Cap. 144

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Rodrigo Fontenelle

Saímos da casa do Apolo e fomos para a nossa. Marcela estava tremendo, tirei meu casaco e coloquei por cima dela.

- O que aconteceu lá? Fazia muito tempo que você não tinha uma crise.

- Foi o que a Mariana disse, estávamos conversando sobre as crianças, sobre o Gael e o Eduardo.

- Isso não te faria ter uma crise - Falei quando uma luz se acendeu na minha mente - Ah não ser que alguém tocou no assunto da...

- Eu preciso ver ela.

- Você contou?

- Não Rodrigo - Responde chorando - Eu lembrei, lembrei de tudo.

- Me desculpa - Falei abraçando ela - Me desculpa por tudo isso, por tudo que eu te fiz passar.

- Eu já te perdoei a muito tempo Rodrigo e eu quero ver ela.

- Tem certeza?

- Sim.

Liguei o carro e dei a volta pegando o caminho que ia para o cemitério. Antes de termos os gêmeos, Marcela acabou engravidando com 18 anos, era uma linda menina que com um aninho de idade descobrimos que ela tinha um grave problema de coração e faleceu dias depois.

Chegamos no cemitério, estacionei e caminhamos até o túmulo da nossa princesinha.

- Ela teria sido uma mulher linda - Disse baixo

- Seria igualzinho a você, perfeita, teimosa e uma mulher incrível.

- Você teria muito ciúmes dela, igual tem dos meninos.

- Nossa, eu usaria muito a minha arma pra ameaçar e até matar se fosse necessário.

- Rodrigo!

- É a verdade meu amor.

Meu celular começou a tocar, tirei do bolso para atender.

- Alô?

- Pai, eu e o Yan estamos aqui na frente de casa, onde vocês estão?

- Passamos em um lugar primeiro, mas já estamos indo pra casa, o Tiago tem uma chave, esperem a gente lá dentro.

- Tá bom.

Encerrei a ligação e guardei o celular de volta no bolso.

- Vamos amor, os meninos estão nos esperando e está muito frio pra você.

Voltamos para o carro e fomos para casa. Marcela estava um pouco melhor do que antes.

- Os meninos vão perguntar o que aconteceu, você sabe como eles são - Disse Marcela quando abri o portão da garagem

- Sou o único que consigo enrolar eles, deixa comigo.

- Você vai mentir Rodrigo, eu te conheço muito bem.

- Prefere que eles saibam da verdade?

- Será que já não está na hora de contar?

- Você que sabe meu amor, só não quero te ver mal de novo.

- Você ainda ama ela? Sente falta dela?

- Todos os dias Marcela, sempre vou amar a nossa filha.

Saímos do carro e entramos em casa. Pedro e o Yan estavam na sala, de pijamas, deitados um em cada sofá.

- O que é isso? Que folga é essa? - Perguntei colocando as chaves na mesinha de centro

- Vamos dormir aqui hoje.

- Tá, cadê a Manuela, o Renan e as crianças?

- A Manuela foi lá pra casa com o Pietro - Responde Pedro - O Yan e ela já iam lá antes de a gente decidir vir pra cá.

- Eu vou tomar um banho, você conversa com eles?

- Não quer estar junto? - Perguntei passando o braço pela cintura dela

- Não, estou cansada e com meus pés doendo.

- Tá, eu já subo lá.

- Tá bom.

Depois que ela subiu, fui até a cozinha, peguei uma cerveja e voltei para a sala.

- Conversar com a gente sobre o que? - Pergunta Pedro

- Eu vi vocês pegando uma direção oposta do caminho de casa - Disse Yan

- É por isso que vocês estão aqui? Querem controlar as nossas saídas? Vocês sabem que comigo isso não funciona.

- Só estamos preocupados, a mamãe teve uma crise de ansiedade, ela nunca teve uma crise de ansiedade.

- Toda vez que ela teve uma crise, vocês estavam dormindo, então é normal vocês acharem que ela não tem ansiedade.

- Normal pai? Nesses últimos dias a mamãe estava nervosa com qualquer coisinha, eu pedi a chave do carro e ela gritou comigo. - Disse Pedro

- Vocês vão ter que ter muita paciência com ela a partir de hoje, um aniversário importante está chegando e todo ano é sempre a mesma coisa, ela fica muito mal.

- Aniversário de quem? - Pergunta Yan - Estou ficando muito confuso pai.

- Antes de vocês, nós tivemos uma filha.

- Filha? Nós temos uma irmã? - Pergunta Pedro incrédulo - Onde ela está?

- Calma Pedro, deixa ele falar - Disse Yan

- Ela acabou falecendo com um ano de idade por causa de um problema de coração.

- Por que nunca contaram sobre ela pra gente? - Pergunta Pedro

- Porque nem eu e a sua mãe não podemos aproveitar nada com ela, todo dia estávamos indo para hospitais, gastando uma fortuna com remédios, consultas, exames, internações até o último dia de vida dela. Foi quando a Marcela começou a ter crises de ansiedade, estávamos exaustos, não dormíamos direito, é doloroso falar sobre ela e não desejo nem para o meu pior inimigo essa dor que sentimos.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora