Cap.39 (parte 2)

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Apolo Martins

Chegamos em frente a casa do menino e ele estava lá fora brincando com um cachorro. Assim que sai do carro e ele me viu, veio correndo até o portão.

- O Renan está com o senhor?

- Não, eu vim sozinho.

- Mas ele está bem?

- Está sim.

- Eu já posso ir ver ele?

- Hoje não, mas amanhã vc pode ir sim.

- Eba!

- Pedro! Seja educado e abra o portão pra ele entrar, por favor. - Disse uma mulher da varanda

- Desculpa senhor, eu esqueci.

- Acontece, não tem problema.

Fábio e eu entramos, era uma casa muito bonita e bem protegida.

- O senhor veio falar com meu pai?

- Não.

- Veio conversar comigo?

- Não, eu vim falar com seu irmão.

Ele parou de repente e me olhou assustado.

- Como o senhor sabe que tenho um irmão?

- Tenho meus meios de descobrir Pedro.

- Por que?

- Quero conversar com ele, saber porque ele fez aquilo com meu filho.

- N-Não, ele vai ser mal com o senhor.

- Eu posso ser pior.

Ele correu na minha frente para abrir a porta e chamar o pai dele.

- PAPAI!

- O que foi Pedro? Por que está gritando? - Pergunta o homem descendo com a mulher que estava na varanda a poucos minutos atrás.

- Temos visita.

- Ah, desculpe o jeito do meu filho, ele as vezes não sabe agir como uma criança normal.

- Não tem problema.

- Posso ficar aqui?

- Não, vai tomar banho.

- Pai!

- Pedro Henrique.

- Tá, já estou indo.

Ele estava indo até as escadas, mas voltou correndo.

- Ele gostou do meu bilhete?

- Gostou sim.

- Se eu escrever mais um, o senhor entrega pra ele?

- Claro.

- Tá bom.

Ele subiu as escadas correndo e ouvimos a mulher gritar.

- Pedro me contou tudo que aconteceu, desde o início quando tudo começou.

- Meu filho não é de incomodar ninguém, ele é sempre quieto, sempre na dele. Não entendo porque seu filho fez isso.

- Yan tem muito ciúmes do Pedro,  ontem se eu não tivesse chegado a tempo no quarto deles, ele teria matado o Pedro sufocado.

Ouvir aquilo me deixou surpreso.

- Não é a primeira vez que acontece e talvez não seja a última, eu já tomei medidas necessárias para que o Yan seja internado de novo e tratado antes que ele faça algo pior.

- Eu quero falar com ele.

- Com o Yan?

- Sim, eu quero conversar com ele.

- Tá, vamos lá.

Ao invés de subirmos, descemos para a parte subterrânea da casa. O lugar era bem arrumado, bem construído, parecia aqueles lugares de filmes de ficção científica.

Paramos em frente a um quarto, tinha um vidro espelhado que podíamos ver o que ele estava fazendo.

- Ele não pode nos ver, tive que colocar um vidro resistente. Toda vez que Yan tem uma crise, a primeira coisa que ele faz é tentar quebrar o vidro.

- Vc deixa ele trancado aqui?

- Só quando necessário, ontem ele estava bem agitado e deixei que passasse a noite aqui.

Yan estava desenhando, ele parecia bem calmo, o semblante descontraído, a respiração controlada. Mas quando a ponta do lápis quebrou, ele começou a se irritar.

- Ei garotão - Disse o homem abrindo a porta - Calma.

Eu fiquei do lado de fora observando e ouvindo os dois.

- O lápis quebrou! Eu não gosto de lápis quebrado.

- Eu sei, mas vc pode deixar esse de lado e pegar outro igual mas com a ponta novinha. Certo?

- Sim - Responde bravo.

- Ótimo, vc não precisa se irritar, respira e pensa com calma. Vc está com fome?

- Sim - Responde agora um pouco mais calmo

- Ok, vou te deixar com uma pessoa e vou pedir um lanche pra vc, tá bom?

- Sim.

Ele saiu do quarto fechando a porta.

- Só peço para vc ir com calma, ele se estressa muito fácil.

- Pode deixar.

- Obrigado.

Ele abriu a porta para eu entrar e trancou por fora. Sentei na cadeira olhando cada desenho que ele fez e que estavam espalhados pelo quarto.

- Muito bonito seus desenhos.

Ele não respondeu, continuou concentrado em colorir seu desenho.

- Por que vc não faz um mural? Tem um espaço ótimo para vc pendurar todos os seus desenhos.

Ele olhou pra mim e sorriu.

- Vc me ajuda?

- Sim, eu te ajudo sim.

Daquele momento em diante ficamos ocupados montando o mural e pendurando os desenhos dele. Assim que terminamos, ele deitou na cama e dormiu na mesma hora.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora