Cap. 162

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Arthur Albuquerque

Eu vi quando o Marlon me ligou. Eu vi todas as vezes que ele me ligou, mas não tive a mínima coragem de atender. A Júlia desceu e ao invés do Emanuel, ela trazia um livro nas mãos.

- Cadê o Emanuel?

- Dei banho nele, mamou e dormiu.

- A febre diminuiu?

- Sim.

Meu celular tocou de novo e dessa vez era o Murilo.

- Oi Lilo.

- Não me chama assim Arthur.

- Tá, está tudo bem?

- Sim, Marlon me ligou e ele disse que te ligou também mas você não atendeu.

- Meu celular estava desligado.

- Você está mentindo Arthur.

-  Não estou.

- Está sim, eu sei que você está.

- Murilo, eu já ouvi demais da minha mãe e do meu pai, não...

- Arthur! Me escuta, o Marlon precisa da gente juntos. Tudo que ele disse pra gente, era só o estresse falando mais alto, ele está quebrado Arthur, precisando do nosso apoio.

- Tudo que ele disse pra você...

- Esquece isso Arthur, eu estou bem e meu maior desejo agora é ter meus dois melhores amigos de volta.

- O que você está pensando em fazer?

- Em buscar o Brayan.

- Como?

- Matias pode nos ajudar, ele pode levar o Brayan nos dias que é do Marlon.

- Já falou com ele?

- Sim e amanhã o Marlon vai no tio Apolo, podemos ir lá também. Vou levar a Sol.

- Tá, a Lua vai ir junto?

- Sim.

- Se o Emanuel estiver bem, eu levo ele.

- Tá bom, até amanhã.

- Até.

Deixei meu celular de lado e deitei no colo da Júlia.

- Ana me mandou mensagem.

- O que ela disse?

- Que está com suspeita.

- De gravidez?

- É.

- Será que vem outro bebê aí?

- Não sei, mas eu disse que era pra ela fazer um teste e contar o quanto antes para o Marlon.

- Não se envolve muito nisso amor.

- Como não vou me envolver? A Ana é a minha amiga, ela está com medo e eu não vou deixar ela sozinha, ainda mais nesse momento tão delicado.

- Só não quero que você se magoe.

- Está falando isso por experiência própria?

- Estou.

- Não vai acontecer nada amor.

Ouvimos o Emanuel chorar, me levantei do colo dela e subi correndo para pegar ele.

- Papai está aqui meu amor - Falei entrando no quarto - Estou aqui.

- Papa!

- Isso aí meu gordinho, papai.

Peguei a cobertinha dele e descemos pra cozinha.

- Está com fome neném?

- Papa.

- Vou levar isso como um sim.

Esmaguei uma banana com um pouquinho de açúcar e voltamos para a sala. Júlia estava mexendo no celular com uma cara de preocupada.

- O que foi amor?

- Nada, não é nada.

Meu celular começou a tocar e o nome do Marlon apareceu na tela.

- Atende Arthur, quanto mais você adiar isso, pior vai ficar.

Ela pegou o Emanuel do meu colo e eu atendi a ligação.

- Alô?

- Oi Arthur, está ocupado?

- Não, por que?

- Podemos conversar?

- Sim.

- Tá, vem aqui fora, estou te esperando.

Ele encerrou a ligação e eu fui até a janela, Marlon realmente estava lá escorado em seu carro segurando uma caixa preta.

- Vai Arthur, dá uma chance, ele está tentando se redimir. Não seja tão orgulhoso.

- Você sabe que não é orgulho.

- Só conversa com ele, é seu melhor amigo, seu irmão.

Respirei fundo e fiz o que ela falou, deixei meu orgulho de lado e fui falar com o Marlon.

- Achei que você não ia vir - Disse me entregando a caixa

- O que é isso?

- Um presentinho do Anthony para o Emanuel e dentro tem um cartãozinho que ele fez pra você.

- Por que não trouxe ele junto?

- Por algum milagre,.ele quis ficar com a Ana hoje.

- Não quer entrar? Faz um tempinho que você não vê o Emanuel.

- Pode ser.

Entramos e levei o Marlon até a sala, Emanuel estava no chão com um mordedor na boca.

- Papa.

- Oi meu anjinho lindo - Falei entregando a caixinha para a Júlia

- O que é isso?

- Presentinho do Anthony para o Manu - Respondi pegando ele no colo - Olha quem veio visitar o neném.

- Oi bebê do dindo - Disse Marlon pegando ele - Desculpa meu amorzinho por passar tanto tempo longe de você.

- Que coisinha mais fofa - Disse Júlia tirando um conjuntinho preto com detalhes brancos - Tem um cartãozinho aqui.

- Me dá que esse é meu.

Peguei da mão dela e tirei o cartãozinho do envelope. Anthony tem o mesmo dom de desenhar que o Marlon e sou completamente apaixonado por todos os desenhos que ele faz.

Abri o cartãozinho e dentro tinha quatro pessoas, três adultos e uma criança, encima de cada desenho tinha um nome e eram os nossos nomes, o meu, do Marlon, Murilo e do Anthony.

- Desde quando ele saiu do hospital - Disse Marlon entregando o Emanuel para a Júlia - Todo dia ele pergunta de você e do Murilo, tive que contar a verdade de que o pai dele está tão quebrado que acabou descontando a raiva que sentia em todas as pessoas que ele mais amava.

- Eu também tenho que entender o seu lado Marlon, meu filho está aqui crescendo, saudável e o Anthony estava inconsciente sem nenhuma previsão de volta, não sei o que você sentiu e o que ainda está sentindo mas fiquei muito chateado com o que você disse pra mim e principalmente para o Murilo.

- Eu sei e me sinto muito arrependido por tudo que fiz e falei para vocês dois. Por isso estou aqui, quero pedir desculpas pra você e até mesmo para a Júlia.

- Vem cá cara - Falei abraçando ele - Senti tanto a sua falta.

- Eu também senti muito a sua falta meu irmão.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora