Cap. 163

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Nicolas Dantas

Senhor Apolo assinou minhas férias antes de ficar adoentado, mas eu me senti muito mal por deixá-lo na mão nessas duas semanas e acabei ficando até vê-lo recuperado. Ajudando as crianças a guardar os brinquedos deles, ouço o senhor Apolo me chamar.

- Senhor? - Perguntei indo até ele.

- Nicolas, o que você está fazendo aqui?

- Pedi para a senhora Mariana se eu podia ficar até o senhor melhorar e ela me autorizou.

- Não Nick, você não pode estar aqui, eu assinei as suas férias e era pra você estar em casa.

- Não me importo de trabalhar senhor Apolo, gosto daqui.

- Estou bem melhor agora, muito obrigado por se preocupar e agora eu quero que você vá pra casa aproveitar suas férias.

- Sim senhor.

Me despedi dele, das crianças e fui arrumar minhas coisas.

- Já está indo? - Pergunta Patrick

Olhei para trás e ele estava com o Eduardo no colo.

- Sim, eu queria ter adiado mais, mas só consegui duas semanas.

- Quer que eu fale com ele?

- Não Patrick, não. Você sabe como é o senhor Apolo.

- Eu sei mesmo.

- Eu dou meu jeito.

- Sabe que sempre pode contar comigo né? Em tudo que você precisar.

- Não quero incomodar, você e a Heloísa já me ajudaram bastante e ainda tem os meninos para se preocuparem. Não precisam de mais um fardo.

- Nicolas, você é como um irmão pra mim, não é nenhum incomodo.

- Obrigado Patrick, eu vou ir pra casa, tenho um compromisso importante.

- Sei o motivo da sua pressa, como ela está?

- Bem e toda vez que ela vem aqui, eu fico cada vez mais apaixonado.

- Assume logo, já estou com meus ouvidos doendo de tanta ouvir o Fábio reclamando.

- Ela não quer e eu também não, se a gente se assumir, ele vai me tirar daqui e eu não quero sair.

- Ele só vai igualar as posições, assim como fez comigo e o Fábio.

- Nicole merece alguém melhor, não um cara todo quebrado.

- Nick, eu pensava a mesma coisa em relação a Heloísa e olha onde a gente chegou. Não trocaria isso por nada.

- Você sabe que eu não tenho a mesma sorte.

- Só tenta, dá uma chance pra vocês dois e você não vai se arrepender.

- Certeza?

- Com o Fábio eu resolvo depois, agora é você e ela.

- Obrigado cara por estar sempre comigo.

- É isso que os irmãos fazem.

Me despedi dele, do pequeno Eduardo e fui para casa. Fazia alguns dias que eu não via a Nicole e já estava morrendo de saudades. Quando pensei em ligar, ela se antecipou.

- Nick?

- Tente outra vez Nicolas.

- Fábio? - Perguntei largando minha mochila no sofá

- Só assim pra eu conseguir falar com você.

- A Nicole está bem?

- Está sim. Precisamos conversar Nicolas.

- Tá, estou aí em meia hora.

- Estarei esperando.

Ele encerrou a ligação e eu me joguei no sofá, fiquei preocupado com a Nicole. Ajeitei minhas coisas, tomei meu banho e segui para a casa do Fábio. Ele estava na sacada, conversando e rindo com a Nicole mas ao me ver, fechou a cara no mesmo segundo.

- Entra Nicolas, o portão está aberto.

Mesmo conhecendo ele a bastante tempo, Fábio sempre foi meio intimidador, sempre consegue me deixar nervoso e sempre vejo que isso é satisfatório para ele.

- Oi Nick - Disse Nicole beijando meu rosto

- Oi Nick.

- NICOLE, DESCE AQUI - Grita Sônia

- JÁ ESTOU INDO MÃE.

- Não deixa sua mãe esperando, vai logo - Disse Fábio

- Tá.

Ela deu um beijo nele e entrou correndo. Fábio sentou na cadeira e apontou para a outra do lado dele.

- Senta aí.

Eu estava com as minhas mãos suando, parecia que a qualquer momento meu coração ia parar.

- Nicolas, você sabe que a Nicole é a minha única filha né?

- Sei.

- E sabe também que por causa disso, eu prezo demais pela segurança dela.

- Sim.

- Eu já estava a bastante tempo desconfiado, Nicole nunca me conta nada, ela é mais chegada na Sônia e a Sônia conta algumas coisas pra mim. Só que minha desconfiança era antes disso porque toda vez que eu levava ela comigo para visitar o senhor Apolo, a Nicole sempre sumia depois de um tempo e não era só ela, você também.

- Fábio...

- Eu não terminei de falar Nicolas e você vai me ouvir.

- Desculpa.

- Comentei sobre isso com o Patrick e ele me disse que também já tinha percebido. Conversei com a Sônia e ela confirmou as minhas suspeitas, você e a minha filha estavam "ficando" - Disse fazendo aspas com os dedos - Mas semana passada a Nicole chegou em casa chorando e tudo que eu queria fazer era pegar o desgraçado pelo pescoço e matar ele por ter feito a minha princesinha chorar.

Engoli em seco e abaixei a minha cabeça. Me arrependo tanto daquele dia, não era para ela ter visto nada daquilo.

- Eu perguntei, a Sônia perguntou e ela não quis dizer o que tinha acontecido. Pedi até para a Heloísa conversar com ela, mas também não adiantou nada.

- Eu pedi para ela não dizer nada. Olha Fábio, jamais faria alguma coisa que machucasse a Nicole. Mas aquele dia eu tive que fazer ela chorar para ela poder ir embora se não ele ia acabar machucando a Nicole também.

- Ele quem Nicolas? De quem você está falando?

- Do meu pai. Nicole queria ficar, mas eu falei que não queria ela perto de mim, tive que gritar com ela, falei coisas horríveis e agradeci por ter dado certo.

- Nicolas, você poderia ter me procurado ou o Patrick, o senhor Apolo, a gente poderia ter te ajudado.

- Não, não dá. Eu fugi de casa Fábio, sai sem nada, morei na rua e tudo que tenho hoje é graças a vocês, não posso me aproveitar disso.

- Conta pra mim Nicolas, o que aconteceu aquele dia?

- Toda vez que o meu pai bebe, ele vem atrás de mim. Nicole me viu sendo arrastado, todo sujo de sangue e quase morto.

- Nicolas, você tem que denunciar ele ou ele vai acabar te matando.

- Não adianta Fábio, eu já tentei, já revidei diversas vezes e não muda nada. É por isso que eu não queria que o senhor Apolo me desse férias, porque eu sei que lá ele não vai ousar chegar perto de mim.

- O Patrick sabe disso?

- Sabe, a última vez eu tive que ligar pra ele, não arriscaria ligar para a Nicole e colocar a vida dela em risco. Eu amo ela de verdade e a última coisa que eu quero é perder a Nicole.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora