Mauro veio trazer o Lucas e me contou o que aconteceu.

- Ele não vai ficar bem tão cedo, além do Anthony em coma, Marlon viu tudo que aconteceu, o trauma foi bem maior.

- Nossa, quando o Mauro me contou imediatamente eu lembrei de quando vocês eram crianças e da vez que sua mãe esteve na mesma situação com o Davi.

- Eu lembro, o acidente foi tão horrível que achei que perderia meu irmão.

- Nunca consegui entender o que tinha acontecido, Mauro estava apavorado, mal conseguia falar direito.

- Estávamos fugindo.

- Fugindo de quem?

- Do meu pai.

- Por que?

Ele perguntou e parece que uma luz se acendeu dentro da sua cabeça.

- Apolo...

- Ele tinha conseguido pegar o Davi, quando eu e o Mauro conseguimos tirar o Thomas de cima dele, nos corremos pra rua e foi quando o Davi quase morreu.

- Ele chegou a...

- Não, não, ele tentou, mas não deixamos.

- Por isso que o Mauro começou a dormir só comigo, ele não dormia sozinho de jeito nenhum.

- Nossa família nunca foi a melhor, nunca foi perfeita como todos pensavam. Nossa mãe sofria violência doméstica, psicológica, sexual e quando ele não conseguia chegar até ela, ele ia para a Poliana e para o Davi.

- Ele encostou em você alguma vez?

- Ele só me batia, conseguia arrancar sangue das minhas costas e quando crescemos, eu e o Davi começamos a lutar, fazíamos academia, defesa pessoal e estávamos disposto a matar o Thomas se caso ele encostasse na Poli ou na nossa mãe.

- Além de se defenderem, defenderam o meu filho também e eu sou muito grato por isso.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora