Cap. 155 (parte 1)

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Marlon Martins

2 meses depois

Já se passaram dois meses e Anthony continua em coma, a sensação que tenho é de estar perdendo meu filho aos poucos. O medo, as vezes me deixa em choque, as vezes me deixa paranóico e as vezes me deixa "fora do ar".

Nesses últimos dois meses a única coisa que consegui foi ficar sentado ao lado dele, dia e noite na esperança de ver seus olhinhos claros se abrindo.

- Marlon - Disse Renan entrando no quarto - Você precisa comer.

- Estou sem fome.

- Foi isso que eu ouvi nos últimos três dias, você está pálido Marlon, precisa se alimentar e dormir um pouco.

- Não vou sair daqui.

- E quem disse que você precisa sair daqui? Consegui convencer o tio Mauro - Disse tirando a mochila das costas - Ele também está preocupado com você, na verdade, todo mundo está.

A porta foi aberta outra vez, a Heloísa entrou ofegante com outra mochila nas costas.

- Por muito pouco não consegui entrar.

- Tava correndo? - Pergunta Renan

- Sim, passei a perna no tio Mauro e tive que vir correndo.

- Por que os dois estão aqui? - Perguntei sem entender nada - Cadê as crianças?

- Patrick levou o Eduardo e o Guilherme para a casa do irmão dele - Responde Heloísa

- E o Pedro foi para a casa do Rodrigo.

- Viemos pra ficar com você e com o Anthony, o papai contou o que aconteceu e não...

- Se forem ficar por pena, podem ir embora - Interrompi a Heloísa e ela se assustou.

- Não Marlon, não estamos aqui por pena ou outra coisa parecida, queremos ficar com você porque sentimos a sua falta - Disse Renan - Você é o nosso irmão.

Segurei a mão do meu filhinho e respirei fundo. Eu estava cansado, muito cansado.

- Briguei com a Ana, briguei com o papai e até com o médico que veio examinar o Anthony.

- Eu lembro de quando éramos pequenos, você sempre ficava irritado quando estava com sono e brigava com todo mundo - Disse Renan

Damos risada e Heloísa me abraçou. Ela é tão carinhosa quanto a mamãe.

- Amamos você.

- Eu também amo vocês.

Vi nitidamente quando o Anthony mexeu a mãozinha dele, me levantei tão rápido que quase derrubei a Heloísa.

- Marlon! Devagar.

- Desculpa, ele mexeu a mão!

- O que? Pode ter sido só um reflexo - Disse Renan

- Não Renan, não foi um reflexo.

Me aproximei da cama e segurei a mãozinha do meu filho. Uma pontinha de esperança já estava crescendo no meu coração.

- Ei Anthony, se estiver me ouvindo, aperta a mão do papai.

Nenhuma resposta ou reação dele. A esperança já estava indo embora de novo quando senti o aperto fraco dele.

- Ele apertou a minha mão. Aperta só mais uma vez filho, só mais uma vez.

Renan e Heloísa chegaram mais perto e a resposta foi de imediato.

- Eu vou chamar o tio Mauro - Disse Renan correndo para fora do quarto

- Aí meu Deus, ele está reagindo - Disse Heloísa chorando

- Isso meu amor, fica comigo, fica com o papai - Falei já chorando também

Anthony mexeu a mão e abriu os olhos assustado, sua outra mão já estava indo para o tubo que estava em sua boca.

- Não filho, não pode tirar, você vai se machucar - Falei segurando as mãos dele

Me doía vê-lo daquele jeito, assustado e desesperado, mas eu tinha que esperar o Renan voltar com o tio Mauro.

- Voltamos - Disse Renan com o tio Mauro de atrás dele

- Eu preciso que vocês esperem lá fora.

- Não vou sair de perto dele!

- São os procedimentos Marlon, você vai ter que sair.

- Vamos mano, depois nós voltamos, vamos contar a novidade para a família - Disse Renan animado

Eles me levaram para fora do quarto e quando sai meus olhos encontraram a minha ruiva baixinha.

- Marlon!

Ela veio correndo até mim e me abraçou, eu a abracei de volta.

- Me desculpa - Falei baixo - Me desculpa por tudo que eu disse pra você.

- Está tudo bem meu amor, estamos felizes, não estamos?

- Demais, Anthony acordou e...

Senti minhas vistas escurecerem e a inconsciência me levar.

- Marlon!

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora