Cap.41 (parte 1)

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Apolo Martins

Ter meu menino de volta em casa me deixa muito, muito feliz e tranquilo.

Renan não quis prestar queixa, disse que foi um acidente e mesmo eu sabendo que não, concordei com ele.

Eles não sabem, mas três vezes por semana vou visitar o Yan na clínica em que ele está internado e nessas três vezes, duas ele tem uma crise e pra acalma-lo uso o método da respiração e do mural de desenhos que a gente montou no quarto dele.

Hoje é o dia de visitar ele, eu sempre levo alguma coisinha, uma caixinha de chocolate, uma caixinha de lápis coloridos, um conjunto de caderninhos.

Mas hoje eu sai apressado da empresa e não pude comprar nada.

O pai dele que descobri se chamar Rodrigo estava me esperando na recepção.

Seus braços estavam arranhados e com certeza Yan teve uma crise.

- Que bom que vc chegou, achei que não viria mais.

- Eu prometi que viria e sempre vou vir. O que aconteceu com seus braços?

- Ele teve uma crise.

- Ele está bem?

- Um pouco mais calmo depois que ele extravasou a raiva que estava sentindo.

- Já pode receber visitas?

- Claro, ele estava perguntando de vc, vamos lá.

Ele me levou até o quarto onde Yan estava. Quando abriu a porta, ele parou o que estava fazendo e sorriu ao me ver.

- Eu vou ir pra casa tomar um banho, trocar de roupa e volto logo.

- Não precisa ter pressa.

- Obrigado.

Entrei no quarto, sentei na cadeira e ele olhou para minhas mãos.

- Saí apressado da empresa para não chegar atrasado e acabei não conseguindo comprar nada pra vc. Mas quando eu vier de novo, eu saio mais cedo e te trago um presente, pode ser?

- Sim.

- Vc quer alguma coisa em especial?

- Eu queria ver o Renan.

O pedido dele me pegou de surpresa, eu esperaria qualquer coisa menos isso.

- Vc quer ver meu filho?

- Sim.

- Por que Yan? - Perguntei sentando ao lado dele

- Eu só queria vê-lo, um pouquinho.

- Vc não vai ter outra crise se eu o trouxer aqui?

- Não, acho que vou ficar calminho.

- Primeiro eu vou conversar com ele, tá? Se ele concordar, amanhã eu trago ele. Se ele não concordar, não vou poder fazer nada. Vc entende isso?

- Sim, eu entendo.

- Ta bom. Vc está com os olhinhos pequenos e vermelhos, está com sono?

- Um pouco.

- Quer deitar?

- Quero.

Eu me levantei com ele, sentei na cadeira e ele deitou na cama.

- Meu pai vai voltar?

- Sim, ele vai voltar.

- Eu machuquei ele, machuquei meu pa... Pai.

Yan estava começando a ficar agitado e nervoso.

- O que vc vê no mural? - Perguntei rapidamente

Ele olhou para o mural mas ainda continuava nervoso e ofegante.

- Respira fundo e devagar. O que vc vê no mural?

- Uma casa, meu quarto, o jardim da minha casa, meu irmão Pedro.

Os olhos dele brilham toda vez que vê o desenho do irmão dele, sua respiração já estava mais controlada.

- Vc sente saudade dele?

- Sim, eu também queria ver ele, mas meu pai não deixa.

- Talvez quando vc melhorar, ele venha te visitar.

- É, acho que sim.

- Descansa garotão, vc vai se sentir melhor.

- Obrigado por vir me visitar.

- Virei sempre que puder.

Apaixonada por um homem mais velho. Onde histórias criam vida. Descubra agora